LAZIO MANTÉM A LIDERANÇA
A líder Lazio se impôs diante do Porto em casa e venceu por 2 a 1 pela quarta rodada da fase de liga de UEFA Europa League. O jogo teve várias idas e vindas, com os times trocando golpes e momentos de superioridade, mas os donos da casa foram premiados pela maior segurança defensiva e pela eficiência no ataque. Os portistas podem até ter jogado um futebol mais vistoso, mas quem fez o feijão com arroz de forma madura foi o lado biancoceleste.
Quem tomou a iniciativa em Roma não foi o time da casa, mas sim o Porto. Nos primeiros minutos, quem marcou de forma adiantada e teve mais a bola nos pés foi o conjunto português. A equipe de Vítor Bruno procurou sair jogando desde trás, com os três homens da saída de bola recebendo parceria para atrair o 4–4–2 da Lazio para a intermediária, gerando espaços. Nisto, o dragão procurava sempre enfiadas de bola para Galeno ou Samu entrarem na área às costas da zaga biancoceleste. Houve perigo, mas faltou melhor acabamento para as jogadas portistas.
Além disso, a fome inicial do Porto não chegou aos dez minutos. Antes mesmo deles, a mandante Lazio resolveu sair para o jogo. Não chegou a adiantar a marcação, mas melhorou a saída de bola e passou a dominar a posse. Diferentemente do adversário, não optou por um jogo tão vertical, buscou construir de forma mais elaborada, mais terrestre. Contudo, teve dificuldade. Faltou movimentação entre os homens que começavam a jogada e a potente linha ofensiva de cinco atletas. A transição ficava prejudicada e sobrecarregava as individualidades. As esperanças ficaram em algum lampejo de Tchaouna ou Zaccagni, sempre com o carimbo de Pedro. Além das fortemente tentadas bolas paradas. Tal qual o visitante, o time da casa chegou a levar perigo assim, mas também não se impôs.
Este momento de posse de bola duradoura da Lazio durou mais que aquele inicial do Porto, mas também não permaneceu em voga por muito tempo. A partir dos 20 minutos, quem voltou a controlar a pelota foram os portugueses. Tentaram jogar da mesma forma que antes, mas a equipe italiana intencionalmente saiu pouco do lugar. Ainda assim, pela mobilidade do ataque portista, com os jogadores abertos aparecendo por dentro, algumas boas jogadas aconteceram nas entrelinhas. O que faltou para elas serem contundentes foi mais apoio, alguma chegada surpresa e, claro, um último passe melhor. Mesmo com o conjunto português mais ofensivo, os italianos seguiam com mais finalizações, seis contra uma àquela altura. E a principal chance portista no período nem veio de uma construção a partir da posse de bola. Veio em transição, quando os biancocelestes tentaram sair para um contra-ataque e deram brechas para eles próprios levarem um. Em poucos passes, Fábio Vieira fez boa diagonal e acertou a bola no travessão aos 27 minutos. Na sobra, ele próprio cruzou e Samu perdeu chance real na pequena área, em chute bloqueado. Mais uma vez faltou eficiência ao Porto.
E dentro da montanha russa que foi este primeiro tempo em Roma, os últimos minutos, já nos acréscimos, foram de nova mudança de cenário. O dragão recuou até para descansar um pouco e a Lazio voltou a propor. Com os mesmos problemas coletivos de dinamismo de antes, mas com as bolas paradas sendo esperança. E foi justamente de uma que conseguiu tirar o zero do placar. Após uma cobrança de escanteio, Taty Castellanos escorou no segundo pau para Romagnoli cabecear por cima de Diogo Costa no primeiro. Falha do goleiro, jogada feliz laziale e bola na rede aos 49 minutos. Quando tudo indicava que o jogo iria empatado ao intervalo, a Lazio abriu o placar com uma de suas melhores armas.
Ao contrário do que a vantagem indicaria, os primeiros minutos da segunda etapa foram de pressão da Lazio. A equipe da casa marcou ali sim de forma bem adiantada, controlou a posse e usou dos cruzamentos para levar perigo. O Porto conseguiu se sustentar com uma boa cobertura na frente da área, mas os biancocelestes chegaram a levar perigo. Arrancada relativamente surpreendente.
