O INTER VAI AOS PLAYOFFS DA SUL-AMERICANA

Jonathan da Silva
6 min readJun 9, 2024

--

O Inter vence o Delfín por 1 a 0 no confronto direto decisivo do grupo C da Copa Sul-Americana e está classificado aos playoffs. O colorado foi amplamente superior ao modesto time equatoriano, mas venceu apenas por um placar magro porque pecou demais na conclusão das jogadas. Para uma retranca, o conjunto visitante deu muitas brechas.

Sem surpresas, a partida já começou com o panorama de ataque contra defesa. O Delfín, sem fazer questão de ficar com a bola, já veio fechado em um 5–4–1 em que o centroavante José Angulo trabalhava como auxiliar de lateral. O Inter, por sua vez, teve uma postura inicial condizente com o que pedia a partida e naturalmente dominou a posse de bola no campo ofensivo. A agressividade lembrou um pouco a dos bons momentos do time em um passado não tão distante, com uma marcação adiantada intensa e uma circulação rápida e objetiva da pelota. Não à toa o colorado teve uma boa chance de gol já no primeiro minuto, perdida por Alan Patrick. Foram várias chegadas perigosas do Internacional nos primeiros vinte minutos. O time equatoriano, ainda que recuado, saiu bastante do lugar para tentar botes equivocados e abriu buracos nos arredores da área. Faltou ao colorado competência na conclusão das jogadas. Um último passe e uma finalização melhor, mas principalmente uma tomada de decisão mais correta. Quando houve liberdade para o chute da entrada da área, faltou coragem ao time para arriscar. Alan Patrick, capitão e liderança técnica, foi exemplo claro disso.

O Inter não aproveitou o começo promissor e naturalmente não manteve o ritmo agressivo na segunda metade do primeiro tempo. O cenário de ataque contra defesa não cessou, mas o domínio vermelho foi menos produtivo com a chegada do desgaste físico e menor número de erros do Delfín. Ainda assim, as chances continuaram aparecendo, especialmente pelas brechas na entrada da área e em cruzamentos de perto da linha de fundo. Mas os jogadores colorados seguiram tentando um passe a mais, desperdiçando boas chances e dificultando a finalização com pouca presença de área diante de vários defensores equatorianos. Isto sem falar na cera gigantesca dos golfinhos, que ajudava a fazer o tempo passar e a tirar a velocidade dos comandados de Coudet. Com menos dinamismo que no começo da etapa e a mesma ineficiência, o Inter não conseguiu furar a retranca do Delfín antes do intervalo. E chances para fazer múltiplos gols não faltaram.

Na volta para o segundo tempo, com a retomada do fôlego, o colorado voltou a pressionar de forma mais incisiva. Mas seguiu batendo na parede nos cruzamentos ou se equivocando na hora de concluir as jogadas. Parecia um looping que não acabaria, porque mesmo criando com persistência e o Delfín totalmente entregue, o Inter não conseguia ser eficiente. Sem a transformação da superioridade em gols, Eduardo Coudet partiu para as substituições. As entradas de Wanderson, Lucca e Bustos aumentaram a intensidade e o repertório de jogadas individuais, mas diminuíram a qualidade da transição defesa-ataque. Muito mais bolas longas para Alario fazer pivôs apareceram. Mas o centroavante argentino não conseguiu acertar quase nada. Com dois pontas, o número de cruzamentos aumentou, mas já não havia Bruno Henrique e Aránguiz chegando como surpresa. Sempre parecia faltar algo para o gol sair. Foi então que aos 23 minutos, em escanteio cobrado por Wanderson, Vitão escorou de cabeça para o meio da área e Alario, de modo chorado, abriu o placar para o Internacional. A bola parada apareceu como solução para um cenário de difícil acerto nas conclusões.

Com a abertura de placar, se desenhava um cenário em que o Delfín precisaria sair para tentar recuperar a classificação e o Inter teria os espaços necessários para empilhar gols e encontrar uma melhor chave no mata-mata da Sul-Americana. Mas não foi bem assim. Nos minutos seguintes, o colorado até seguiu dominante e fortemente presente no campo de ataque, mas já sem tanta intensidade, eventualmente pelo desgaste. Tampouco o time equatoriano se lançou ao ataque de imediato. O cenário foi mudar na casa dos 35 minutos da etapa final, quando Thiago Maia entra no lugar de Alario, Igor Gomes substitui Wesley e Miño dá lugar a Mieles. Ali o Delfín arriscou mais, adiantou suas linhas e procurou fazer cruzamentos na área colorada. Coudet, em vez de buscar fazer saldo, foi conservador e fechou a casinha. Chamou o adversário para cima, certamente esperando brechas para contra-ataques. De concreto, o Inter pouco sofreu mesmo com os avanços do adversário. Faltou capacidade ao time equatoriano para alguma coisa lúcida na criação. E realmente surgiram espaços para contra-ataques colorados, mas faltou velocidade e acerto nos passes. Pela displicência perto da área, parecia até que o Inter preferia mesmo o 1 a 0 para pegar o Rosario Central do que o 2 a 0 para encarar a LDU. Mas isto é palpite. O fato é que a vitória mínima se consolidou com poucos acontecimentos desde o gol colorado.

