VITÓRIA DA ESTRATÉGIA

Jonathan da Silva
5 min readApr 18, 2024

--

Em noite de estratégia eficiente, o Internacional venceu o Palmeiras na Arena Barueri por 1 a 0 pela segunda rodada do Brasileirão. Em um jogo de pouca inspiração do alviverde paulista, o colorado apresentou bom controle defensivo e contra-ataques produtivos. Apesar da ampla posse de bola palmeirense, foi o próprio Inter quem teve mais chances claras de gol na partida.

Os primeiros vinte minutos de jogo foram de muito equilíbrio. Os dois times entraram em campo com formações táticas diferentes das habituais. O Palmeiras, sem três zagueiros, adotou um 4–2–3–1 com Endrick vindo da ponta para dentro e Mayke como lateral direito, não ala. O Inter também veio neste esquema tático, com Maurício como meia central e Wesley e Wanderson nas pontas. O alviverde tomou a iniciativa com a bola, mas sem grande intensidade para esboçar uma pressão inicial. O colorado também não pressionou, mas teve consistência na recuperação de bola no campo defensivo, equilibrou a posse e conseguiu alguns contra-ataques promissores que não terminaram bem.

Aos 20 minutos, a primeira chance clara de gol do jogo veio para o Internacional. Em jogada bem trabalhada, o colorado entrou na área com Wesley, que foi derrubado por Gustavo Gómez. Pênalti claro. No entanto, Rafael Santos Borré desperdiçou a cobrança. Isolou. Perdeu mais um gol. Não conseguiu desencantar. E a penalidade perdida trouxe nova mudança de cenário no jogo. O Palmeiras passou a ter controle das ações por quase que o restante da etapa inicial. Dominou a posse de bola, mas não teve dinamismo para converter isso em chances de gol. Teve apenas uma oportunidade realmente boa, em finalização de Veiga após bela jogada de Endrick e Lázaro. Mas coletivamente o alviverde esteve muito parado, até relativamente apático, dependendo claramente das jogadas individuais de Endrick. O colorado, mesmo com o recuo após a chance desperdiçada, não sofreu realmente com as chegadas palmeirenses.

Vivo, o Inter resolveu ser agressivo nos últimos minutos do primeiro tempo. Intensificou e adiantou a pressão na marcação. Viu que o Palmeiras estava vagaroso com a bola e acreditou que poderia aproveitar. Foi assim que, aos 44 minutos, Borré roubou bola de Piquerez perto da área, conduziu e tocou para Wesley livre, que finalizou bem, cruzado, e abriu o placar para o colorado. Poucos minutos depois, em mais uma jogada rápida, Wanderson cruzou e Borré perdeu chance clara de cabeça, livre na área. O Palmeiras realmente estava com dificuldades para se concentrar e ser intenso. O Inter aproveitou e foi ao intervalo com vantagem no placar e mais chances de gol criadas que o próprio time da casa, que teve maior posse de bola.

O segundo tempo teve um cenário só: o Palmeiras tentou atacar e o Inter defendeu com segurança. O alviverde até aumentou sua intensidade, mas muito mais sem a bola do que com ela. A equipe de Abel Ferreira melhorou a marcação adiantada e foi efetiva na cobertura defensiva, o que fez com que quase não sofresse contra-ataques. O colorado, muito atrás, não conseguiu, com apenas dois ou três homens no apoio, incomodar a defesa palmeirense. No entanto, faltou fluência para o Palestra ao ter a bola. Apesar de mais pegada, a movimentação continuou dentro do previsível. O que mudou foi que mais gente pisou na área, inclusive Gustavo Gómez que virou centroavante na reta final do jogo. No entanto, Eduardo Coudet deu uma resposta e colocou Robert Renan em campo para ficar com três zagueiros, além de Igor Gomes na lateral direita para reforçar a marcação e a bola aérea. Também com bastante gente na área e em um 5–4–1, o colorado não sofreu. Rochet não fez nenhuma defesa difícil. Mesmo com amplo domínio da posse de bola, o Palmeiras não foi criativo. Continuou dependente de jogadas individuais de Endrick e naquele momento também de Estevão, além dos sempre tentados cruzamentos. Mas hoje não se impôs apenas a partir disso porque o Inter se planejou bem para neutralizar estes fatores.

O Inter venceu pela eficiência de sua estratégia e pela vantagem clara na intensidade. O Palmeiras demorou a entrar em um ritmo condizente com a dificuldade da partida e em momento algum foi dinâmico e criativo com a bola nos pés. O colorado defendeu bem e foi letal nos contra-ataques que teve no primeiro tempo, inclusive perdendo chances claras para até vencer por mais. Em um confronto de times que podem brigar pelo título, deu Inter.

PALMEIRAS: O Palmeiras não jogou bem. Teve graves vacilos defensivos, se movimentou menos do que o necessário, criou pouco e não conseguiu sair do zero. Foi controlado pelo Internacional e mereceu a derrota. É a primeira vez que o time de Abel Ferreira perde como mandante no ano. E com tão pouca inspiração e clara apatia, não poderia ter sido diferente.

INTER: Vitória na conta do repertório tático. Diferente do habitual, o Inter teve menos posse de bola que o adversário. Sequer jogou no 4–1–3–2, mas sim em um 4–2–3–1 que virava 4–5–1 sem a bola. Jogou mais recuado, apostando em transições. E no segundo tempo, já no 5–4–1, recordou o duelo contra o Bolívar em La Paz e fez uma retranca muito eficiente. Portanto, o time de Chacho Coudet defendeu bem e teve os contra-ataques que precisava, inclusive terminando o jogo com mais chances claras de gol que o Palmeiras. O Inter mantém os 100% de aproveitamento no Brasileirão com esta grande vitória fora de casa. Apenas o colorado e o Flamengo já somam seis pontos no campeonato.

ARBITRAGEM: Atuação positiva da equipe arbitral comandada pelo paranaense Lucas Paulo Torezin. Apesar dos demasiados acréscimos para um jogo que ele próprio deixou a bola rolar bastante, ele foi preciso nas decisões importantes. O pênalti para o Inter foi claro em pontapé de Gustavo Gómez sobre Wesley, o gol colorado foi legal, sem impedimento, e o lance de penalidade pedida pelo Palmeiras realmente não aconteceu já que a bola pega no quadril de Vitão, não no braço.

FICHA TÉCNICA:
🗒️ PALMEIRAS: Weverton; Mayke (Marcos Rocha), Gustavo Gómez, Murilo e Piquerez; Aníbal Moreno, Richard Ríos (Gabriel Menino), Raphael Veiga (Rômulo), Endrick e Lázaro (Rony); Flaco López (Estevão). Técnico: Abel Ferreira.
🗒️ INTER: Rochet; Bustos (Igor Gomes), Vitão, Mercado e Renê; Thiago Maia, Bruno Henrique (Rômulo), Maurício (Lucca), Wesley (Robert Renan) e Wanderson (Gustavo Prado); Borré. Técnico: Eduardo Coudet.
⚽ Gol: Wesley (Inter)
👟 Assistência: Borré (Inter)
🟡 Cartões amarelos: Flaco López e Aníbal Moreno (Palmeiras) | Borré, Mercado, Wesley e Renê (Inter)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨‍⚖️ Árbitro: Lucas Paulo Torezin (Paraná)
🏟️ Local: Arena Barueri, Barueri-SP

BOLA DE OURO DO JOGO: Wesley/Inter | FOTO: Ricardo Duarte/Sport Club Internacional

--

--

Jonathan da Silva
Jonathan da Silva

Written by Jonathan da Silva

A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

No responses yet