Todavia, a lógica passou a ser seguida a partir do quinto minuto do tempo complementar. Ali sim o time laziale recuou para seu 4–4–2 e entregou a bola para o Porto jogar. Com menos necessidade de sair do que antes, por ter o 1 a 0, a Lazio nem arriscava de contra-atacar com frequência, focava em se manter compactada e com os bons encaixes de marcação. Conforme os movimentos portistas, chegava a fazer uma linha de seis jogadores na defesa. Tudo isto para evitar os passes nas costas dos defensores que incomodaram antes. Neste panorama faltou repertório ao dragão. Apesar de ter a posse, faltava sair do óbvio, um movimento inesperado, um lampejo individual. A atração de marcação não acontecia mais e outros recursos não apareciam. O goleiro Mandas nem trabalhava.
O jogo foi ter uma nova reviravolta mesmo quando Vítor Bruno começou a mexer no Porto. As entradas de Pepê e Nico González nos lugares de Namaso e Varela tiraram o time portista do 4–2–3–1 para um 4–3–3 em que Fábio Vieira passara a ter liberdade pelo meio. E aí as coisas começaram a fluir. As beiradas já eram uma possibilidade interessante com a Lazio toda fechada pelo meio. Ficaram ainda mais com a equipe italiana já ensaiando contra-atacar justamente pela diminuição do poderio de marcação do dragão. Foi uma armadilha do treinador portista. Animou os biancocelestes a atacarem e passou a ter espaços para explorar em transições rápidas com Vieira, Galeno, Pepê e Samu. O resultado foi o empate. Já aos 20 minutos, Fábio Vieira deu grande enfiada para Galeno, que infiltrou pela beirada esquerda e cruzou para Eustáquio, chegando de trás, finalizar a pelota para o fundo das redes. Variação de jogo salvadora para o Porto naquele momento.
Após o empate e com a renovação de fôlego da Lazio em substituições, o jogo passou por uns cinco minutos de trocação pura. A equipe laziale tentava propor e chegava com perigo em cruzamentos de um lado; o conjunto portista roubava bolas e era perigosíssimo em contra-ataques diretos de outro. Um explorava a fragilidade do outro, seja a falta de mais proteção da defesa pelas laterais do dragão ou a transição defensiva biancoceleste, e qualquer um poderia ter feito o segundo gol. Contudo, faltou capricho nas conclusões, especialmente ao Porto, que teve as chances mais claras.
Contudo, com a chegada dos 30 minutos do segundo tempo, o cenário passou a novamente ter um time estabilizado no ataque, desta vez a mandante Lazio. O Porto já não achava mais os contra-ataques porque as trocas de Vítor Bruno fortaleceram os contra-ataques, mas enfraqueceram o começo das jogadas, sem uma capacidade das peças que ali estavam para sair de uma pressão na marcação. Que foi justamente o que a equipe laziale fez com as entradas de Dia, Rovella, Isaksen e Pellegrini. A posse de bola acabava sempre ficando com a Lazio. Contudo, mais uma vez faltou variação de jogo para os biancocelestes. Pouco compacto, acabava por depender das individualidades a resolverem algo por dentro. E acabava sempre recorrendo ao artifício óbvio dos cruzamentos. Mas a persistência valeu a pena. A equipe portista estava batendo cabeça para vencer tanto a primeira quanto a segunda bola na própria área. Não inspirava confiança. O que dava algum sentido para a postura laziale. E foi então que aos 46 minutos Isaksen cruzou e o experiente Pedro recolocou o time da casa à frente no placar. Na hora H, no momento derradeiro, como no primeiro tempo, os italianos colocaram a bola na rede. Desta vez, decisivo, sem tempo para o Porto reagir.
