POR DEFEITOS CRÔNICOS, RETORNO COM DERROTA DE GRAVES CONSEQUÊNCIAS
O Belgrano venceu o Internacional por 2 a 1 de virada na Arena Barueri e garantiu matematicamente o primeiro lugar do grupo C da Copa Sul-Americana. Mesmo sem jogar há um mês, o colorado saiu na frente do placar e era superior até o erro de Renê no empate dos piratas ao fim da etapa inicial. Logo na sequência, o time argentino virou com doblete de Chavarría. Em desvantagem, o time de Chacho Coudet não teve pernas nem cabeça para sequer passar perto do empate no segundo tempo. Retorno amargo para uns, vitória marcante e decisiva para outros.
Para quem ficou um mês sem jogar uma partida de futebol e diversos dias sem sequer treinar, com vários jogadores atuando como voluntários nas enchentes do Rio Grande do Sul, o primeiro tempo do Internacional pode ser considerado muito bom. Em um cenário de ataque contra defesa, o colorado dominou as ações a partir de uma marcação alta muito eficiente, com uma pressão pós-perda de bola que fez o clube gaúcho dominar a posse no campo de ataque. E já que o Belgrano congestionou muito bem o meio em seu 5–4–1 no campo de defesa, o time de Eduardo Coudet abriu caminhos pelas beiradas. Com boas aproximações pelos dois lados do campo e um Wesley incisivo pela esquerda, o Inter conseguiu chegar ao fundo para cruzar a quem chegava de frente diversas vezes. Em uma delas, Borré, livre, abriu o placar aos 33 minutos. Outras boas chances foram perdidas na sequência. Ao atrair o time argentino para fora do lugar, até mesmo oportunidades de fora da área apareceram. Por detalhes o colorado não ampliou o placar e encaminhou uma vitória na Arena Barueri.
No entanto, quando o panorama era animador para o Internacional, com vantagem no placar e flerte com o segundo gol, Renê cometeu um erro grosseiro, grotesco e gravíssimo. A falta de ritmo pode até ter influenciado, mas é uma típica falha que o lateral esquerdo colorado comete há tempos. Em uma tentativa de passe para trás, o camisa 6 deu a bola de graça para Chavarría. Um presente. Só não foi uma assistência porque o atacante do Belgrano passou a bola para Bryan Reyna finalizar, mas este parou em Robert Renan, que cortou em cima da linha. Todavia, no rebote o próprio Chavarría empatou o jogo aos 45 minutos. Falha clamorosa com consequências duríssimas para um Inter que não fazia por merecer sofrer um empate àquela altura.
O que era ruim ainda poderia piorar. Afetado psicologicamente pelo gol, o time do Internacional voltou a se descuidar defensivamente. Perdeu uma bola na intermediária, sofreu um contra-ataque pela esquerda e viu o Belgrano virar o jogo aos 48 minutos, novamente com gol de Chavarría, desta vez de cabeça. O atacante ficou livre na área porque Robert Renan esqueceu de marcá-lo para cuidar da bola e Renê não estava ali para fazer a cobertura. Fragilidade na bola aérea como em outros tempos. Apagão colorado. Oportunismo pirata. Vantagem argentina na ida ao intervalo por 2 a 1, quando a lógica passava longe de indicar isto.
O segundo tempo foi mais uma batalha física que um jogo de futebol. Muitas faltas, nenhuma chance de gol. Nos primeiros minutos, ainda com alguma capacidade física, o Internacional tentou impor uma pressão. Marcou alto, manteve a bola, mas faltou organização para criar jogadas. Como as aproximações e movimentos diferentes acabaram, a profundidade foi para o espaço. Nem mesmo as jogadas individuais de Wesley apareceram mais. O time sentiu o resultado desfavorável e tentou ir para um abafa sem embasamento. A cabeça jogou contra o corpo. E o Belgrano, bem-posicionado, compacto e aguerrido, neutralizou o time de Eduardo Coudet com facilidade. Não sofreu de fato. Losada não foi exigido. E os contra-ataques piratas eram perigosos.
Passado o primeiro terço da etapa final, nem mais iniciativa o Inter tinha. Não havia mais fôlego. O colorado virou refém do aleatório. Sem capacidade para manter a marcação alta, o time gaúcho foi ficando cada vez mais longe do gol, com menos domínio da posse de bola e praticamente nenhuma produtividade. Não tinha movimentação para levar a pelota do campo defensivo até a área rival. Nem mesmo cruzamentos achava. Os movimentos que fazia não eram interligados, não geravam combinações. O desespero tomou conta e, sem fôlego para compensar a ausência de lucidez tática, o resultado natural foi o Internacional não criar mais nada. Sequer flertar com o empate. E a retranca do Belgrano, com uma boa dose de cera, sair vitoriosa sem qualquer sufoco. Com direito a roubadas de bola na saída colorada que por pouco não viraram um terceiro gol argentino.
