TIMÃO FAZ O DEVER DE CASA E SEGUE EM ALTA NO BRASILEIRÃO
O Corinthians foi claramente superior ao Cruzeiro e se impôs por 2 a 1 em Itaquera pela 34ª rodada do Brasileirão 2024. O timão teve um começo avassalador, abriu dois gols de vantagem ainda cedo e, mesmo diminuindo o ritmo no decorrer do jogo, não teve dificuldades para sustentar a vitória. Lento e improdutivo, o time reserva da raposa até conseguiu achar um tento de desconto, mas não passou nem perto do empate, sem criar uma chance de perigo durante todo o segundo tempo. Com isso, o alvinegro segue subindo na tabela e o cabuloso, estacionado.
A primeira metade do primeiro tempo foi de um Corinthians avassalador em Itaquera. Com uma postura extremamente agressiva, o time de Ramón Díaz colocou o Cruzeiro na roda. Sem a bola, a equipe alvinegra fez uma marcação alta muito intensa e efetiva, com bastante gente para incomodar a saída de bola cruzeirense, que tentava executar o modo Diniz, mas não tinha dinâmica para avançar e entregava a posse ao conjunto paulista. Ao ter a bola, a objetividade era a marca corintiana. Com o adversário bagunçado ao perder a bola, o Corinthians se movimentava bem nos espaços e chegava na área com poucos passes, mas bastante gente. O trio ofensivo se encontrava com facilidade. A raposa não conseguia nem fazer uma pressão pós-perda decente ou recompor com segurança. O Corinthians fez a festa. Em cruzamentos, enfiadas, diagonais, inversões e tabelas, acumulou pelo menos cinco chances claras de gol. Poderia ter aberto uma goleada tamanha era a superioridade naquele momento. Mas ficou nos dois gols marcados, um com o craque Memphis Depay, da entrada da área, aos dez minutos e outro com o artilheiro Yuri, em chute desviado, aos 15.
Nas proximidades dos 20 minutos, o timão reduziu a pegada e permitiu que o Cruzeiro finalmente saísse mais para o campo de ataque com a bola nos pés. Mas o jogo passou longe de ter alguma grande reviravolta em termos de superioridade. Apesar de ter a posse, o cabuloso não foi realmente criativo ou perigoso. Até tentava fazer o padrão Diniz de se aproximar por um lado e usar o outro para chegar na área, mas tinha zero profundidade no setor oposto da bola e era bem-marcado pelo Corinthians no espaço em que a tinha. O maior mérito cruzeirense neste panorama foi em conseguir diminuir os ataques corintianos com esta maior retenção da pelota e recuperações mais longe da própria área. Contudo, a cara da partida indicava uma ida ao intervalo no 2 a 0, porque absolutamente nada acontecia, nem o gavião, nem a raposa atacavam com contundência. Mas aos 34 minutos, em chute fortuito de Kaiki Bruno de longe, a bola desviou nas costas de André Ramalho e traiu Hugo Souza, que não conseguiu evitar o gol de desconto do Cruzeiro. Apesar de não se defender mal, o timão pagou pelo recuo demasiado e até por certa passividade ao não tentar ser realmente ativo. E com apenas um gol de diferença, o jogo foi “vivo” ao intervalo.
Mas vida é o que não tece o segundo tempo, que foi morto. Praticamente não houve futebol na etapa final. Boas jogadas e chances perigosas de gol foram coisas escassas no segundo tempo e as poucas ainda foram do Corinthians, que já tinha a vantagem. O Cruzeiro até tomou a iniciativa com a bola, mas em nada evoluiu em relação ao tempo anterior. Pelo contrário, regrediu, pois nem fazia mais as aproximações para procurar inversões. Basicamente ficou alinhado na intermediária, sem velocidade na troca de passes, sem uma movimentação fora do previsível, sem inspiração individual, sem profundidade, sem nada. Nem as trocas de Diniz mudaram algo. A raposa não teve uma chance de gol. Não chega a ser surpreendente para um time reserva, mas reflete o estado pouco dinâmico em que se encontra o cabuloso neste momento. Depende muito das individualidades que hoje não jogaram.
Mérito corintiano, que se favorecia deste cenário e jogou mesmo para isso. Marcou bem no 4–4–2, compacto, bem encaixado, concentrado. Não cometeu nenhum erro defensivo grave e matou tempo com a posse de bola em diversos momentos, tanto que teve 45% no total, mesmo focado em administrar. O que poderia ter feito mais era procurar mais contra-ataques para matar o jogo, mas explorou pouco, seja pelo desgaste ou por proteção defensiva mesmo. Ainda assim foi quem teve as chegadas mais perigosas da etapa, usando as entrelinhas abertas do Cruzeiro, com direito a bola na trave de Memphis. Mas no total do segundo tempo foram apenas quatro finalizações alvinegras e duas celestes. Quase nada. Foi quase uma procissão à confirmação do resultado parcial da primeira etapa. Consumado o triunfo do Corinthians.
