MESMO COM SOFRIMENTO DIANTE DO LANTERNA, LEADERPOOL MAIS ISOLADO DO QUE NUNCA
O lanterna Southampton deu trabalho, mas o líder Liverpool teve competência para buscar uma importante vitória por 3 a 2 fora de casa pela 12ª rodada da Premier League. Ao longo do jogo, as duas defesas deram muitas brechas e os ataques fizeram a festa. No fim das contas, simplesmente venceu quem é superior tática e tecnicamente, mesmo que com sofrimento, precisando de uma virada já na reta final. Com o triunfo, os reds agora têm oito pontos de vantagem para o segundo colocado Manchester City. Grande arrancada.
O Southampton é um time que gosta de jogar com a posse de bola, mas hoje, diante do Liverpool, desde o início deixou claro que não seria esta a postura adotada. O foco do treinador Russell Martin esteve primeiramente em se defender, mas sem deixar de atacar. Em função disso e da superioridade como equipe, quem tomou a iniciativa com a pelota foi naturalmente o time visitante e líder do campeonato. E por as duas equipes tentarem jogar, ainda que de formas bem diferentes, a partida se desenhou de forma interessante. Apesar do 5–4–1 dos Saints, os reds não eram improdutivos. Circulavam a bola de um lado para o outro, se movimentavam bem para elaborar jogadas e chegavam com perigo em diagonais de Salah, cruzamentos e finalizações rápidas após roubar a bola no ataque, já que marcação alta também foi uma das virtudes. Do outro lado, ao ter a pelota, o Southampton sempre quis sair jogando de forma bem trabalhada também. Desde trás, com bola no chão, e eventuais momentos de lançamento para Onuachu trabalhar com Armstrong e Dibling. Como a defesa do Liverpool sofria na recomposição quando não matava as jogadas no ataque, se desenhava um duelo aberto. Mais posse para o time de Arne Slot, mas o de Russell Martin, apesar de recuado, também procurando jogar.
Contudo, o cenário de certa abertura tende a favorecer quem tem mais qualidade. Apesar da coragem, a saída de bola desde trás tem sido um problema do Southampton desde o início do campeonato. Há uma intenção positiva que esbarra na falta de capacidade técnica e movimentação para ter segurança. O Liverpool, especialista em pressionar na marcação, forçou os donos da casa a diversos erros já na primeira etapa. E em um deles, aos 29 minutos, Downes entregou uma bola de presente a Szoboszlai, que arriscou da entrada da área e abriu o placar para o líder. Foi o sétimo gol sofrido pelos saints na Premier League assim. Foi mais um dos incontáveis na história recente dos reds. Fragilidade de um, virtude de outro. Após algumas chegadas, o time de Arne Slot saiu na frente como mandava o figurino.
Apesar do gol do Liverpool, o jogo não mudou drasticamente de figura na reta final do primeiro tempo. Ainda que quisesse buscar o empate, o Southampton seguia optando por uma marcação mais recuada, sem pressionar tanto, esperando o erro dos reds para apostar em transições, mas sempre com apoio consistente. Com isso, o time visitante seguia com maior posse de bola e chegando com relativo perigo em inversões, bolas cruzadas e chutes de média distância. Parecia tudo sob controle. Entretanto, um setor do time de Arne Slot não estava seguro hoje: a defesa. Nos poucos ataques do time da casa, a recomposição red vinha deixando a desejar. E aos 41 minutos, comprometeu de vez. Van Dijk saiu jogando errado, o Southampton armou um bom contra-ataque com poucos passes e Dibling cavou um pênalti. Kelleher até defendeu a cobrança de Armstrong, mas no rebote o ponta dos saints empatou o jogo. Grande surpresa. O lanterna conseguiu levar o jogo contra o líder empatado para o intervalo. Faltou eficiência e até mais ritmo para o Liverpool fazer valer a superioridade que, sim, teve, na etapa inicial.
E as surpresas não pararam por aí. O segundo tempo começou quase que como uma continuidade do primeiro. O Liverpool atacava, procurando trabalhar de forma elaborada, até chegando com relativo perigo, mas sem a devida contundência e velocidade para se impor diante de um time claramente inferior. E o Southampton apostava nas transições bem trabalhadas. Aos 10 minutos, após um escanteio para os reds, surge a oportunidade ideal para os saints armarem um bom contragolpe. O time de Arne Slot, mal postado, não consegue matar a origem na jogada e Dibling faz grande inversão para Armstrong já no campo de ataque. O ponta domina, limpa a marcação e toca para Mateus Fernandes, livre, virar o jogo. Apagão geral do Liverpool na recomposição, decisões de pura felicidade do Southampton na construção do lance. O primeiro colocado estava perdendo para o último. Era uma zebra de listras vermelhas e brancas aparecendo.
