NO RETORNO DO BEIRA-RIO, INTER É SOLIDÁRIO E DÁ VITÓRIA AO VASCO

Jonathan da Silva
8 min readJul 8, 2024

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O Vasco da Gama venceu o Internacional por 2 a 1 no retorno do futebol ao Estádio Beira-Rio após as inundações no Rio Grande do Sul. Na partida válida pela 15ª rodada do Brasileirão, venceu quem foi menos incompetente. Quando o cruz-maltino ofereceu a vitória ao colorado, o time da casa recusou. Quando os comandados de Eduardo Coudet fizeram o mesmo para os visitantes, a equipe carioca não desperdiçou a conseguir de levar três pontos importantes.

Fora do padrão dos últimos tempos e certamente inspirado pela volta do Beira-Rio, o Internacional começou o jogo fazendo pressão. A marcação alta lembrou os antigos momentos de um time agressivo e, em consequência disso, produtivo. Em menos de dez minutos, o colorado já havia forçado o Vasco a errar quatro saídas de bola. Foi um domínio claro. E ao ter a posse, a equipe de Coudet conseguia atrair o pouco combativo conjunto cruz-maltino para fora do lugar e explorar espaços nas costas dos defensores. Estava tudo bem roteirizado para o Internacional sair na frente do placar. Até mesmo boas chances de gol surgiram, seja em cruzamentos ou em chegadas pelo meio entre as espaçadas linhas do 4–4–2 vascaíno. Mas a ineficiência vermelha impressionou novamente, seja nas finalizações ruins ou no último passe equivocado. O colorado teve mérito em conseguir forçar o Vasco a conceder as brechas necessárias para a abertura do placar, mas o próprio Inter não soube se aproveitar disso. Mesmo com forte pressão vermelha na primeira metade da etapa inicial, o jogo não saiu do 0 a 0.

Na segunda parte do primeiro tempo, o Inter seguiu tendo o controle da partida e flertando com o gol mesmo sem pressionar tão intensamente na marcação adiantada. O Vasco até tentou sair mais para o jogo, mas continuou sem dinamismo e forçando lançamentos para um isolado Vegetti, que não tinha colegas para trabalhar uma jogada e não conseguia reter a bola. A posse voltava sempre para o colorado. E por mais que o time carioca tivesse melhorado a postura na marcação, os espaços seguiam surgindo porque a movimentação não era consistente. O Inter seguia conseguindo combinar nas entrelinhas e ter chegadas pelas beiradas. Todavia, os cruzamentos vermelhos batiam na defesa. Os chutes de média distância não iam para o alvo. Por mais que o colorado rondasse a área, faltava presença dentro dela para fortalecer as bolas cruzadas, dar mais opções de jogada e mesmo atrair a zaga para viabilizar as finalizações. No fim das contas, um Inter impreciso e pouco pisador na área não foi capaz de superar um Vasco esforçado, mas exposto. O placar foi zerado ao intervalo.

No retorno para o segundo tempo, o Vasco tentou surpreender nos primeiros minutos e foi perigoso. Adiantou a marcação e aproximou os pontas de Vegetti para não ter suas jogadas mortas já na primeira bola. Deste modo, os contra-ataques apareceram. As bolas paradas foram consequência disso. E nelas, o forte jogo aéreo vascaíno quase resultou na abertura do placar. Em menos de cinco minutos da etapa final, o cruz-maltino teve mais chances que em todo o primeiro tempo. O colorado escapou de ser punido logo cedo pela ineficiência demonstrada.

No entanto, isto foi passageiro. Logo após o susto, o Internacional voltou a dominar as ações. Voltou a se instalar no campo de ataque. Voltou a pressionar. Mas o que já era uma fraca presença de área no primeiro tempo ficou ainda pior com a saída de Lucca Drummond e a centralização de Hyoran como referência do ataque. Decisão totalmente descabida de Eduardo Coudet. Por mais que tenha acertado em colocar Wesley e Wanderson em campo para dar ainda mais produtividade pelas beiradas, a situação pelo meio ficou pior. Os cruzamentos tinham ainda menos chances de dar certo e naturalmente foram controlados pela defesa vascaína. Alan Patrick, fazendo chover entre as linhas, manteve o time produtivo, mas novamente faltaram detalhes na hora H que certamente seriam ajudados se tivesse alguém mais adaptado ao setor por ali para ajudar o camisa 10.

