SÃO PAULO MIRA O G4 E O ATHLETICO MOFA NO Z4
Em jogo chuvoso no Morumbi pela 33ª rodada do Brasileirão, o São Paulo se impôs em casa e venceu o Athletico Paranaense por 2 a 1. Ninguém jogou grande futebol, mas o tricolor ao menos buscou o resultado o tempo inteiro e teve alguns bons momentos, o contrário do furacão, que mesmo estando na zona de rebaixamento, mostrou falta de noção da realidade e jogou só para não perder. Perdeu. Castigo merecido. Com isso, o time de Zubeldía segue vivo na luta pelo G4 e o de Lucho González mais desesperado dentro do Z4.
O primeiro tempo no Morumbi foi um verdadeiro ataque contra defesa. O Athletico só defendeu e o São Paulo só tentou atacar. Todavia, ao mesmo tempo em que teve impressionantes 83% de posse de bola, o tricolor só finalizou três vezes, apenas uma na direção do gol. Faltou futebol para superar o ferrolho armado pelo furacão. O time de Zubeldía basicamente inexistiu no corredor central. Se tentou entrar na área pelo meio duas vezes foi muito. Não teve nenhum dinamismo ou presença nas entrelinhas do 4–4–2 do Athletico, que nem era tão intransponível, para tentar algo. A saída era jogar pelas beiradas, o que o São Paulo tentou bastante, mas produziu pouco. Por ali, o time paranaense também fazia dobras ou trios que também dificultavam os avanços tricolores. E aí faltava a capacidade são-paulina de fazer uma inversão de lado ou cruzamento de perto da linha de fundo. Isso só acontecia quando Lucas ou Ferreirinha tinha uma jogada inspirada. Mas pouco. Apesar de ter a bola, não dá para dizer que o São Paulo realmente jogou bola, extremamente lento, parado e previsível. A maioria do tempo quem teve a pelota nos pés foram os defensores. Só no primeiro tempo, Ruan tocou 56 vezes na bola, Alan Franco 60, Igor Vinícius 51 e Sabino 56. Isto diz muito.
Contudo, defensivamente o tricolor praticamente não trabalhou. Apesar de precisar da vitória para buscar a permanência na Série A do Brasileirão, o Athletico praticamente não atacou. Por falta de capacidade e por covardia mesmo. No começo, chegou a ensaiar marcar de forma adiantada e apoiar em volume, mas tomou um ou dois contra-ataques pelas laterais e desistiu. Não procurou uma alternativa mais produtiva para seguir avançado, simplesmente parou para não se expor atrás mesmo. No restante da etapa inicial subiu ao ataque com no máximo quatro peças, longe de próximas, inviabilizando a criatividade. Sempre precisava que um jogador vencesse dois ou três marcadores. Só chutou de fora da área. Facilitou a vida da defesa são-paulina, que teve mérito de ir bem na recomposição e estar com a cobertura bem postada. Desse jeito, o jogo não teria mesmo como ir ao intervalo com outro placar que não o 0 a 0.
No segundo tempo, a partida melhorou. Não alcançou um grande nível de qualidade técnica ou emoção, mas esteve bem mais interessante que a etapa anterior. De início, pela evolução do São Paulo no meio-campo. E sem mudar peças, apenas posturas de peças específicas na movimentação. Marcos Antônio, que passou a avançar mais pelo corredor central, e Luciano, que deu alguns passos atrás e passou a se movimentar nas entrelinhas do Athletico. Além disso, Ferreirinha continuou com a iniciativa de se mexer por todos os lados do campo. Com estes detalhes táticos, o tricolor deixou de só viver de jogadas pelas beiradas. Passou a conseguir trabalhar com o meio para facilitar as chegadas ao fundo pelas laterais. E com isso, em um momento onde o Athletico tentou sair do casulo, Luciano apareceu na entrelinha para enfiar ao Lucas Moura, que cruzou e o próprio Lucigol infiltrou na área para abrir o placar aos seis minutos. Em pouco tempo, efeito positivo das melhorias são-paulinas para o segundo tempo.