Todavia, após os donos da casa passarem a frente, o jogo teve uma mudança drástica de cenário. Aí sim o Southampton recuou de vez e o Liverpool passou a intensificar as ações ofensivas. Arne Slot, parecendo até um técnico do futebol sul-americano, esperou o problema acontecer para mexer no time, com as entradas de Luis Díaz e Alexis Mac Allister nos lugares de Curtis Jones e Gakpo para dar outro fluxo às jogadas. A partida virou um categórico ataque contra defesa pelo restante da segunda etapa. E mesmo com a retranca dos saints, os reds passaram longe da improdutividade. Com a velocidade na troca de passes e a movimentação mais forte, o time de Arne Slot conseguia abrir buracos na defesa rival a partir de atração da marcação. E chegava na área não só com cruzamentos, mas também tabelando com inteligência, enfiando bolas e chutando da entrada da área. Tinha dificuldade para acertar o gol pela grande quantidade de peças do adversário dentro da área, mas era sempre perigoso. Estava claro que no primeiro descuido do lanterna, o líder igualaria o placar.
Não deu outra. Aos 19 minutos, o Liverpool puxou a bola para trás, atraiu o Southampton para fora do lugar e Gravenberch deu um lindíssimo lançamento para Salah infiltrar nas costas da defesa adversária. O craque egípcio fez bem a diagonal e finalizou com precisão na saída do goleiro McCarthy para empatar o jogo. E com a manutenção da pressão, a virada também foi questão de tempo. Aos 35 minutos, em um dos cruzamentos perigosos do Liverpool, Sugawara meteu a mão na bola e deu a oportunidade de ouro aos reds de passarem à frente do marcador em um pênalti. Salah, decisivo como poucos, cobrou com perfeição e recolocou o líder do campeonato em vantagem. Houve sofrimento, mas o time de Arne Slot buscou a reversão a partir da variação de jogadas, do talento individual e, sobretudo, da competência como time. Não só ficou forçando levantamentos e chutes de longe. Trabalhou. Construiu. Virou.
E na reta final, após a virada, diferente do que poderia se esperar, o Southampton não esboçou sair para tentar o empate. Continuou recuado, sem forças para superar a marcação ainda agressiva do Liverpool e ao menos contra-atacar com perigo. Não, os reds seguiram chegando com força, lotando o campo de ataque, dominando a posse a partir dos desarmes perto da área rival e chegando com perigo nos cruzamentos, inversões, enfiadas e jogadas individuais. Salah teve outras chegadas de muito perigo para matar de vez o jogo e ainda chegar a um hat-trick. Por pouco não aconteceu. Mas o Liverpool garantiu os três pontos sem sofrimento nos últimos minutos. Maduro.
Uma vitória de pontos corridos. Quem quer ser campeão em um campeonato contra o Manchester City de Pep Guardiola não pode perder pontos para o lanterna. O jogo ser difícil pela postura defensiva e os contra-ataques do Southampton não é algo fora do comum. Contudo, mesmo sem jogar tudo que é capaz, o Liverpool precisava vencer a qualquer custo. E conseguiu. Não de maneira aleatória, pois construiu seus gols com organização, mas com um roteiro de alto sofrimento em função dos percalços defensivos. Todavia, um time que leva uma virada do último colocado, o que poderia gerar uma crise emocional enorme, e revira o placar mostra o caráter que tem. Na adversidade, o time de Arne Slot soube se reajustar e se impor. Com mais uma vitória fora de casa, o Liverpool não joga no lixo a chance de abrir oito pontos para o vice-líder City. Com 10 vitórias em 12 jogos na arrancada da Premier League, o título já é a única coisa que os reds miram. E os saints, com o oposto, 10 derrotas, esperam por um milagre para escapar do rebaixamento. Com a inconsistência defensiva que têm será difícil. Mais um jogão do futebol inglês!
