O BRASIL SURGE NA COPA AMÉRICA

Jonathan da Silva
7 min readJun 29, 2024

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Com a eficiência que faltou na estreia, o Brasil goleou o Paraguai por 4 a 1 em Las Vegas pela Copa América. Desta vez o time canarinho soube juntar suas principais peças para criar melhor e teve o protagonista Vinicius chamando a responsabilidade para resolver a parada. Já o time paraguaio até foi aguerrido e valente, mas cometeu erros demais e está eliminado da competição continental.

O Brasil mostrou a que veio já nos minutos iniciais. Durante os cinco primeiros minutos, o conjunto canarinho teve chegadas perigosas ao atrair o Paraguai para fora do próprio campo e atacar os espaços surgidos em função disso com velocidade. Vini já expôs a vontade e a malícia com que veio a campo, chamando a responsabilidade, criando perigo. O time paraguaio, por sua vez, optou por não fazer a retranca que a Costa Rica fez e assumiu o risco defensivo disso. Naquele momento inicial, no entanto, faltou parceria ao camisa 7 brasileiro para algo mais contundente realmente acontecer.

Após resistir no comecinho do jogo, o Paraguai mostrou que, ao querer jogar, também poderia ser perigoso. Dos cinco aos vinte minutos, para a surpresa do público, foi o time de Daniel Garnero quem esteve ligeiramente melhor. Muito pela altíssima intensidade que colocou em campo naquele momento. Ousou marcar alto, teve sempre mais de um jogador diante do brasileiro que tivesse a bola, não deu conforto ao Brasil. E ao ter a pelota, saindo em uma espécie de 3–5–2, a albirroja conseguiu avançar pelo corredor central diante de uma marcação relativamente passiva do 4–4–2 brasileiro, que deu claras brechas entre as linhas. O time de Dorival confundiu a tentativa de atrair o rival para fora do lugar com falta de combatividade, omissão, assistir o toque de bola adversário. Com isso, principalmente Enciso e Almirón criaram boas jogadas e o Paraguai levou perigo em chutes de média distância. Alisson precisou intervir bem para o Brasil não sair atrás no placar.

No entanto, é inviável manter por muito tempo uma intensidade do tamanho da paraguaia naquele período do jogo. Deste modo, a partir da metade do primeiro tempo, sem toda aquela pressão desde o começo das jogadas, o Brasil voltou a gostar do jogo. E, desta vez, com melhor organização. O isolamento de Vini na ponta deixou de ser o padrão. O craque apareceu bem mais por dentro e teve a aproximação de colegas para trabalhar a bola. Com isso, o time brasileiro largou os cruzamentos forçados sem presença de área e passou a procurar passes rápidos de primeira e infiltrar a partir de combinações. Aquilo que deu certo também contra a Costa Rica, mas não resultou em gol por falta de eficiência. Hoje, deu. Deu porque o Brasil acertou ainda mais nas triangulações e teve poder de decisão. É verdade que Paquetá desperdiçou um pênalti ainda no 0 a 0, mas logo na sequência ele mesmo participou de uma grande combinação e deu a assistência para Vinicius Júnior, pelo meio, abrir o placar para o time canarinho aos 34 minutos de jogo. Um Brasil que juntou seus melhores jogadores por dentro e conseguiu ser envolvente. Mereceu o gol e finalmente o fez na Copa América.

Com a abertura de placar do Brasil, a confiança tomou conta do lado canarinho e o desespero, do lado paraguaio. O time de Dorival percebeu que as jogadas trabalhadas a partir de compactação por dentro eram o rumo e repetiu a jogada por mais diversas vezes, continuando a produzir perigo com qualidade. O Paraguai, sem se encontrar em uma frágil segunda linha de marcação de três meias, passou a acumular erros técnicos em consequência de não encontrar os encaixes defensivos. O segundo gol brasileiro, em mais uma jogada bem tramada, surge após Espinoza cortar mal e entregar a bola para Sávio botar na rede aos 42 minutos. Alguns minutos depois, Alderete domina mal em uma tentativa de recuperação de bola e entrega a bola nos pés de Vinicius Júnior, que de primeira faz o terceiro gol verde e amarelo aos 49 minutos. Se o físico pesou na primeira metade da etapa inicial, o mental desempenhou o mesmo papel na segunda parte. Vacilos paraguaios, oportunismo brasileiro. O bom nível da criação de jogadas esteve desta vez acompanhado de eficiência e o Brasil foi ao intervalo com uma belíssima vantagem de 3 gols a 0.

Sem surpresa para ninguém, a Seleção Brasileira não voltou no mesmo ritmo para o segundo tempo com a vantagem no placar. Sem a mesma velocidade na circulação de bola, sem grande pegada na marcação e novamente com os pontas isolados nas beiradas. O Paraguai, ainda desesperado, retomou aquela intensidade insana dos seus melhores momentos do primeiro tempo. Marcou alto, dominou a posse e arriscou de fora da área. Em um desses chutes, Alderete se redimiu da falha no terceiro gol do Brasil e fez o primeiro tento paraguaio, descontando no placar. E a albirroja seguiu tentando algo nos minutos seguintes, repetindo o expediente, mas parou em Alisson e em bloqueios da defesa brasileira, que foi se reestruturando aos poucos.

