VOZÃO ENTRA NO G4 DE FORMA CATEGÓRICA E DEPENDE SÓ DELE PARA SUBIR
Com show de Saulo Mineiro, o Ceará goleou o Botafogo de Ribeirão Preto por 4 a 1 em pleno Estádio Santa Cruz e entrou de vez no G4 da Série B. Após um primeiro tempo relativamente equilibrado, o Vozão sobrou na segunda etapa com contra-ataques fulminantes e somou três pontos essenciais para continuar dependendo apenas dele para subir à elite do Brasileirão. O pantera, por sua vez, segue tendo de cuidar para não ser rebaixado após atuação caótica.
Com apenas a busca pelo acesso na cabeça, o Ceará começou a partida fazendo uma forte pressão, mesmo em Ribeirão Preto. Não deixou o mandante Botafogo sair para o jogo, marcando a saída de bola de forma intensa. Recuperava a posse e já procurava a área, com diagonais de Erick Pulga ou cruzamentos. Não houve nada muito bem elaborado, mas foram alguns escanteios consecutivos para o Vozão, com relativo perigo na área. Todavia, a bola não entrou. Mérito da zaga botafoguense que conseguiu resistir nos duelos aéreos.
Passados os cinco minutos de jogo, o tricolor respondeu. Nos cinco seguintes, quem fez pressão foi o Botafogo. E de forma muito semelhante, com bastante gente no campo de ataque e marcação adiantada. Também recuperou a bola na saída do Ceará e levou relativo perigo em cruzamentos e chutes de média distância. Da mesma forma não fez nada muito tramado, tem a característica de ser um time que simplifica, mas levou seu perigo em escanteios. Ainda assim, também como o Vozão, não se impôs. Ninguém aproveitou o momento de superioridade inicial.
A partir dos 10 minutos, a partida entrou em um roteiro regular que perdurou por todo o restante do primeiro tempo. Um cenário de troca de golpes em que o Ceará propunha com posse de bola e o Botafogo contra-atacava de forma vertical. Qualquer coisa poderia ter acontecido. O Vozão tentava chegar na área de forma construtiva, mas tinha pouca mobilidade para bagunçar o 4–5–1 do tricolor. Suas melhores ações aconteciam quando Erick Pulga ou Saulo Mineiro conseguiam arrastar a marcação pela beirada e cruzar ou fazer diagonais. Havia perigo. Do outro lado, o time de Ribeirão não tinha vergonha de fazer o simples. Era ligação direta para Alexandre Jesus, pivô e espera para que um dos pontas ajudasse a chegar na área ou chutasse de média distância. E quando havia um apoio mais consistente, era bola para a beirada e cruzamento. O alvinegro cearense não fazia uma marcação adiantada competente e permitia estas transições. Havia perigo também. Patrick Brey chegou a acertar uma bola no travessão para o Botafogo.
Contudo, quem está mais na defesa, como sempre se fala, está refém de qualquer erro. E Schappo errou. Em uma das diagonais de Saulo Mineiro, o zagueiro botafoguense perdeu o tempo da bola e cometeu um pênalti claro. Chance de ouro para o Vozão, que não desperdiçou. Aos 37 minutos, o próprio Saulo Mineiro cobrou e converteu a penalidade para abrir o placar. Após duelo equilibrado, o Ceará levou vantagem de um gol ao intervalo, até justa pela ligeira superioridade que teve.
No começo do segundo tempo, dentro do previsto, quem foi com tudo para cima foi o Botafogo de Ribeirão Preto. Repetiu aquele expediente de marcar de forma adiantada e procurar entrar na área com cruzamentos ou mesmo arriscar finalizações de média distância. Mas, diferentemente do tempo anterior, dessa vez obteve rápido sucesso. Em cobrança de falta de Patrick Brey, a zaga do Ceará afastou mal e a pelota sobrou nos pés de Gustavo Bochecha, que chutou bem de primeira para empatar a partida já no segundo minuto da etapa final. Um descuido do Vozão e o tricolor “voltou para o jogo”.
