VITÓRIA JUSTÍSSIMA DO MELHOR TIME GAÚCHO NA ATUALIDADE

Jonathan da Silva
8 min readJul 11, 2024

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Melhor time do Rio Grande do Sul no momento, o Juventude venceu o Internacional por 2 a 1 dentro do Beira-Rio pela ida da terceira fase da Copa do Brasil. A equipe de Roger Machado amarrou a de Eduardo Coudet, teve mais e melhores chances de gol, e venceu com total mérito. Com a partida de volta sendo no Alferdo Jaconi, o papo já coloca um pé nas oitavas de final. O colorado, por sua vez, se aproxima de mais um fracasso retumbante na copa nacional.

Os cinco primeiros minutos de jogo no Beira-Rio foram de muito estudo dos dois lados, ainda que com algumas características que relembraram o duelo da semifinal do Gauchão. Ninguém pressionou na marcação, ninguém se lançou ao ataque. A posse era dividida e trocada a cada lance. O aspecto tático mais visível era o posicionamento dos jogadores mais adiantados do Juventude, que novamente bloqueavam as linhas de passe do Internacional na saída de bola, como nos confrontos anteriores. Novamente faltou movimentação e intensidade ao colorado para naquele momento superar isto e avançar no campo. Em consequência, não fez o famoso abafa inicial tão desejado e até visto contra o Vasco na derrota de domingo.

A partir do sexto minuto, o Internacional mudou de postura. Tomou a iniciativa. Se mexeu mais. Viabilizou a saída de bola. Passou a marcar alto. Com isso, o Juventude retrocedeu. Passou a ficar próximo da própria área no tradicional 4–4–2. Virou um ataque contra defesa naquele momento. No entanto, assim como no jogo anterior, o colorado rondou muito a área, mas entrou pouco nela. Além disso, o papo não deu os mesmos espaços que o Vasco entre as linhas. Apesar de estar próximo, as únicas ferramentas tentadas pelo time de Coudet para infiltrações foram cruzamentos e jogadas individuais de Wanderson. Com a forte presença de área do Ju e a baixíssima do Inter, obviamente a primeira opção não deu em nada, nem mesmo nas sobras. A segunda alternativa até foi produtiva, mas uma andorinha só não fez verão. De novo faltou capacidade de imposição ao colorado, ainda que tenha levado certo perigo pela insistência e pequenos desencaixes do time serrano.

No entanto, uma coisa sempre esteve na mente do Juventude mesmo em um cenário pouco confortável de retração: o contra-ataque. Com o Internacional inteiro no campo de ataque, havia o espaço tão sonhado para a já conhecida transição rápida do time jaconero. No entanto, a marcação alta vermelha vinha se impondo e matando as jogadas na origem. Ainda assim, o papo não foi inofensivo. Pelo contrário, foi do próprio Juventude a primeira grande chance do jogo, aos dez minutos, em escapada de João Lucas pela direita. No lance, a linha defensiva colorada até recompôs inteiramente, mas olhou apenas a bola e deixou Erick Farias entrar livre nas costas para finalizar. Para a sorte dos mandantes, o ponta alviverde furou e perdeu a chance. Todavia, aos 35 minutos, outra brecha apareceu. Desta vez pela esquerda, o próprio Erick recebeu enfiada de Alan Ruschel, infiltrou nas costas de Bustos e cruzou para Gilberto, que finalizou livre na pequena área e não desperdiçou. Lance com muitas semelhanças ao outro. Novamente os defensores colorados até voltaram para defender em boas condições numéricas, mas concentraram no setor da bola e deixaram o atacante adversário chutar tranquilo. Faltou, além de melhor interpretação da zaga, apoio da segunda linha de marcação. O Juventude, eficiente que é, não quis saber e abriu o placar dentro do Beira-Rio.

