O LANTERNA DERRUBA O LÍDER

Jonathan da Silva
5 min readFeb 1, 2024

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Em atuação empenhada, o Guarany de Bagé derrotou o Internacional por 2 a 1 pela quarta rodada da fase inicial do Gauchão. O time da casa se impôs com marcação intensa e bons contra-ataques no primeiro tempo, e administrou a vantagem no segundo com forte retranca. O colorado inexistiu como time enquanto esteve praticamente todo reserva e foi ineficiente quando titulares importantes entraram para melhorar o time.

Inspirado, o Guarany abriu 2 a 0 já na primeira metade do primeiro tempo. O clube de Bagé esteve atento, marcou bem e aproveitou de erros grotescos do Internacional para marcar seus gols. O colorado até teve a bola, como esperado, mas isto mais jogou contra que à favor. Distante em campo e nada móvel, o time de Chacho Coudet não fluiu e acabou rifando bolas pelas beiradas o tempo inteiro. Acabou sem produzir e frequentemente dando a bola para o adversário. E a partir disso se expôs na defesa, porque não teve nada de pressão pós-perda. Não marcou alto, recompôs mal, sofreu contragolpes perigosos ao natural. O Guarany, inteligente, viu esta fraqueza e colocou bastante gente para apoiar ao campo ofensivo. E a ponta do iceberg foram os vacilos individuais da defesa do Internacional. Primeiro Hugo Mallo esqueceu de acompanhar seus colegas e deixou Tony Júnior em condição legal para finalizar com total liberdade após lançamento de Lessa e abrir o placar em Bagé. Depois foi Mercado quem errou domínio após ligação direta do time da casa, entregou a bola nos pés de Tony Júnior e este deu boa enfiada para Michel ampliar o placar para o índio.

Na segunda metade do primeiro tempo, a discrepância diminuiu, mas o Guarany manteve o controle do jogo. O Inter conseguiu errar menos passes e sofrer um pouco menos em transição, porém seguiu rifando bolas, esperando um lampejo de Alario em bolas cruzadas de qualquer lugar do campo. O time da casa recuou um pouco mais em seu 4–4–2 e a partir disso ficou refém de qualquer vacilo, porém seguiu muito perigoso em contra-ataques. Por detalhes não ampliou e continuou minimizando erros, mas o “qualquer vacilo” atrás apareceu quando Micael deu pontapé em Pedro Henrique na área. O próprio camisa 28 do Internacional converteu a cobrança da penalidade. Com isto, o placar na ida para o intervalo foi de 2 a 1 para o Guarany.

O segundo tempo foi um ataque contra defesa do início ao fim. Já na volta do intervalo, Eduardo Coudet colocou Renê, Wanderson, Alan Patrick e Aránguiz em campo. O meio-campo, que inexistia pelo distanciamento e estaticidade, ganhou muito em qualidade. O Guarany, para se proteger, recuou de vez. Colocou todos os jogadores de linha nos arredores da área. Fez um verdadeiro bloqueio. O 4–4–2 chegou a virar um 6–4–0. Por vezes, o time de Bagé teve os onze jogadores dentro da própria área. William Campos não teve vergonha de fazer a retranca necessária para segurar o resultado. E foi feliz. O Inter até melhorou o desempenho, porém não conseguiu ser competente o suficiente nos arredores da área para superar esse ferrolho. Na reta final, até Enner Valencia entrou. O time do Inter tinha dois centroavantes, dois pontas e dois meias ofensivos. Arriscou tudo pois a tarefa era mesmo apenas atacar. Fez algumas boas tabelas, teve jogadas individuais, mas foi muito aleatório, descoordenado, desesperado em cruzamentos. Alario botou bola na trave e Hyoran perdeu chance claríssima. As chances apareceram porque o volume era muito grande, porém faltou eficiência para o Inter evitar a derrota.

O Guarany resistiu. Foi ousado, inteligente e oportunista no primeiro tempo. E resiliente no segundo. Soube envolver o Inter quando foi necessário e aguentou a pressão para sobreviver. O time reserva do colorado aparentemente se perdeu durante a viagem e não parecia estar realmente em Bagé, tamanha distância em campo. Jogadores parados, errantes, rifando a bola. A coisa mudou quando titulares entraram, porém o ferrolho rival era tão grande que o desespero foi maior que a eficiência. O Inter perde a invencibilidade no ano. O Guarany vence pela primeira vez no estadual. O colorado deve deixar a liderança, o índio deve terminar a rodada fora da zona de rebaixamento.

GUARANY DE BAGÉ: O Guarany de Bagé buscou esta vitória histórica sobre o Internacional na base da raça, do oportunismo e da eficiência. O time de William Campos foi resistente na boa retranca e competente nos contra-ataques durante o primeiro tempo. O índio alvirrubro não vencia o colorado há 56 anos. Com o triunfo, o Guarany sai da lanterna e da zona de rebaixamento do Gauchão, ocupando agora a décima posição.

INTER: O Inter já teve o time que nunca perdeu, em 1979, e hoje tem o que nunca venceu, no caso esta equipe reserva, que desde o ano passado não ganha sequer uma partida. Dos testes em Bagé, Chacho Coudet só tira respostas negativas. Alguns jogadores que protagonizaram este fiasco não podem passar impune. Com o revés de 2 a 1 para o modesto Guarany, o colorado para nos sete pontos e deve perder a liderança do Gauchão.

ARBITRAGEM: O jogo não exigiu muito e a equipe de arbitragem comandada por Rafael Rodrigo Klein passou despercebida, o que é sempre bom. O pênalti de Micael em pontapé sobre Pedro Henrique foi claro e bem marcado. Não houve outro lance polêmico.

FICHA TÉCNICA:
🗒️ GUARANY DE BAGÉ: Rodrigo Mamá; Lessa (Igor Bosel), Micael, Saulo e Gustavo Nogy (Hugo); David Cunha, Allan Cristhian (Vini Locatelli), Arêz e João Gabriel; Tony Júnior (Wilson Júnior) e Michel (João Pedro). Técnico: William Campos.
🗒️ INTER: Anthoni; Hugo Mallo (Renê), Mercado, Robert Renan e Carlos de Pena (Wanderson); Rômulo (Enner Valencia), Campanharo (Aránguiz), Hyoran e Gabriel Barros (Alan Patrick); Pedro Henrique e Alario. Técnico: Eduardo Coudet.
⚽ Gols: Tony Júnior e Michel (Guarany de Bagé) | Pedro Henrique (Inter)
👟 Assistências: Lessa e Tony Júnior (Guarany de Bagé)
🟡 Cartões amarelos: Tony Júnior, Allan Cristhian e Lessa (Guarany de Bagé) | Rômulo e Wanderson (Inter)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨‍⚖️ Árbitro: Rafael Rodrigo Klein (Rio Grande do Sul)
🏟️ Local: Estádio Estrela D’Alva, Bagé-RS

BOLA DE OURO DO JOGO: Tony Júnior/Guarany de Bagé | FOTO: Divulgação

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Jonathan da Silva
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Written by Jonathan da Silva

A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

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