Após o empate, o Botafogo seguiu tentando propor o jogo com a posse de bola no campo de ataque. Todavia, o efeito foi diferente do imaginado. Sem a mobilidade necessária para construir jogadas e com o distanciamento em campo, o tricolor não só deixava de criar, como entregava as pelotas que o Ceará sonhava para escapar em contra-ataques rápidos. Assim, já aos cinco minutos, Saulo Mineiro recebeu uma bola longa, explorou as costas da defesa adiantada do time da casa, veio da direita para o meio e chutou muito bem de média distância para recolocar o Vozão na frente. E o pantera sentiu tanto emocionalmente o gol que cometeu um vacilo quase idêntico apenas dois minutos depois. Aos sete, foi a vez de Saulo Mineiro aparecer do lado esquerdo para cruzar e o artilheiro Erick Pulga também deixar o dele. Apagão geral da defesa botafoguense. E Victor Souza poderia ter feito coisa melhor na finalização fraca do atacante alvinegro. Sobretudo, com dois gols rápidos em transições letais, o Ceará encaminhou a vitória pouco depois de ter levado um susto com o empate. Maturidade de quem só pensava no G4.
Com dois gols de desvantagem, o Botafogo não se viu com outra alternativa que não ficar com a bola e tentar buscar o empate se impondo. Contudo, já sabemos como havia se saído o pantera nesse cenário. Márcio Zanardi até fez trocas mais ofensivas, mas o time seguiu com a mesma previsibilidade. Distante, lento, dependente de cruzamentos que nem conseguia chegar perto da área para fazer. O Vozão não teve dificuldade para anular o adversário com seu 4–4–2 defensivo bem simples. Bloqueou os espaços necessários e se impôs nos duelos individuais. Além disso, acumulou transições perigosas. Já havia visto nos minutos iniciais como contra-atacar era produtivo. E com o tricolor ainda mais exposto, mais promissor ainda. Erick Pulga perdeu uma chance clara aos 17 minutos em um contragolpe de três atacantes contra um defensor, mas o iluminado Saulo Mineiro em mais uma arrancada apenas três minutinhos depois. Virou goleada. Jogo morto de vez. Ceará imponente.
Depois que virou goleada, o Botafogo se desmotivou e desistiu de vez do jogo. Se conformou com a derrota e nem mesmo tentou mais manter a posse de bola para procurar uma reação. Deu a pelota ao Ceará, que pôde administrar a vantagem com tranquilidade em passes cadenciados, horizontais, muitas vezes entre os zagueiros. O Vozão, talvez por piedade, talvez para não se desgastar fisicamente para a sequência, nem tentou mais algo muito incisivo para fazer o quinto gol. Teve estocadas esporádicas com um Saulo Mineiro que não conseguia se conter, mas o time de modo geral “tirou o pé”. Tanto que nos minutos finais, após as trocas, até devolveu a pelota para o tricolor de Ribeirão Preto. Mas nada aconteceu, porque o time da casa nem sabia mais o que fazer com ela, com os mesmos problemas táticos de antes, mas agora sem ânimo. Quem quase ampliou, de novo em contragolpes, foi o próprio alvinegro cearense. Mas ficou mesmo como estava. 4 a 1.
Sem surpresas, o melhor time venceu. O jogo até chegou a ser relativamente equilibrado no primeiro tempo na questão de chegadas de perigo no ataque, mas o Ceará sempre se mostrou muito mais time na questão estrutural e do ponto de vista individual. Quando o adversário vacilou, o Vozão deu show em contra-ataques altamente dinâmicos. Saulo Mineiro, com três gols e uma assistência, teve uma performance memorável que pode entrar na história alvinegra em caso de acesso. Em decisões, uma performance individual assim, além do caráter maduro da equipe em si, que foi consistente e eficiente, faz toda a diferença. O Ceará sobra e se aproxima do acesso. O Botafogo não se encontra e ainda precisa olhar para o Z4. Contraste.