Sem o Internacional conseguir se impor na frente mesmo com um claro domínio do jogo, uma grande surpresa aconteceu aos 15 minutos da segunda etapa. Robert Renan, com uma pressão discreta de Adson, escorregou e caiu sozinho durante a saída de bola vermelha. O ponta vascaíno roubou a pelota, correu em diagonal, fintou Fernando e abriu o placar para o Vasco inesperadamente. O cruz-maltino, que parecia refém, se segurando aos trancos e barrancos, acabou colocando uma bola na rede quase que sem saber como. Se faltou eficiência ao colorado para se aproveitar das fragilidades vascaínas, o Vasco não jogou fora uma chance claríssima concedida pelo Internacional.

A partir do gol vascaíno, as coisas desandaram de vez do lado colorado. Mais uma vez o Internacional mostrou pouca força mental ao sair perdendo e foi imaturo. Já em desvantagem, Coudet finalmente resolveu colocar um homem de área no lugar de Hyoran, o argentino Lucas Alario. No entanto, o time começou a cometer bem mais erros técnicos que antes, se movimentou menos, perdeu mais a bola na intermediária e teve bem menos competência na marcação adiantada, sem conseguir matar contra-ataques rivais já na origem. Por sua vez, o Vasco, mais confiante, passou a explorar ainda mais de contra-ataques, com o objetivo de matar o jogo em um momento propício. Tirou proveito da instabilidade emocional dos donos da casa, bem como da falta de consistência vermelha na transição defensiva. Foram alguns contragolpes perigosos da equipe cruz-maltino até que o zagueiro Lyncon de fato ampliou o placar em bola aérea após escanteio aos 27 minutos. Justo, pois naquele momento o Vasco flertava mais com o segundo gol do que o Inter com o primeiro.

Com 2 a 0 de vantagem, o Vasco naturalmente se recolheu ao campo defensivo e concentrou-se em administrar o resultado, sem contra-atacar com tanta frequência para não se complicar na marcação. O Inter, todavia, já não era nem sequer uma caricatura do que havia sido no próprio jogo antes de sair perdendo. Parou de ter competência na troca de passes e movimentação. Virou de vez um chuveirinho sem critério e com desespero. No entanto, ainda assim foi perigoso. Definitivamente a defesa vascaína é muito insegura. Aos 34 minutos, Bustos recebeu enfiada de Bruno Gomes e descontou no placar ao superar a marcação de Léo Pelé com muita facilidade. Alguns cabeceios e chutes de média distância colorados passaram não muito longe. E nos acréscimos, Robert Renan acertou uma bola na trave após cruzamento de Alan Patrick. Mesmo com todo o esforço do Vasco para evitar as bolas cruzadas, elas surgiram porque o posicionamento cruz-maltino ainda deixa a desejar. Mas por sorte, o triunfo não escapou. Ou, claro, por incompetência do Internacional de novo.

No final da história, venceu quem foi mais eficiente. Ao longo de partida, de fato o Vasco demonstrou mais fragilidades coletivas e o Inter foi superior, chegando com bem mais volume no ataque e criando uma quantidade maior de chances. No entanto, o resultado não se dá por julgamento de quem foi melhor ou pior, mas sim por bola na rede. E isto, o colorado não foi capaz de colocar em 99% das chegadas que teve. O cruz-maltino, quando teve as escassas oportunidades para fazer gol, aproveitou mesmo que estivesse desconfortável no jogo. Mostrou oportunismo e efetividade. Escondeu as fragilidades defensivas com bom mental e muito esforço. Portanto, surpresa consumada no Beira-Rio. Mesmo com tudo indicando uma vitória do Internacional, foi o Vasco da Gama que obteve os três pontos no retorno do futebol ao estádio colorado após mais de dois meses. De um lado, a recuperação segue tomando forma; de outro, a crise se instala cada vez mais.

