POR UM FIO
Em jogo paupérrimo, o Rosario Central derrotou o Internacional por 1 a 0 na Argentina e sai em vantagem na repescagem da Copa Sul-Americana. Perdido e apático, mais uma vez o colorado não apresentou absolutamente nada em campo. Com isso, o time argentino precisou jogar apenas um pouquinho mais do que nada para vencer com gol de Campaz em falha de Rômulo.
O primeiro tempo no Estádio Gigante de Arroyito foi um grandioso nada. Para enxergar futebol, não bastava uma lupa, sem dúvidas um telescópio era necessário. Foram dois times pouco agressivos sem a bola e zero inspirados com ela. A posse passou a etapa inteira alternando porque não havia pressão constante de algum dos times para recuperá-la e mantê-la, bem como não se via qualquer organização coletiva para a criação de jogadas. Um pouco melhor nos primeiros 25 minutos, o Inter tentava o jogo rasteiro, mas estava absolutamente parado em campo, com raras aproximações, como aquela que gerou o chute de Bruno Henrique no travessão aos 21 minutos. Ligeiramente superior nos 20 minutos finais, o Rosario Central tinha seus jogadores a um mundo de distância um do outro e dependia de ligações diretas, inversões e pivôs de Marco Ruben isolado, sem parceria. Só levou algum perigo aos 26 minutos, quando chegou ao fundo e pôde cruzar para trás porque finalmente chegava algum meia na área, neste caso Martínez, que exigiu boa defesa de Rochet em chute colocado. Chances de se contar nos dedos e nem precisa de uma mão. Um Inter apático, um Central limitado. Produtividade digna do 0 a 0.
Na volta do intervalo, o Rosario Central percebeu que poderia tirar vantagem da postura displicente do Internacional, que claramente estava satisfeito com o empate. Se notava que com um pouco mais de intensidade, mesmo com os problemas táticos e técnicos, o time da casa poderia se impor. E com isso, começou o segundo tempo bastante agressivo na marcação. Deste modo, teve maior recuperação de bola e pôde explorar a frágil transição defensiva colorada, sempre lenta e indecisa. Não à toa, com um minuto de jogo os canallas já assustaram com Mallo cabeceando a bola rente à trave após escanteio. Era prenúncio do que viria apenas dois minutos depois: Ibarra deu um chutão despretensioso para a frente, deixando para a sorte ou azar de Campaz achar um contra-ataque. Mas o volante Rômulo, do Inter, fez questão de que fosse sorte. Simplesmente ficou parado, perdeu no corpo para Campaz e deixou o ponta rosarino entrar livre na frente de Rochet para fazer o gol. Presentaço. É o tipo de erro bobo que sempre ferra o Internacional. E quem joga para empatar, sempre está perto de perder. O colorado apenas pagou o preço por sua escolha, por sua postura medíocre.
Depois de o Central abrir o placar, era natural o cenário em que o Inter teria mais a bola para tentar buscar o empate. No entanto, simplesmente não houve mais futebol desde o gol. Isto mesmo, dos três minutos em diante nem com telescópio consegue se enxergar algum tipo de produtividade. O Rosario Central, que também não jogou muito mais do que nada na partida, apenas usou de catimba e retranca para fazer o tempo passar. Totalmente isolado entre setores, nem esboçou contra-atacar para matar o jogo. Apenas se fechou em seu 4–4–2 e comeu o máximo de tempo possível com paralisações. A vantagem mínima esteve de bom tamanho para eles. E o glorioso Internacional foi impotência pura. Perdido em campo. Errando passes o tempo todo por falhas individuais e pela falta de organização coletiva. Ninguém sabia o que fazer. O time acabava lento e horizontal, como sempre. E o interino Pablo Fernandez não mexia no time, apenas assistia. Com tudo isso, apesar de ter a posse de bola, o Inter nem entrava na área, apenas forçava cruzamentos sem sentido e era neutralizado pelo adversário. A verdade é que não houve reação à desvantagem. Foi um espetáculo deprimente que só não piorou justamente pelo conforto do Rosario Central com o placar mínimo.