BOTAFOGO-SP: O Botafogo tentou competir, mas esbarrou em suas próprias limitações e ruiu em campo. Chegou a equilibrar o jogo com sua postura reativa no primeiro tempo, mas teve erros bobos, saiu em desvantagem e colapsou no segundo quando precisou sair mais para o ataque com a posse de bola. Uma equipe distante, sem uma organização propícia para criar jogadas, dependente de cruzamentos e bolas paradas. E que recompõe mal, lento, com a cobertura até sendo esforçada, mas muito fraca tecnicamente para ser capaz de ter eficiência mesmo sobrecarregada. Isto sem falar no mental frágil que fez com que o time levasse dois gols em três minutos logo após empatar quase aleatoriamente na etapa final. Uma soma de defeitos táticos, técnicos e emocionais que levou o pantera a uma amarga goleada sofrida dentro de casa. 4 a 1 para o Ceará em pleno Estádio Santa Cruz. Chance perdida pelo tricolor de praticamente garantir a permanência na Série B. Agora, com o revés, o 14º lugar e a distância de quatro pontos para a zona de rebaixamento, o Botafogo terá que ficar de olho na degola nas duas últimas rodadas. Enfrenta adversários sem objetivos, o que pode facilitar, mas tem que manter o alerta ligado. Ainda não está salvo.
CEARÁ: O Vozão tem crescido de forma grandiosa na reta final da Série B e está colhendo os resultados. Dos últimos dez jogos que disputou, venceu sete. Arrancada e consistência impressionantes. Hoje buscou uma super vitória de goleada fora de casa com muita personalidade. Se impôs quando o jogo estava equilibrado, mais organizado que o adversário, e deu espetáculo quando foi claramente superior, defendendo bem e contra-atacando com brilhantismo. Nem mesmo quando chegou a levar o empate se abalou, imediatamente fez dois gols que encaminharam o triunfo. Inquestionável. O Ceará entra merecidamente no G4. Enquanto o Sport vacilou diversas vezes, o alvinegro cearense teve o caráter necessário nos momentos decisivos. Pegou um Botafogo de Ribeirão Preto também desesperado, mas não sentiu nada e aplicou 4 a 1 mesmo como visitante. Agora com o quarto lugar, o Vozão só depende dele nas duas últimas rodadas para garantir o acesso à elite do Brasileirão. Com o que tem jogado e tabela que tem, além do rendimento dos concorrentes, tem muito com que sonhar.
ARBITRAGEM: Um árbitro de elite do futebol brasileiro foi escalado com a missão de fazer um jogo seguro e não decepcionou. Bruno Arleu de Araújo acertou em não dar pênalti para o Botafogo em bola que bateu no corpo e depois na mão de David Ricardo, marcou bem a penalidade para o Ceará em coice de Schappo na canela de Saulo Mineiro e deixou o jogo rolar bem, sem marcar faltinhas bobas e distribuir cartões amarelos a rodo. Com a ajuda dos auxiliares, todos os gols foram bem anulados e a arbitragem não interferiu praticamente em nada no andar da carruagem. Bacana.
FICHA TÉCNICA:
🗒️ BOTAFOGO-SP: Victor Souza; Ericson, Fábio Sanches, Schappo e Patrick Brey (Toró); Bochecha, Emerson Ramon (Alex Sandro) e Carlos Manuel; Sabit Abdulai (Bruno Marques), Douglas Baggio (Jean Victor) e Alexandre Jesus (João Costa). Técnico: Márcio Zanardi.
🗒️ CEARÁ: Bruno Ferreira; Rafael Ramos (Raí Ramos), João Pedro (Ramon Menezes), David Ricardo e Mugni; Matheus Bahia, Richardson (Andrey), De Lucca, Saulo Mineiro e Erick Pulga (Talisson); Aylon (Lucas Rian). Técnico: Léo Condé.
⚽ Gols: Bochecha (Botafogo-SP) | Saulo Mineiro [3×] e Erick Pulga (Ceará)
👟 Assistências: Fábio Sanches (Botafogo-SP) | David Ricardo, Saulo Mineiro e Richardson (Ceará)
🟡 Cartões amarelos: Schappo (Botafogo-SP) | Mugni (Ceará)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨⚖️ Árbitro: Bruno Arleu de Araújo (Rio de Janeiro)
🏟️ Local: Estádio Santa Cruz, Ribeirão Preto-SP