Não foi a classificação dos sonhos do Internacional, mas foi classificação. O Delfín não teve vergonha de jogar com os 10 jogadores de linha marcando perto da área. Foi jogar pelo empate. E mais uma vez na vida o trabalho colorado foi furar retranca. Dessa vez, pelas fragilidades do adversário e por mérito próprio, o Inter criou bastante. Em cruzamentos, jogadas entre as linhas de marcação rivais, bolas paradas, individualidades, combinações rápidas. Foi um time produtivo até quando fisicamente se desgastou. Porém errou demais nas conclusões. E foi criando pressão para um jogo que poderia ter sido goleada. Ainda assim, achou o gol. Alario, que tanto errou ao tentar ajudar na construção, acertou na pequena área, onde também já tinha perdido um gol inacreditável. A água mole tanto bateu na pedra dura até que furou. O placar talvez tenha sido menos do que o Inter mereceu, mas foi o que conseguiu. Dois conceitos explicam: a eficiência e a qualidade individual. A falta da primeira fez o time de Coudet deixar de golear, mas a segunda fez o time encontrar a vitória mesmo com toda catimba do Delfin. Sobretudo, Inter classificado ao mata-mata. Longe de ser da forma que queria, mas ao menos é de alguma forma.

INTER: O Inter fez o dever de casa. Fez de última hora, de qualquer jeito e errou várias questões, mas fez o suficiente para passar. Lamentavelmente não termina na primeira colocação do grupo fraco que pegou, como deveria, mas está no mata-mata da Copa Sul-Americana, competição mais viável para sair do jejum de títulos. No entanto, para isto precisará evoluir. Já tem criado mais e sofrido menos, mas não pode ser tão incompetente na conclusão das jogadas. Ano passado o clube viu o peso da ineficiência no ataque. Custou simplesmente uma Libertadores.

DELFÍN: O Delfín ficou no quase. O time não precisava vencer para se classificar, o empate bastava. Com isso, jogou justamente para empatar. Se retrancou, fez uma cera exponencial e praticamente não foi ao ataque para não se expor. Mas se defendeu bem menos seguramente do que deveria pela postura que teve. E tomou o gol em bola parada. Não teve capacidade para reagir. No fim das contas, deu a lógica. Como previsto, o clube equatoriano está eliminado da Copa Sul-Americana já na fase de grupos. Agora o golfinho só volta a jogar em agosto, pelo Campeonato Equatoriano.

ARBITRAGEM: O chileno Felipe González e o assistente do VAR mostraram despreparo para uma partida decisiva. O apitador foi incapaz de coibir a cera do Delfín, deu acréscimos ridículos e cometeu diversos erros técnicos bobos, ainda que felizmente nenhum deles tenha sido comprometedor. O homem do vídeo, por sua vez, chamou o do apito para checar um possível pênalti para o Inter em lance onde Bruno Henrique de fato é chutado na área, mas estava claramente impedido. Revisão totalmente fora do protocolo. Arbitragem de várzea, como tem sido padrão na Copa Sul-Americana, mas que ao menos não interferiu diretamente no resultado com erros.

FICHA TÉCNICA:
🗒️ INTER: Fabrício; Hugo Mallo (Bustos), Vitão, Robert Renan e Renê; Fernando, Aránguiz (Lucca), Bruno Henrique (Wanderson) e Wesley (Igor Gomes); Alan Patrick e Alario (Thiago Maia). Técnico: Eduardo Coudet.
🗒️ DELFÍN: Heras; Goitea, Gariglio e Elordi; Cuero, Humanante, Mejía, Miño (Mieles), José Angulo e Reyes; Messiniti (Alman). Técnico: Juan Pablo Buch.
⚽ Gol: Alario (Inter)
👟 Assistência: Vitão (Inter)
🟡 Cartões amarelos: Wanderson e Thiago Maia (Inter) | Humanante e Goitea (Delfín)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨‍⚖️ Árbitro: Felipe González (Chile)
🏟️ Local: Estádio Alfredo Jaconi, Caxias do Sul-RS

BOLA DE OURO DO JOGO: Fernando/Inter | FOTO: Ricardo Duarte/Sport Club Internacional

--

--

Jonathan da Silva
Jonathan da Silva

Written by Jonathan da Silva

A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

No responses yet