O SANTOS ESTÁ DE VOLTA!

Jonathan da Silva
6 min readNov 12, 2024

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É matemático: o Santos está de volta para a Série A do Campeonato Brasileiro! Com maturidade e eficiência em sua postura reativa, o time de Fábio Carille venceu sem dificuldades um Coritiba sem motivação diante da falta de objetivos restantes no campeonato. 2 a 0 ao natural dentro do Couto Pereira. Triunfo categórico para garantir o acesso e alívio no coração alvinegro.

O jogo começou em marcha lenta. Praticamente nada aconteceu nos primeiros 15 minutos em Curitiba. O Coxa tomou a iniciativa com a bola, mas esteve muito distante em campo, vagaroso nos movimentos e com uma posse muito defensiva. O Peixe começou cauteloso, parado atrás em seu 4–4–2 que virava 4–1–4–1 conforme os movimentos de Giuliano, sem pressionar na marcação, esperando para tomar decisões. O Coritiba tentou o jogo físico para sobrepor a falta de imprevisibilidade tática, alongando bolas e tentando chegadas pela direita, mas sem a devida presença pelo meio para compensar. O Santos até tentou algumas bolas longas para Wendel Silva isolado, mas o apoio foi discreto e lento, e as jogadas não tiveram continuidade. Com a lentidão das duas equipes, nada aconteceu “de cara”.

Contudo, um time de Carille, mesmo quando parece “nem aí”, sempre pode achar uma transição e entrar no jogo. Aconteceu aos 19 minutos. Sandry recuperou uma bola no campo de defesa e deu belo passe vertical para Giuliano, nas entrelinhas do Coritiba. Josué não interceptou, o time recompôs mal e a cobertura só assistiu o camisa 20 do Peixe enfiar a bola para Wendel Silva. Desta vez o centroavante santista não bobeou. Limpou a marcação e finalizou muito bem na saída de Morisco para abrir o placar. Na primeira transição realmente rápida do Santos no jogo, bola na rede. Explorou os espaços de forma inteligente e definiu com qualidade. Gol crucial para o objetivo do dia.

Após o gol peixeiro, o Coxa até tentou esboçar uma pressão para buscar o empate. Por alguns minutos, conseguiu se movimentar entre as linhas de marcação do Peixe e finalizar de média distância com perigo, exigindo boas intervenções de Gabriel Brazão. Todavia, durou pouco. Em menos de cinco minutos, o Santos ajustou sua marcação, se compactou e voltou a fazer proteção segura da área. Não revolucionou nada, apenas recuperou a concentração. Sem os mesmos espaços, o time de Jorginho tentou seguir vivo a partir de maior presença no último terço do campo, mas seguiu distante e não encontrou formas de entrar na área, nem mesmo conseguindo cruzar. Além disso, o alvinegro praiano não ficava só atrás como antes. Conseguia reter a bola no campo de ataque diversas vezes, fazendo o tempo passar de forma madura. Não verticalizava, não acelerava o jogo para ampliar o placar, mas segurava a posse e ao mesmo tempo descansava e não permitia ao Coritiba levar perigo. A falta de atitude ofensiva santista até mantinha a partida aberta, mas a vantagem dava brecha para isso.

Quando tudo indicava que o jogo iria para o intervalo com o 1 a 0 para o Peixe, um momento de brilhantismo aconteceu. E foi do Santos. Aos 40 minutos, em uma falta de longe, o especialista Otero enfiou um chute lindo com curva e ampliou o placar para o alvinegro praiano. Morisco não soube o que fazer. A viagem da bola representou muito bem a jornada santista na Série B, com curvas inesperadas, mas com o destino procurado. O gol e o acesso. Uma pintura linda para marcar o retorno do Santos à elite do Brasileirão.

No segundo tempo, os dois times só jogaram para cumprir com o que manda o regulamento. O Coritiba nem queria estar ali, jogou de forma extremamente apática, sem velocidade, sem movimentação, sem arriscar quase nada para ao menos tentar buscar um gol. Jorginho fez apenas trocas conservadoras e o time não construiu mais nada, sem qualquer virtude física, mental, tática ou técnica. Diante da postura do Coxa, o Santos administrou a vantagem com facilidade. E não só parado atrás, mas também com a pelota, de forma cadenciada, eventualmente até tentando alguma jogada mais vertical. Teve quase a mesma quantidade de posse de bola que o time da casa durante a etapa final. Não construiu grandes chances, também sem querer correr riscos de perder alguém lesionado ou suspenso, e fez o tempo passar como gostaria. Assim como o Coritiba, só queria que o jogo acabasse. Mas por motivos muito diferentes.