O jogo no Estádio Olímpico de Roma foi divertidíssimo. Cheio de nuances, com variações constantes do cenário de jogo e muita intensidade, às vezes até demasiada, com entradas acima do tom dos dois lados. Nos aspectos táticos, o Porto tentou ser mais dinâmico, vertical e incisivo, enquanto a Lazio procurou jogar com paciência e explorar dos cruzamentos. Qualquer um poderia ter vencido, ambos foram melhores em distintos momentos e tiveram boas chances para tal. Em minutagem, provavelmente quem passou mais tempo superior foi até o conjunto portista. Contudo, quem foi mais eficiente e premiado por não perder o controle em momento algum foi a equipe laziale. Dois gols nos acréscimos, um em cada etapa. Triunfo emocionante da líder Lazio. Derrota amarga para um Porto que se complica.
LAZIO: A Lazio pode não ter feito um jogo vistoso, mas teve méritos na vitória importante obtida em casa diante do Porto. Na defesa, apesar de um início instável, o time de Marco Baroni soube se ajustar gradativamente ao longo da partida, parando de ser tão suscetível a bolas nas costas em contra-ataques. No ataque, apesar da falta de ritmo, a cautela e a aposta em cruzamentos pagou seu preço. Os dois gols vieram de bolas cruzadas. Pode não ser o desempenho mais brilhante e interessante de assistir, mas funcionou para a equipe laziale buscar o resultado neste duelo de peso da Europa League. Com o triunfo no Olímpico, a Lazio segue na liderança da fase de liga da segunda maior competição continental europeia.
PORTO: O Porto não jogou mal, mas foi derrubado nos detalhes. Especialmente no ataque, o time de Vítor Bruno teve vários bons momentos ao longo do jogo. Soube tirar a Lazio do lugar e explorar espaços de forma dinâmica, veloz e perigosa. O que faltou foi capricho na conclusão das jogadas, seja na finalização ou no último passe. Na defesa, também não foram grandes defeitos, pois a recomposição era bem feita e as coberturas precisas. Até mesmo quando as saídas de bola eram ruins, havia uma retaguarda. O que derrubou foi o aproveitamento no jogo aéreo, fracos tanto na primeira bola quanto na segunda. Pormenores importantes que impediram o time portista de ao menos pontuar na Itália. Até vencer era possível. Mas a realidade é a derrota. A realidade é que o time de Vítor Bruno é apenas 22º colocado na fase de liga da UEFA Europa League. E apenas 24 times avançam para o mata-mata. Sinal de alerta ligado no dragão.
ARBITRAGEM: Pelos critérios que adotou, é necessário dizer que o búlgaro Georgi Kabakov foi coerente e, em função disso, teve bom desempenho. Quando as entradas subiram o tom, às vezes até de forma demasiada, o apitador optou por controlar os ânimos com o cartão amarelo. E fez isso para os dois lados. Crucial para o desenvolver do jogo. Os três gols foram bem validados e não houve nenhum outro lance polêmico. No fim das contas, arbitragem segura em Roma.
FICHA TÉCNICA:
🗒️ LAZIO: Mandas; Marušić, Gigot (Mario Gila), Romagnoli e Nuno Tavares (Pellegrini); Guendouzi, Vecino, Pedro, Tchaouna (Rovella) e Zaccagni (Isaksen); Castellanos (Dia). Técnico: Marco Baroni.
🗒️ PORTO: Diogo Costa; Martim Fernandes (João Mário), Nehuén Pérez, Djaló e Francisco Moura; Alan Varela (Nico González), Eustáquio, Namaso (Pepê), Fábio Vieira (André Franco) e Galeno; Samu (Gül). Técnico: Vítor Bruno.
⚽ Gols: Romagnoli e Pedro (Lazio) | Eustáquio (Porto)
👟 Assistências: Castellanos e Isaksen (Lazio) | Galeno (Porto)
🟡 Cartões amarelos: Gigot, Zaccagni e Guendouzi (Lazio) | Namaso, Samu, Nehuén Pérez, Djaló, Gül e Pepê (Porto)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨⚖️ Árbitro: Georgi Kabakov (Bulgária)
🏟️ Local: Estádio Olímpico, Roma-ITA