INTER: A torcida colorada levou um balde de água fria no retorno do seu clube ao Estádio Beira-Rio. Foi logo com a primeira derrota no Gigante em 2024. As expectativas eram grandes e o tombo foi maior. Tanto pela perspectiva prévia ao jogo quanto pelo cenário de ataque contra defesa visto nele próprio, tudo indicava um final feliz. Mas os erros vermelhos atrás e na frente estragaram tudo. Não adianta se ter uma postura boa e rendimento razoável se a ineficiência é maior que a criatividade. Se o técnico toma decisões que pioram o time e dificultam a criação de jogadas. A realidade é que o Vasco ofereceu os três pontos ao Inter, mas o colorado foi incompetente e acabou por devolvê-los de forma ridícula. Com este tropeço lamentável em casa, as chances coloradas de brigar pelo título estão praticamente zeradas. A irregularidade e a inconsistência cobram um preço caro. E a crise é iminente. Eduardo Coudet não consegue encontrar rumos para o seu time e fica estacionado no meio de tabela no Brasileirão. Agora, o duelo contra o Juventude pela Copa do Brasil ganha um tamanho ainda maior para o Inter.

VASCO DA GAMA: Quem diz que o Vasco venceu por ter jogado bem é romântico. A realidade é que o cruz-maltino não foi consistente em Porto Alegre. A vitória veio pela eficiência no ataque e pela resiliência. A defesa foi insegura o jogo inteiro, concedendo chances ao Internacional o tempo todo. No entanto, o adversário não aproveitou e o Vasco se manteve vivo. Ofensivamente, o time de Rafael Paiva demorou a finalmente entrar no jogo, mas foi perigoso quando aproximou gente de Vegetti. E aí teve seu maior mérito, pois soube explorar espaços em contra-ataques e não desperdiçou chances claras. Mesmo desconfortável do início ao fim, o cruz-maltino não se desesperou com o sofrimento e achou e sustentou uma vitória importantíssima fora de casa. No retorno do Gigante da Beira-Rio, quem saiu feliz foi o Gigante da Colina. Agora, com dois triunfos seguidos, o Vasco é 13º colocado do Brasileirão com 17 pontos, cinco acima da zona de rebaixamento e oito atrás do G6. Oportunidade de virar a chave.

ARBITRAGEM: O catarinense Gustavo Bauermann e toda sua equipe fizeram um trabalho bastante seguro no Beira-Rio. Nenhum erro grave, gols legais, temperatura amena e jogo fluente. Além de tudo, conduziu bem a situação do choque entre Renê e Rojas. Desempenho positivo da arbitragem.

FICHA TÉCNICA:
🗒️ INTER: Fabrício; Bustos, Igor Gomes, Fernando e Renê (Robert Renan); Rômulo, Bruno Gomes (Gustavo Prado), Bruno Henrique (Wesley) e Hyoran (Alario); Alan Patrick e Lucca Drummond (Wanderson). Técnico: Eduardo Coudet.
🗒️ VASCO DA GAMA: Léo Jardim; Paulo Henrique, Robert Rojas (Lyncon), Léo e Leandrinho; Sforza, Mateus Carvalho (Zé Gabriel), JP (Praxedes), Adson (Rayan) e Rossi (Erick Marcus); Vegetti (Victor Luis). Técnico: Rafael Paiva.
⚽ Gols: Bustos (Inter) | Adson e Lyncon (Vasco da Gama)
👟 Assistência: Bruno Gomes (Inter)
🟡 Cartões amarelos: Wesley e Alan Patrick (Inter) | Paulo Henrique e Praxedes (Vasco da Gama)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨‍⚖️ Árbitro: Gustavo Ervino Bauermann (Santa Catarina)
🏟️ Local: Estádio Beira-Rio, Porto Alegre-RS

BOLA DE OURO DO JOGO: Adson/Vasco da Gama | FOTO: Leandro Amorim/CRVG

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Jonathan da Silva
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Written by Jonathan da Silva

A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

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