NEM AZUL, NEM VERMELHO
O North West London Derby foi marcado pelo equilíbrio e Chelsea e Arsenal ficaram no 1 a 1 em Stamford Bridge pela 11ª rodada da Premier League. Entre idas e vindas, os gunners tiveram mais a bola e os blues procuraram se impor de forma reativa, mas um basicamente anulou o outro e ninguém conseguiu encurtar a distância para os líderes. Com isso, tudo continua como antes, com os azuis na terceira colocação e os vermelhos, na quarta.
Quem tomou a iniciativa nos primeiros minutos de jogo foi o mandante Chelsea. Com o objetivo de se impor em casa logo de imediato para administrar a vantagem de forma reativa depois, os blues marcaram o Arsenal de forma adiantada e agressiva. Combates na saída de bola, bastante gente no campo de ataque e recuperações constantes de posse da intermediária para a frente. Em algumas diagonais de Madueke e movimentos de Cole Palmer nas entrelinhas, os azuis chegaram a levar perigo. Todavia, apesar da objetividade e ritmo veloz, os comandados de Enzo Maresca passaram longe de realmente converter esta pressão inicial em vantagem no placar. Os gunners, apesar de um pouco vagarosos, estavam preparados para evitar o pior nas coberturas.
Passado o décimo minuto de partida, o clássico entrou no panorama mais esperado na prévia, com o Arsenal mais detentor da bola e o Chelsea apostando no jogo mais vertical. Todavia, ao mesmo tempo em que este cenário se instaurou, a adrenalina e a emoção diminuíram. O confronto entrou mais em uma esfera de estudo tático que perdurou até o intervalo. Os gunners propunham, mas não conseguiam trocar passes rápidos em direção à área em função da marcação organizada, intensa e de bons encaixes feita pelos blues no 4–4–2 sem a pelota. Ødegaard, o cérebro ofensivo, acabou participando pouco e a dependência do time esteve em jogadas de recuperação de posse na saída de bola do Chelsea e em tentativas pelas laterais. Pouco produtivo. Os azuis, por sua vez, mesmo com a ideia reativa, também não construíram muita coisa. Diante da boa e compacta marcação alta do rival, foram poucas transições encontradas, bem como raros os momentos de retenção da pelota nos pés e proposião de jogo. As esperanças estavam em bolas longas para Madueke escapar nas costas da defesa, o que até chegou a acontecer, mas o apoio do restante do time esteve pouco próximo ou em lugares nada propícios para um passe que gerasse chance de perigo. Com isso, um lado anulou o outro. As defesas se impuseram. Duelo de pouco perigo após o início intenso. A ida ao intervalo foi marcara por um 0 a 0 categórico.
O segundo tempo trouxe de volta com ele o Chelsea que procurava atacar e fazer valer o mando de campo. Não pressionador de saída de bola como na etapa anterior, já que o Arsenal não prendia a pelota atrás, mas dominador da posse, com os Gunners focados em proteger-se no próprio campo em seu 4–4–2 que virava praticamente um 4–6–0 já que Ødegaard e Havertz se juntavam aos volantes para marcar. Não havia muito espaço para os blues jogarem por dentro, o que obviamente os levou a procuraram novamente muito por Madueke e suas diagonais ou cruzamentos. Todavia, desta vez o time da casa não soube ser perigoso. Não deu trabalho algum a Raya nos minutos iniciais. Melhor preparo por parte do Arsenal.
Além disso, a evolução dos gunners neste cenário de iniciativa do Chelsea não se deu apenas no aspecto defensivo. Desta vez, o Arsenal não era apenas uma equipe inocente tratando de resistir na defesa. Sem a bola, o time também apertava na marcação e procurava constantes contra-ataques nas costas da defesa adiantada dos blues, especialmente com a velocidade de Gabriel Martinelli pela esquerda. Foram alguns contragolpes perigosos que não terminaram em gol apenas por falta de melhores opções pelo meio para o brasileiro passar, o que o obrigava a fazer diagonais e tentar resolver tudo sozinho. Contudo, aos 14 minutos, Ødegaard desarmou Colwill já na saída de bola do Chelsea e cruzou para Martinelli, com sua profundidade, finalizar quase sem ângulo para abrir o placar para o time vermelho. Começo matreiro e eficiente dos visitantes. Vantagem justa.
Após o gol do Arsenal, naturalmente se estendeu o período em que o Chelsea teve a posse de bola. Todavia, o cenário em que os gunners se favoreciam disso não teve o mesmo caminho. Sem necessitar das transições rápidas para conseguir a vantagem no placar, o time de Arteta não soube encontrar um meio-termo entre ser agressivo e passivo, e acabou indo mais para esta última alternativa. Apesar de estar postado atrás, saiu do lugar de forma equivocada algumas vezes, bem como perdeu duelos individuais que geraram espaços entre suas linhas de marcação. Ao mesmo tempo, os blues mostraram variações táticas. A principal delas, a presença de Pedro Neto também pelo meio, não apenas como ponta, sendo justamente esta opção nas entrelinhas vermelhas. E foi justamente ele que, aos 24 minutos, recebeu um bom passe do recém-ingressado Enzo Fernández e, naquele espaço, chutou de fora da área e empatou o jogo. Má administração por parte do Arsenal e reação rápida do Chelsea, sem necessitar de uma grande pressão para tal.