Do gol alviverde ao fim do primeiro tempo, não aconteceu mais nada de relevante. Por um lado, o Juventude melhorou ainda mais a proteção da área, com maior compactação, sempre com mais de um jogador no combate ao portador da bola. Por outro, o mental colorado foi para o espaço de novo. O que já era pouco dinâmico e muito dependente de ações individuais virou um chuveirinho de vez. Totalmente fora do que a situação pedia. O que surpreendeu foi o Inter ter conseguido seguir marcando alto e não ter levado outro contra-ataque fatal ainda antes do intervalo. Mas não esboçou qualquer reação. Vantagem justa do Juventude no intervalo não porque foi superior, teve melhor postura ou criou mais, mas porque foi mais eficiente e aproveitou muito mais do cenário de jogo, reconhecidamente favorável a ele desde o Gauchão.

O segundo tempo foi um amasso do Juventude. O time jaconero fez o que quis com o Internacional. A discrepância fez o papo até parecer ineficiente por não ter goleado, pois foi muito superior. O colorado até teve mais a bola, mas virou de vez um nada em campo. Um monte de gente se movimentando sem coordenação, sem aproximação. A opção por um chuveirinho na área que fazia muito feliz a defesa alviverde. E, o pior de tudo, o time de Coudet esteve sem qualquer pegada. Mesmo adiantado no campo, não teve qualquer eficiência na marcação alta. E tudo isso sem Eduardo Coudet ensaiar uma troca estrutural para mudar o panorama, apenas colocando Alario na área para reforçar o “cruzamentobol” improdutivo. O Inter deu todas as brechas que o papo precisava. Em função disso, foram constantes e perigosíssimos os contra-ataques do Juventude. Naquele momento, até mesmo em igualdade ou superioridade numérica sobre a defesa vermelha. Sempre explorando os pivôs de Gilberto e as subidas dos pontas nas costas dos laterais. Foram várias chances claras e até um pênalti perdido pelo centroavante jaconero. Um acidente do futebol o time de Roger Machado não ter ampliado o placar.

E mais peculiar ainda foi que, mesmo com toda a superioridade alviverde, quem fez o gol seguinte do jogo foi o Internacional. Sem produzir nada coletivamente, nem mesmo reagindo após Anthoni defender um pênalti, o colorado achou um gol na base do talento individual, único ponto em que supera o adversário mesmo nesse caos. Alan Patrick tirou da cartola uma enfiada após finta na marcação e deu a bola para Enner Valencia empatar o jogo. Mas a alegria durou pouco, com justiça. Porque o Juventude seguiu contra-atacando com perigo enquanto o time de Coudet buscava a virada no desespero. Em meio a isso, o papo merecidamente conseguiu o tento da vitória aos 48 minutos do segundo tempo. Novamente pela esquerda, às costas de Bustos, mas desta vez com Taliari. O atacante chegou ao fundo e cruzou para alguém chegar de trás, com liberdade, finalizando. Foi o volante Luís Oyama, homem surpresa, que naturalmente não foi acompanhado pelos meias do Inter ou pelos zagueiros da cobertura. Finalizou com toda tranquilidade do mundo. Não deu chances a Anthoni. Botou fogo no Beira-Rio.

A vitória do Juventude foi mais do que merecida. Foi inquestionável. O papo foi muito superior ao Internacional. O que se viu no segundo tempo do Beira-Rio foi um amasso jaconero. Cada ataque alviverde era uma chance de gol. Sem fôlego, organização ou cabeça, o colorado estava perdido em campo, refém. O time de Roger Machado foi muito feliz na proposta reativa. Fez quase tudo certo. Só pecou em várias finalizações, inclusive em um pênalti, e perdeu a chance de golear e matar de vez a série. Ainda assim, leva importante vantagem para decidir dentro de casa. Mundo dos sonhos. E com a crise no rival, é impossível o Juventude já não pensar nas oitavas de final da Copa do Brasil. É o melhor time do Rio Grande do Sul na atualidade. Enquanto a dupla Gre-Nal vive um caos, o Papo, que foi menos afetado pelas enchentes e tem um trabalho sólido do treinador, é o único clube gaúcho da Copa do Brasil e da Série A do Brasileirão a sorrir à toa.