Venceu o menos pior. Por mais problemas táticos e técnicos que tenha o Rosario Central, a equipe ao menos teve garra em momentos específicos e muita maturidade para administrar a vantagem quando a teve. Totalmente o oposto do Internacional, que teve até mais defeitos táticos e técnicos e se arrastou em campo do início ao fim. Não esboçou qualquer mudança de cenário. Não teve uma liderança em campo ou fora dele para fazer algum ajuste tático, reduzir as precipitações e tornar o time agressivo. No fim das contas, o resultado refletiu a postura das equipes. Central entrou para vencer de qualquer jeito e sair da seca de quatro jogos, pelo placar que fosse. E ganhou pelo placar mínimo. Inter entrou apenas para empatar. E perdeu. No meio da bagunça e da improdutividade dos dois lados, melhor para quem errou menos. Agora, o time argentino joga pelo empate no Beira-Rio para avançar às oitavas de final da Sul-Americana.
ROSARIO CENTRAL: O Rosario Central não jogou bem, mas foi maduro e fez o suficiente para vencer. Miguel Ángel Russo não conseguiu resolver os problemas táticos e técnicos que tem resultado no momento instável do clube, mas entendeu o cenário da partida e tirou proveito. Os espaçamentos e os chutões continuaram, mas a agressividade e o oportunismo apareceram. Os canallas souberam aproveitar da apatia e desorganização do Internacional para vencer fazendo o mínimo. E quando tiveram o mínimo, não deixaram mais haver jogo. Postura cabível em mata-mata, ainda mais para quem vinha há quatro jogos sem vencer. 1 a 0 justo. E agora basta não perder em Porto Alegre para avançar no torneio continental.
INTER: Mais um filme de terror no Inter. Mais um jogo de desempenho pavoroso, futebol inexistente. Zero organização tática, zero precisão técnica e zero intensidade. Um time espaçado, parado, lento. Sem a bola, não marca nem consulta médica. Com ela, não sabe o que fazer e força chuveirinho para consagrar o adversário. Reflexo da falta de planejamento. A diretoria fez um investimento considerável para fortalecer o elenco, mas chega em jogos decisivos com um treinador interino. Com mais este episódio fracassado de hoje, as já mínimas chances de algum título na temporada estão por um fio. A Copa Sul-Americana é a última esperança. Mas de onde vai tirar forças para reverter o resultado no Beira-Rio? Com essa postura dos jogadores e a falta de um treinador, difícil imaginar.
ARBITRAGEM: O time de arbitragem comandado pelo chileno Cristián Garay teve atuação segura em Rosário. Os amarelos para Wesley e Jonatan Gómez em entradas imprudentes ficaram de bom tamanho e Campaz realmente não fez falta alguma em Rômulo no lance do gol rosarino. O apitador procurou deixar o jogo correr e apresentou poucos cartões, mas poderia ter sido mais justo nos acréscimos, pois muito tempo foi perdido em confusões. Talvez o único porém no desempenho positivo da equipe arbitral nesta noite.
FICHA TÉCNICA:
🗒️ ROSARIO CENTRAL: Broun; Coronel (Damián Martínez), Facundo Mallo, Quintana e Sández; Maurício Martínez, Franco Ibarra (Kevin Ortíz), Lovera (Jonatan Gómez) e Campaz (Alan Rodríguez); Enzo Copetti e Marco Ruben (Módica). Técnico: Miguel Ángel Russo.
🗒️ INTER: Rochet; Bustos, Vitão (Igor Gomes), Mercado e Renê; Rômulo, Bruno Gomes, Alan Patrick, Bruno Henrique e Wesley (Gustavo Prado); Alario (Lucca). Técnico: Pablo Fernandez.
⚽ Gol: Campaz (Rosario Central)
👟 Assistência: Franco Ibarra (Rosario Central)
🟡 Cartões amarelos: Campaz e Jonatan Gómez (Rosario Central) | Wesley e Igor Gomes (Inter)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨⚖️ Árbitro: Cristián Garay (Chile)
🏟️ Local: Estádio Gigante de Arroyito, Rosário-ARG