Venceu quem queria vencer. O Coritiba até tentou jogar de forma decente no começo, mas com a pobreza coletiva e a falta de motivação, deu pouco trabalho ao Santos. Este, com maturidade, buscou o triunfo ao natural. Defendeu de forma segura e atacou com volume nos momentos certos para construir a vantagem no placar. Não fez nada exuberante, mas controlou o jogo e foi eficiente na estratégia pragmática de Fábio Carille. Pelo jogo e pelo campeonato, o resultado não poderia ser outro. 2 a 0 para o Santos mesmo na casa do Coritiba. Um jogou de forma melancólica, refletindo a participação no campeonato. Outro atuou com a inteligência e intensidade que o tamanho da camisa e da importância do jogo pediam. Momento de alívio para o torcedor santista. Para alguns, mais de bem com a vida, quiçá de festa. Mas o importante é que o Santos está de volta para a primeira divisão, a sua divisão, após dois anos que a torcida certamente não irá querer lembrar no futuro.

CORITIBA: Sem objetivos restantes nessa Série B, o Coxa jogou realmente com uma postura de amistoso e facilitou a vida do Santos. Até tentou algo no começo, mas conforme o Peixe se impôs, o time de Jorginho apenas baixou a cabeça e aceitou a derrota. Não teve nenhuma inspiração individual ou dinâmica tática para buscar uma reação sem a motivação e a pegada que eram obrigatórias para um confronto desse. No fim das contas, é que representa bem a campanha melancólica do Coritiba na competição. De altos e baixos, de uma reação tardia e de pobreza coletiva. Sem parecer ter algum rumo, algum norte, sem animar o torcedor que até compareceu em bom número. É, no que pode ter sido a despedida do atual treinador, o alviverde do Alto da Glória soma a terceira derrota em casa no campeonato e estaciona no 10º lugar, no meio da tabela da segunda divisão nacional, sem chances matemáticas de acesso. Bem longe de onde o torcedor queria e merecia estar. Jogo e temporada melancólicos.

SANTOS: Pronto. Dever cumprido. Apesar de algumas oscilações na campanha, o Santos fez sua obrigação e encontrou o caminho para confirmar o retorno para a Série A do Brasileirão. Hoje jogou com a maturidade necessária em Curitiba, controlou a partida do início ao fim e bateu com naturalidade um inferior Coritiba por 2 a 0 para garantir matematicamente o acesso. Após os dois anos mais dolorosos da história alvinegra, o Peixe volta ao seu habitat natural. O gigantesco alvinegro praiano volta para o lugar de onde jamais deveria ter saído, para a divisão que condiz com seu tamanho histórico. Os últimos tempos não foram bondosos com o torcedor santista, mas este retorno à elite, após todo o sofrimento, representa alívio. O clube irá voltar a figurar entre os grandes, voltará aos grandes palcos, aos grandes jogos. Agora é ir em busca de garantir também o título da Série B, que está encaminhado pela boa vantagem na liderança, e preparar bem o clube para uma Série A de 2025 que certamente não será fácil. O que era necessário fazer neste ano, o Santos fez.

ARBITRAGEM: O jogo foi fácil e o catarinense Gustavo Bauermann não se complicou. Dois gols bem validados, nenhum erro capital e controle emocional mantido. Arbitragem segura, passou em branco.

FICHA TÉCNICA:
🗒️ CORITIBA: Pedro Morisco; Natanael, Marcelo Benevenuto, Bruno Melo e Jamerson (Rodrigo); Geovane Meurer (Henrique Melo), Zé Gabriel, Josué (Alef Manga), Lucas Ronier e Matheus Frizzo (Brandão); Júnior Brumado (Robson). Técnico: Jorginho.
🗒️ SANTOS: Gabriel Brazão; Hayner, João Basso, Gil (Luan Peres) e Gonzalo Escobar; João Schmidt, Sandry, Giuliano (Willian), Otero (Laquintana) e Guilherme (Patrick); Wendel Silva (Julio Furch). Técnico: Fábio Carille.
⚽ Gols: Wendel Silva e Otero (Santos)
👟 Assistência: Giuliano (Santos)
🟡 Cartões amarelos: Marcelo Benevenuto e Júnior Brumado (Coritiba) | Wendel Silva e Sandry (Santos)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨‍⚖️ Árbitro: Gustavo Ervino Bauermann (Santa Catarina)
🏟️ Local: Estádio Couto Pereira, Curitiba-PR

BOLA DE OURO DO JOGO: Giuliano/Santos | FOTO: Pedro Baretta/Santos F.C.

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Written by Jonathan da Silva

A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

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