INTER: O Inter ruiu de vez. A era Eduardo Coudet acabou. A atuação contra o Juventude foi abaixo do ridículo. Com a bola, zero dinamismo e um chuveirinho absurdamente burro diante da parede feita pelo adversário na entrada da área. Sem a pelota, muito pouca pegada para quem buscava marcar alto e chances cedidas ao adversário em todos os contra-ataques. Ninguém sabia o que fazer ao perder a bola. O rendimento, em especial o do segundo tempo, era não apenas para perder, mas para ser goleado. Quase ter conseguido o empate seria um lucro tremendo. Mas sorte não é algo que anda ao lado do Inter. Ainda mais com tanta incompetência. A desvantagem é grande. A classificação para as oitavas, improvável. Mais uma vez o clube está próximo de uma queda precoce e um fracasso retumbante na Copa do Brasil. O técnico caiu. Uma revolução não só na casamata se faz necessária. Ou as chances de título em 2024 acabam ainda em julho. E a temporada pode ter final trágico.

JUVENTUDE: O Juventude foi extremamente eficaz no que se propôs a fazer no Beira-Rio. Ainda mais do que naquela semifinal de Gauchão. O time de Roger Machado deu aula de postura reativa, principalmente no segundo tempo. A marcação esteve compacta, aguerrida e encaixada. O papo não deu espaços para o Internacional infiltrar de maneira simples. E nunca perdeu a segunda bola. Com a posse, uma objetividade muito bem executava. Passes rápidos, lançamentos precisos, movimentos inteligentes e velocidade para explorar espaços. O papo conseguiu escapadas nas costas dos laterais colorados o tempo todo. E sempre teve também gente chegando livre de trás para finalizar. Se tivesse sido um pouco mais competente nas conclusões, teria goleado em pleno estádio rival. Mas os 2 a 1 já trazem muita alegria ao torcedor jaconero. Poder até empatar dentro do Alfredo Jaconi é uma grande vantagem para o Juventude. O time de Roger Machado está merecidamente com um pé nas oitavas de final da Copa do Brasil.

ARBITRAGEM: A equipe comandada pelo árbitro Flávio Rodrigues de Souza, da FIFA, foi muito segura no Beira-Rio. Mostrou critério nos cartões, ainda que tenha exibido apenas para um lado. Acertou em todos os lances decisivos: pênalti cometido por Vitão, gol anulado de Gilberto, tento validado de Enner Valencia e penalidades máximas corretamente não marcadas para o Internacional. Pode ter demorado em algumas decisões, mas não errou em nenhuma.

FICHA TÉCNICA:
🗒️ INTER: Anthoni; Bustos, Vitão, Mercado e Robert Renan; Fernando, Bruno Henrique (Bruno Gomes), Wesley (Gustavo Prado) e Wanderson (Alario); Alan Patrick e Enner Valencia. Técnico: Eduardo Coudet.
🗒️ JUVENTUDE: Gabriel Vasconcelos; João Lucas, Abner, Rodrigo Sam e Alan Ruschel; Jadson (Luís Oyama), Caíque, Jean Carlos (Mandaca), Lucas Barbosa (Ewerthon) e Erick Farias; Gilberto (Gabriel Taliari). Técnico: Roger Machado.
⚽ Gols: Enner Valencia (Inter) | Gilberto e Luís Oyama (Juventude)
👟 Assistências: Alan Patrick (Inter) | Erick Farias e Gabriel Taliari (Juventude)
🟡 Cartões amarelos: Rodrigo Sam, Alan Ruschel, Jadson, Gilberto, Lucas Barbosa e Abner (Juventude)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨‍⚖️ Árbitro: Flávio Rodrigues de Souza (São Paulo)
🏟️ Local: Estádio Beira-Rio, Porto Alegre-RS

BOLA DE OURO DO JOGO: João Lucas/Juventude | FOTO: E.C. Juventude/Reprodução

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Jonathan da Silva
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Written by Jonathan da Silva

A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

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