Contudo, o placar igualado foi um ímã para a partida retornar para aquela fase em que os gunners tinham mais a bola e propunham jogo enquanto os blues apostavam em se proteger e angariar contra-ataques. E foi incrível como, mesmo com diversas mudanças de peças de ambos os lados, o andar do jogo foi extremamente semelhante àquele visto na maioria do primeiro tempo. Com mais intensidade, motivada pelo desespero dos dois lados, mas com os mesmos detalhes táticos gerais. O Arsenal tinha a bola, mas pouco fazia por dentro e vivia de cruzamentos. O Chelsea tentava sair, mas era bem marcado e só avançava em momentos de inspiração individual, o que pouco houve mesmo com a entrada de Nkunku. No fim das contas, quem esteve mais próximo do segundo gol foram os visitantes. Algumas destas bolas cruzadas pelo time de Arteta foram de perto da linha de fundo, rasteiras, com a pelota passando muito perto dos pés vermelhos dentro da área. Com mais capricho, o Arsenal poderia ter buscado a vitória mesmo em um cenário de dificuldade para se impor. Faltou aquele algo a mais que é necessário nos pontos corridos.
Resultado justo em Stamford Bridge. Ninguém realmente foi superior ao outro de uma maneira ou duração que fizesse pensar “esse jogo era meu”. Os começos melhores de cada um dos times nas diferentes etapas se anulam, como um fez com o outro na partida, e sobra um grande período de equilíbrio. Ninguém realmente jogou um futebol envolvente, dinâmico, criativo, convincente. Mas ambos marcaram de forma decente. E por isso nada mais coerente que o empate. Todavia, placar que pouco ajuda ambos, que somam apenas um pontinho, continuam igualados na pontuação e distantes de Manchester City e, principalmente, Liverpool. Para as pretensões de título de ambos os lados, mais intensas por parte dos gunners, o dérbi termina como uma trava.
CHELSEA: O Chelsea continua a ser um time sem uma cara bem definida. Não se sabe realmente qual forma de jogo e que estrutura Enzo Maresca quer aplicar. É um time que varia momentos de proposição e de reatividade sem uma movimentação clara e com uma notória dependência de inspiração individual de Madueke, Pedro Neto, Nico Jackson e, principalmente, Cole Palmer. Se eles não resolvem sozinhos, pouco acontece. Ao menos na defesa, o 4–4–2 tem se mostrado competitivo. Todavia, não nos momentos de transição defensiva. A recomposição e as coberturas também não tem princípios claros. E isto custou o empate nesta noite londrina. Resultado que limita os sonhos azuis. Com nove pontos de distância para o Liverpool e quatro para o City, além deste futebol jogado, fica difícil de imaginar que o Chelsea seja capaz de ainda brigar pelo título. Ainda assim, o atual terceiro lugar ao menos indica que é possível buscar uma vaga na Champions League se um nível mais consistente for encontrado.
ARSENAL: O Arsenal chega ao terceiro jogo seguido sem vencer. E com um desempenho frágil. Com problemas pontuais de desencaixes na defesa e um ataque com dificuldade para ser dinâmico e envolvente. Por vezes, parece que falta motivação ao time de Arteta, o que faz o torcedor questionar se o treinador não perdeu o comando do vestiário. Hoje, como contra a Inter, foi uma partida em que os gunners foram incapazes de se impor com a bola e pagaram caro por descuidos defensivos. Só foram perigosos quando o Chelsea saiu para o jogo, com contra-ataques bem armados pela esquerda. Pouco. Pouco para quem quer brigar pelo título pela terceira temporada consecutiva e ainda mais para quem quer finalmente conquistá-lo. Com a distância de agora nove pontos para o líder Liverpool e quatro para o vice-líder Manchester City, já fica difícil de acreditar. Já na 11ª rodada, os gunners já estão se conformando de que será mais um ano sem conquistar a Premier League. A oscilação não demorou a vir como nos dois anos anteriores. Amargo.
ARBITRAGEM: O experiente Michael Oliver, de tantos clássicos apitados na vida, não comprometeu. Teve coerência nos critérios, não inventou nada absurdo e controlou o calor da partida. Arbitragem muito segura em Londres.
FICHA TÉCNICA:
🗒️ CHELSEA: Robert Sánchez; Malo Gusto (Reece James), Fofana, Colwill e Cucurella; Caicedo, Lavia (Enzo Fernández), Palmer, Madueke (Mudryk) e Pedro Neto; Nicolas Jackson (Nkunku). Técnico: Enzo Maresca.
🗒️ ARSENAL: Raya; Ben White, Saliba, Gabriel Magalhães e Timber; Partey, Ødegaard e Rice (Merino); Saka (Gabriel Jesus), Gabriel Martinelli (Trossard) e Havertz. Técnico: Mikel Arteta.
⚽ Gols: Pedro Neto (Chelsea) | Gabriel Martinelli (Arsenal)
👟 Assistências: Enzo Fernández (Chelsea) | Ødegaard (Arsenal)
🟡 Cartões amarelos: Colwill, Pedro Neto, Madueke e Cucurella (Chelsea) | Ben White e Havertz (Arsenal)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨⚖️ Árbitro: Michael Oliver (Inglaterra)
🏟️ Local: Stamford Bridge, Londres-ING