Desde antes da parada e de toda a catástrofe climática, enfrentar retrancas já era um grande desafio para o Internacional de Eduardo Coudet. Foi assim que caiu para o Juventude no Gauchão e que empatou com o Atlético Goianiense há um mês. Hoje, de início, encontrou alternativas. Sem espaços por dentro, se achou em boas aproximações pelas beiradas, com um Wesley muito criativo a partir disso. O placar foi aberto com mérito pelo colorado e por pouco não aumentou. No entanto, Renê botou tudo a perder com uma falha clamorosa. Concedeu o empate a um Belgrano que não se encontrava mais, que era atacado constantemente e sofria para proteger a área do segundo gol. Segundo gol que quem fez foi ele. E com competência, pois escapou pela esquerda e cruzou para Chavarría marcar de cabeça seu segundo gol, o da virada pirata. A partir dali o time argentino pôde usar de cera, intensidade exagerada e do bom planejamento defensivo. O Inter jogou contra isto, contra seu desespero mental por estar atrás do placar e contra um físico frágil de quem ficou um mês sem jogar e já tem vários jogadores de idade avançada. Não deu outra, o Belgrano confirmou a vitória sem grande sofrimento e garantiu o título de primeiro colocado do grupo C da Copa Sul-Americana, o que significa vaga direta para as oitavas de final da competição.
INTER: O retorno não foi como a torcida colorada sonhava. O começo até foi bom, com intensidade, marcação alta, domínio do jogo e abertura de placar merecida por quem achou espaços para criar chances de gol mesmo diante de uma boa retranca e da falta de ritmo de jogo. Mas tudo isso foi embora a partir da falha de Renê. A partir dela veio o empate, a virada e todos os problemas psicológicos do Inter. Não bastasse o desespero, o time de Chacho Coudet ainda cansou e sem fôlego não fez mais marcação alta ou se movimentou intensamente para criar algo. Perdeu sem reagir. Não teve forças. Foi impotente. Nem mesmo cenários atípicos impedem problemas crônicos como erros de Renê, vacilos na bola aérea e posse de bola improdutiva a partir da falta de dinamismo.
O Inter agora fica em situação delicada no grupo C da Copa Sul-Americana. Sem chances de terminar em primeiro, o máximo que pode alcançar é o segundo lugar, que daria vaga nos playoffs contra um time eliminado da Libertadores. Dois jogos extras no calendário que já é apertado. Derrota com consequências duras para o colorado.
BELGRANO: O Belgrano cumpriu muito bem seu papel em Barueri. Jogou nos pontos fracos do Internacional. Enquanto o time colorado esteve bem, nem mesmo a retranca foi suficiente para os piratas, que saíram perdendo. No entanto, quando surgiu o erro de Renê, a equipe argentina soube aproveitar. Empatou e logo na sequência, com o abalo sofrido pelos vermelhos, virou o jogo. Dois gols de Chavarría. Em vantagem, o retorno da retranca, mas com uma vantagem física tremenda sobre o adversário. Era calculado pelo clube argentino que essa diferença de intensidade pudesse fazer a diferença no segundo tempo. E fez. O time não sofreu na defesa. E por pouco não ampliou o placar em contra-ataques.
O time de Juan Cruz Real está nas oitavas de final da Copa Sul-Americana. O clube argentino garantiu matematicamente o primeiro lugar do grupo C da competição continental. Em sua segunda participação na história, lidera uma chave com um gigante como o Internacional. Com direito a vitória no Brasil. Nada mal para um clube modesto, mas de torcida muito apaixonada. Agora os piratas vão em busca de fazer mais história ainda.
ARBITRAGEM: Alexis Herrera não estava bem, sempre atrasado nos lances e mal posicionado. Chegou a inventar um pênalti grotesco para o Belgrano em chute do atacante no chão. VAR salvou. E com isso a arbitragem terminou sem erros graves que interferissem no placar. Apenas poderiam ter sido dados mais acréscimos, o jogo parou bastante.
FICHA TÉCNICA:
🗒️ INTER: Rochet; Bustos (Bruno Henrique), Vitão, Robert Renan (Aránguiz) e Renê; Fernando (Alario), Alan Patrick, Maurício (Gustavo Prado) e Wesley; Borré e Enner Valencia. Técnico: Eduardo Coudet.
🗒️ BELGRANO: Losada; Matías Moreno, Rébola e Baldi (Delgado); Barinaga (Rolón), Heredia, Quignón e Juan Velázquez (Troilo); González Metilli (Lencioni), Bryan Reyna e Chavarría (Matías Suárez). Técnico: Juan Cruz Real.
⚽ Gols: Borré (Inter) | Chavarría [2×] (Belgrano)
👟 Assistências: Wesley (Inter) | Velázquez (Belgrano)
🟡 Cartões amarelos: Baldi, Velázquez, Rébola e Bryan Reyna (Belgrano)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨⚖️ Árbitro: Alexis Herrera (Venezuela)
🏟️ Local: Arena Barueri, Barueri-SP