Mas novamente o ímpeto paraguaio durou apenas enquanto as pernas aguentaram. A partir dos quinze minutos da segunda etapa, novamente este ritmo cessou e aos poucos o Brasil foi voltando a ter o controle do jogo. Desta vez sem a mesma aproximação por dentro para criar, já sem a mesma agressividade e necessidade de construir o resultado, mas ainda assim levando perigo ao chegar ao fundo pelas beiradas, conseguindo algumas diagonais produtivas. E foi assim que conseguiu o segundo pênalti do jogo, aos 18 minutos, em chute de Sávio que bateu nas mãos de Villasanti. Desta vez Paquetá converteu e praticamente matou a partida ao colocar o 4 a 1 no placar.

De novo com três gols de desvantagem, o Paraguai não teve mais forças para esboçar uma nova tentativa de reação. Até voltou a procurar o ataque, mas sem a mesma velocidade, sem as mesmas brechas e sem as individualidades, como Enciso, fazendo a diferença. Alisson não teve mais muito trabalho. O Brasil, com as trocas de Dorival, foi ganhando em fôlego e acumulando contra-ataques promissores diante de um time paraguaio bem mais exposto. No entanto, sempre pelas beiradas, com pouca aproximação, facilitando o trabalho da cobertura albirroja. O jogo naturalmente caminhou para não ter mais gols. Mesmo com a temperatura das divididas aumentando, vários cartões aparecendo e Cubas, do Paraguai, sendo expulso de forma direta por entrada em Douglas Luiz. As brigas apareceram, os lances de perigo não. 4 a 1 consolidado.

O Brasil foi justo vencedor em Las Vegas. O Paraguai foi mais corajoso que a Costa Rica e tentou jogar, mas nã soube dosar adequadamente a intensidade para conseguir ser agressivo e competitivo por mais tempo no jogo. Jogou pela vida, ficou sem pernas cedo nas duas etapas e acumulou erros que o fizeram sofrer uma goleada. A Seleção Brasileira, além do oportunismo nos vacilos paraguaios, teve mais aproximação de seus principais jogadores que na estreia, o que consequentemente gerou mais passes rápidos de primeira, mais combinações e melhores chegadas na área. A eficiência naturalmente apareceu, ainda mais com Vini chamando a responsabilidade de protagonista do jogo. Após o tropeço na estreia, o Brasil surge na Copa América e vai para a última rodada podendo ser líder do grupo. O Paraguai, com duas derrotas, está eliminado de forma precoce.

PARAGUAI: Sobrou coração, faltou cabeça ao Paraguai. A equipe de Daniel Garnero competiu bem enquanto teve pernas e pôde correr bastante para combater, marcar alto e chegar na área brasileira para arriscar chutes de média distância. Mas não soube prolongar estes bons momentos, tampouco ser eficiente para compensá-los. Não dosou, não descansou. Quando perdeu ritmo, apenas acumulou erros e entregou o jogo. Talvez tivesse sido melhor mesclar momentos de pressão e atração do Brasil para seu campo. Não foi a prática. Com a dura derrota, a Seleção Paraguaia dá adeus para a Copa América antes mesmo da última rodada da fase de grupos.

BRASIL: O nível do Brasil não foi tão superior ao da estreia quanto o placar dá a entender, o que aconteceu foi que o time canarinho melhorou exatamente os detalhes que precisava aprimorar da estreia. Se pediu mais aproximação por dentro, com Vini por ali: teve. Se pediu maior repetição dos passes rápidos, de primeira, para combinações: teve. Se pediu maior eficiência nas finalizações: teve. O camisa 7 chamou a responsabilidade e os companheiros cresceram juntos. Foi, sobretudo, uma demonstração de personalidade do time brasileiro. Com o grande triunfo, o Brasil chega a quatro pontos e encaminha a classificação para as quartas de final. No entanto, para ser primeiro da chave precisará vencer a Colômbia, que não perde há 25 partidas.

ARBITRAGEM: O apitador Piero Maza não foi convincente em Las Vegas. Os dois pênaltis para o Brasil foram cabíveis, pois os jogadores paraguaios tentam tirar a mão do caminho da bola, mas inicialmente saltam de braços abertos. Já a expulsão de Cubas não tem cabimento, não houve agressão. Fora isso, o chileno omitiu diversas faltas claras para tentar deixar o jogo rolar. Confundiu fluidez com permissividade. Chegou a perder o controle emocional do jogo em função disso.

FICHA TÉCNICA:
🗒️ PARAGUAI: Morínigo; Velázquez, Balbuena, Alderete e Espinoza (Néstor Giménez); Cubas, Villasanti e Bobadilla (Caballero); Almirón (Ramón Sosa), Enciso (Kaku) e Alex Arce (Adam Bareiro). Técnico: Daniel Garnero.
🗒️ BRASIL: Alisson; Danilo, Éder Militão (Gabriel Magalhães), Marquinhos e Wendell; Bruno Guimarães (Douglas Luiz), João Gomes, Lucas Paquetá (Andreas Pereira), Sávio (Raphinha) e Vinicius Júnior; Rodrygo (Endrick). Técnico: Dorival Júnior.
⚽ Gols: Alderete (Paraguai) | Vinicius Júnior [2×], Sávio e Lucas Paquetá (Brasil)
👟 Assistência: Lucas Paquetá (Brasil)
🟡 Cartões amarelos: Balbuena e Caballero (Paraguai) | Wendell, Lucas Paquetá e Vinicius Júnior (Brasil)
🔴 Cartão vermelho: Cubas (Paraguai)
👨‍⚖️ Árbitro: Piero Maza (Chile)
🏟️ Local: Allegiant Stadium, Las Vegas-EUA

BOLA DE OURO DO JOGO: Vinicius Júnior/Brasil | FOTO: FIFA/Reprodução

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Jonathan da Silva
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Written by Jonathan da Silva

A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

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