SOUTHAMPTON: A partida diante do líder Liverpool foi apenas mais uma faixa no disco do lanterna Southampton nesta Premier League. Um time que é competitivo ofensivamente, mas comete erros grosseiros na defesa em quantidade industrial e não vence jogos. Russell Martin sabe fazer os saints serem perigosos no ataque. Seja com uma construção elaborada em troca de passes ou de forma mais vertical, como hoje, explorando espaços com bons movimentos e toques precisos. Não é pouca coisa marcar dois gols diante do primeiro colocado. O problema é que o sistema defensivo não dá nenhuma garantia de segurança. Pode entregar a paçoca a qualquer momento, como fez novamente hoje. Já sofreu sete gols em saídas de bola erradas, hoje mais um. No primeiro tento de Salah, uma atração de marcação muito básica sofrida e bola nas costas de Fraser e Stephens. E no terceiro, um pênalti absolutamente infantil de Sugawara. Isto falando só nas falhas que geraram gols, não em outros diversos erros técnicos em lances semelhantes. Quando postada no 5–4–1 atrás, a defesa saint até erra pouco, mas não tem capacidade de se mexer de forma segura. Diante de um time do nível do Liverpool, é fatal. O Southampton perde pela décima vez em 12 jogos nesta Premier League. Continua na lanterna, bem distante do penúltimo colocado. Desempenho absolutamente inconsistente.
LIVERPOOL: O jogo não foi fácil e o Liverpool não teve uma atuação exuberante, mas fez um trabalho competente e conseguiu encontrar maneiras de furar a retranca do Southampton. De início, marcando alto com efetividade e procurando jogar de forma elaborada, a partir de movimentação e circulação de bola por todos os lados, entrando na área em cruzamentos e inversões calculadas, não forçadas. No decorrer, já em situação mais dramática, acelerando mais as ações. Atraindo o adversário para fora do lugar e usando bolas longas ou trocando passes mais rápidos e diretos. Das duas maneiras soube fazer gols, não há o que reclamar do sistema ofensivo. O que deixou a desejar em alguns momentos foi a defesa. Especialmente em erros de saída de bola e no ritmo da recomposição. Tomar dois tentos do lanterna e ainda conceder outras chances realmente é um problema a ser considerado, pois outros times melhores podem executar jogo parecido e tirar melhor proveito. Mas para hoje não foi mortal. O Liverpool mostrou repertório e, sobretudo, personalidade para reverter uma desvantagem diante do lanterna Southampton e buscar mais três pontos fora de casa. Agora os reds lideram a Premier League com oito pontos de vantagem para o vice-líder Manchester City. São 10 vitórias em 12 jogos. Que começo de trabalho fantástico de Arne Slot!
ARBITRAGEM: Com a típica omissão do VAR na Inglaterra, a arbitragem foi muito mal em Southampton. Ok, Samuel Barrott acertou no pênalti marcado em toque de mão deliberado de Sugawara, mas simplesmente inventou uma penalidade máxima para o time da casa em uma falta de Robertson sobre Dibling fora da área. E com a confirmação do experiente Michael Oliver no vídeo. Ridículo. Comprometedor. Mancha a imagem da melhor liga do mundo. Isto sem falar na distribuição de cartões amarelos de forma exagerada. Pavoroso o desempenho do time de azul-claro.
FICHA TÉCNICA:
🗒️ SOUTHAMPTON: McCarthy; Walker-Peters, Harwood-Bellis, Downes, Jack Stephens e Fraser (Sugawara); Mateus Fernandes, Lallana (Aribo), Dibling e Adam Armstrong (Archer); Onuachu (Ugochukwu). Técnico: Russell Martin.
🗒️ LIVERPOOL: Kelleher; Bradley, Konaté, Van Dijk e Robertson; Curtis Jones (Mac Allister), Gravenberch, Szoboszlai, Salah e Gakpo (Luis Díaz); Darwin Núñez (Endo). Técnico: Arne Slot.
⚽ Gols: Adam Armstrong e Mateus Fernandes (Southampton) | Szoboszlai e Salah [2×] (Liverpool)
👟 Assistências: Adam Armstrong (Southampton) | Gravenberch (Liverpool)
🟡 Cartões amarelos: Lallana, Adam Armstrong e Jack Stephens (Southampton) | Bradley, Konaté, Gakpo e Salah (Liverpool)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨⚖️ Árbitro: Samuel Barrott (Inglaterra)
🏟️ Local: Saint Mary’s Stadium, Southampton-ING