O resultado em Itaquera é o único possível e era previsível. O timão jogava uma partida decisiva, com intensidade, concentração e time completo. Queria se afastar de vez da zona de rebaixamento e se consolidar na briga por uma vaga na Libertadores. A raposa, com equipe reserva, até queria melhorar sua situação na tabela, mas não escondia o foco na final da Sul-Americana. Fazia só mais uma partida obrigatória, não algo realmente relevante. As posturas se refletiram no que foi o jogo, quase inteiramente controlado pelo Corinthians. O placar mínimo é enganoso, o time da casa acumulou chances de gol, enquanto o visitante mal sabe como achou o seu. Mas o resultado reflete quem foi superior. Deu o óbvio.
CORINTHIANS: Foi uma vitória segura do Corinthians. Mais magra do que poderia ser, mas extremamente importante para o campeonato. Com momentos de brilhantismo e uma administração sólida de vantagem, quase sem percalços. Os primeiros vinte minutos foram de um nível altíssimo. Marcação alta, intensidade, movimentação, repertório de jogadas e muitas chances de perigo. Dois gols foram até pouco pela produtividade. No restante, o foco esteve em apenas segurar a vantagem, com variação entre momentos bem postado na defesa e outros segurando a posse. Mesmo assim, ainda teve mais e melhores chances que o adversário, desperdiçando novamente a chance de golear ou matar o jogo ainda mais cedo. Por um descuido no primeiro tempo, sofreu um golzinho que manteve a incerteza do resultado até o final. Mas em momento algum o timão realmente sofreu. Conquista a quinta vitória consecutiva no Brasileirão com méritos. Segue subindo na tabela e ocupa momentaneamente a nona posição, o que pode no futuro representar vaga na Libertadores. Em pouco tempo, com a evolução no rendimento, o Corinthians sai completamente da briga contra o rebaixamento e se permite sonhar com vaga na maior competição do continente. Agora os resultados refletem o elenco que o clube tem.
CRUZEIRO: Fernando Diniz escalou um time reserva de forma compreensível pelo foco na final da Copa Sul-Americana e pagou o preço, como esperado. Mais uma vez a equipe alternativa do Cruzeiro foi muito pouco competitiva, tal qual naquele jogo contra o Athletico Paranaense, ainda que hoje não tenha sido goleada. Na defesa, apresentou vários buracos, recompôs mal, não encaixou as coberturas e acumulou erros de saída de bola. No meio-campo, não soube levar as jogadas para um lado para explorar espaços no outro, sem boa circulação de bola e ultrapassagens no setor oposto. Por isso, praticamente não teve ataque. Achou um gol quase sem saber como, mas não criou uma chance de perigo sequer no jogo todo. Extremamente previsível. Uma derrota óbvia. Com fragilidade em todos os setores, era muito improvável que o Cruzeiro não saísse de Itaquera derrotado. E com o revés, segue estacionado no sétimo lugar do Brasileirão e pode até cair de posição. Mas é um risco que Diniz aceita correr, pois tem a grande final da Copa Sul-Americana já no sábado contra o Racing. Este é o jogo do ano, o que realmente importa para a torcida cruzeirense. Claro que ninguém gosta de perder, mas o resultado de hoje fica em segundo plano para o real foco da raposa no restante da temporada. Caso as coisas não deem certo, aí sim, a liga nacional volta a ser prioridade.
ARBITRAGEM: O gaúcho Jonathan Pinheiro fez um jogo seguro em Itaquera. Validou bem os gols, não precisou tomar decisões polêmicas, não inventou nada. Poderia ter sido mais coerente nos critérios de marcação de falta, mas não comprometeu com isso. Jogo discreto da arbitragem, o que é positivo.
FICHA TÉCNICA:
🗒️ CORINTHIANS: Hugo Souza; Matheuzinho, André Ramalho, Gustavo Henrique e Matheus Bidu; Raniele (Alex Santana), André Carrillo (Charles), Breno Bidon (Coronado) e Garro; Memphis Depay (Pedro Raul) e Yuri Alberto (Talles Magno). Técnico: Ramón Díaz.
🗒️ CRUZEIRO: Anderson; Wesley Gasolina (Kenji), Jonathan Jesus, Zé Ivaldo e Kaiki Bruno; Lucas Silva (Lucas Romero), Peralta (Walace), Mateus Vital (Japa), Ramiro e Barreal (Matheus Henrique); Lautaro Díaz. Técnico: Fernando Diniz.
⚽ Gols: Memphis Depay e Yuri Alberto (Corinthians) | Kaiki Bruno (Cruzeiro)
👟 Assistências: André Ramalho (Corinthians) | Mateus Vital (Cruzeiro)
🟡 Cartões amarelos: André Ramalho, André Carrillo e Memphis Depay (Corinthians) | Kaiki Bruno, Lucas Silva e Ramiro (Cruzeiro)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨⚖️ Árbitro: Jonathan Pinheiro (Rio Grande do Sul)
🏟️ Local: Arena Corinthians, São Paulo-SP