Contudo, após o gol tricolor, o jogo entrou em uma nova fase, de idas e vindas, com o Athletico procurando também sair para o ataque em busca do empate. O São Paulo continuava com mais posse de bola, mas o furacão apertava mais na marcação e não apenas se livrava da pelota ao tê-la, subia com volume e tentava entrar na área por meio de jogadas individuais ou cruzamentos. Àquela altura, qualquer coisa poderia ter acontecido. O tricolor poderia ter ampliado, pois teve espaços para realizar jogadas como a do próprio primeiro gol, mas faltou velocidade para o sucesso. O rubro-negro poderia empatar, em um lance fortuito, pois tinha pouco dinamismo, mas aproveitava de uma certa insegurança são-paulina na segunda linha de marcação. E em um escanteio aos 23 minutos, pouco após Lucho González colocar mais peças ofensivas no time, Julimar empatou o jogo após cruzamento preciso de Zapelli, recém-ingressado. Ruan, contratado para estabilizar a zaga do São Paulo, perdeu facilmente pelo alto, lembrando os dias ruins de Grêmio e Sassuolo, fazendo o torcedor tricolor ter dificuldades de entender o porquê foi contratado.
Com o empate no placar, o São Paulo voltou a fazer blitz ofensiva. O Athletico, sem noção da própria realidade, mais uma vez abdicou de atacar e Lucho González reforçou a marcação com trocas defensivas, basicamente anulando as substituições que havia feito antes. O jogo voltou a ser quase o que era no primeiro tempo, com o ferrolho rubro-negro sem contra-atacar e o tricolor buscando o gol com domínio absoluto da posse de bola. A fluência são-paulina dos minutos iniciais da segunda etapa não retornou, eventualmente pela falta de fôlego dos jogadores mais experientes, mas a velocidade do time não era a mesma morosa de antes do intervalo. Havia mais vontade, pois o time sabia que havia caminhos para vencer. Foram muitos cruzamentos, alguns perigosos, outros improdutivos. Mas a persistência valeu a pena. Aos 43 minutos, duas peças recém-colocadas por Zubeldía fizeram a diferença. Jamal Lewis, que recebeu boa enfiada de Liziero, e escorou de cabeça para André Silva, que substituiu o inexistente hoje Calleri, apenas desviou a bola para fora do alcance do goleiro Mycael. No finalzinho, a pressão tricolor deu resultado e o São Paulo conseguiu escapar de um resultado péssimo em casa.
Nos últimos minutos, desesperado, o Athletico tentou um tudo ou nada para se salvar de um resultado pavoroso na briga pelo rebaixamento. Incrível, enquanto o jogo estava empatado, resultado que também ajudava pouco, o furacão estava satisfeito, pouco aparecendo no ataque. Bem, sem surpresa alguma, a falta de organização e de cabeça impediu que o time paranaense realmente levasse algum perigo neste último abafa. Sem qualidade na armação, só fez chuveirinho, mas desta vez nenhum defensor do São Paulo falhou. Rafael pouco precisou trabalhar. Não foi difícil para o time da casa segurar o resultado. E com mais demérito do Athletico que mérito são-paulino, válido ressaltar.
O resultado é justo. Venceu quem jogou realmente com para vencer. O Athletico procurou só se retrancar e buscar um empate pouco útil dentro da realidade de quem quer se manter na Série A. O São Paulo, apesar de demorar a criar chances, sempre buscou o ataque, ciente de que só o triunfo seria útil na briga por vaga direta para a próxima Libertadores. Como as fragilidades defensivas do furacão são mais impactantes que os problemas ofensivos tricolores, o resultado mais óbvio apareceu no final. Talvez o placar reflita quem jogou menos, não quem jogou mais, mas o time de Zubeldía achou os gols com mérito, diferentemente do de Lucho González que só se salvaria de modo aleatório. O São Paulo mira o G4 e o Athletico mofa no Z4. Nenhuma das duas torcidas está satisfeita com o momento dos times, mas as realidades são bem distintas entre eles.
SÃO PAULO: O São Paulo não apresentou um grande futebol, mas jogou para vencer e isto foi o suficiente nesta noite. O time de Zubeldía começou lento, estático e previsível, mas teve ajustes na meia cancha que confundiram a retranca do Athletico e possibilitaram a obtenção do resultado positivo. Em momento algum o time foi extremamente dinâmico e envolvente, mas no segundo tempo ao menos existiu pela meia-cancha com movimentos interessantes nas entrelinhas adversárias. Além disso, teve uma postura mais agressiva, persistente, de quem realmente não estava satisfeito com o empate. E lutou até o fim para vencer perto do minuto 90. O São Paulo ainda não convence o torcedor, mas vence o Athletico Paranaense no Morumbi e chega aos 57 pontos no Brasileirão, ainda em sexto, mas momentaneamente a dois pontos do G4. Pegou um time fraco e cumpriu com a obrigação. Apesar dos pesares que têm que ser considerados pensando em futuro, o time ainda pode buscar a vaga direta para a próxima Libertadores e “salvar” o ano.
ATHLETICO PARANAENSE: É difícil de compreender o que o Athletico queria no Morumbi. O time está na zona de rebaixamento e mesmo assim jogou apenas para não perder, retrancado, satisfeito com um empate que pouco ajudava. Só atacou mesmo, de sua forma atabalhoada, quando esteve perdendo. E até quase escapou da derrota, mas a falta de consistência defensiva que o time costuma apresentar, evidentemente daria as caras em algum momento. Lucho González não jogou para ganhar e perdeu. É bem feito. Punição para uma falta de noção da realidade incompreensível. Mesmo com um pontinho, o furacão seguiria dentro do Z4, dois pontos atrás do 16º colocado. Com a merecida derrota, continua em 18º, a três pontos de sair da zona de rebaixamento. Com um desempenho tão pobre, resultados com contextos de rebaixado e a falta de compreensão do momento que realmente vivo, será difícil de o Athletico se salvar. Mas tem quatro jogos em casa para mudar essa realidade. Com uma resposta, é viável, mas precisa saber encontrá-la.
ARBITRAGEM: O gaúcho Rafael Klein e sua equipe fizeram jogo seguro no Morumbi. O jogo não exigiu muito do ponto de vista técnico e o apitador não inventou nada para comprometer. Gols justamente validados, cartões cabíveis e poucos erros nas marcações de faltas. Arbitragem segura no Morumbi.
FICHA TÉCNICA:
🗒️ SÃO PAULO: Rafael; Igor Vinícius, Alan Franco (Jamal Lewis), Ruan e Sabino; Luiz Gustavo (Liziero), Marcos Antônio (Alisson), Luciano, Lucas Moura e Ferreira (Wellington Rato); Calleri (André Silva). Técnico: Luis Zubeldía.
🗒️ ATHLETICO PARANAENSE: Mycael; Leo Godoy (Marcos Victor), Belezi, Mateo Gamarra e Esquivel (Fernando); Erick (Zapelli), Felipinho, João Cruz, Praxedes (Gabriel) e Julimar; Pablo (Emersonn). Técnico: Lucho González.
⚽ Gols: Luciano e André Silva (São Paulo) | Julimar (Athletico Paranaense)
👟 Assistências: Lucas Moura e Jamal Lewis (São Paulo) | Zapelli (Athletico Paranaense)
🟡 Cartões amarelos: Lucas Moura e Igor Vinícius/Luis Zubeldía (São Paulo) | Leo Godoy, Erick, Felipinho, Julimar e Belezi (Athletico Paranaense)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨⚖️ Árbitro: Rafael Klein (Rio Grande do Sul)
🏟️ Local: Estádio do Morumbi, São Paulo-SP