INTER SUPERA DURO DESAFIO E DORME NO G4

Jonathan da Silva
7 min readNov 6, 2024

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O organizado Criciúma deu trabalho, mas o Internacional venceu por 2 a 0 no Estádio Beira-Rio em confronto válido pela 32ª rodada do Brasileirão. O tigre se defendeu bem, mas o colorado resolveu a partida especialmente pelas individualidades inspiradas, com os golaços de Alan Patrick e Wesley. O duelo foi equilibrado, mas o time de Roger Machado foi ligeiramente superior e justo vencedor.

Hoje de novo o Inter executou aquela famosa pressão inicial que faz no Beira-Rio. Marcou a saída de bola do Criciúma de forma agressiva e conseguiu bons ataques a partir disso. Com passes rápidos, de primeira, com os jogadores se encontrando a partir de movimentos coordenados. O tigre, apesar de não ser um time bobo, não estava preparado para esta blitz inicial, apesar de não ser algo surpreendente. Contudo, o colorado não conseguiu caprichar na conclusão das jogadas. Pecou na finalização e no último passe. A zaga carvoeira, apesar de perdida, conseguiu fazer bloqueios cruciais na área. E o goleiro Gustavo foi peça segura. Portanto, o Criciúma saiu vivo do abafa do Internacional na arrancada de jogo.

Com a proximidade dos dez minutos, o tigre começou a se encontrar no jogo. O colorado até seguiu ainda a ter mais a posse de bola, mas o time catarinense parou de ser tão frágil na saída de bola e se ajustou bem sem ela. Não apenas pela compactação do 4–4–2 utilizado no campo defensivo, mas pelos bons encaixes de marcação individuais feitos por Tencati, seja em Alan Patrick ou em Bernabei, com Claudinho escalado na meia-esquerda justamente para isso. O Internacional ainda levava perigo esporadicamente, mas o Criciúma já protegia bem a área e sofria pouco. Demonstração de solidez do conjunto carvoeiro.

E perto da metade do primeiro tempo, o Criciúma passou a gostar ainda mais do jogo. Seguro na defesa, o time de Cláudio Tencati se permitiu sair mais para o ataque. Já contra-atacava com bom apoio, mas naquele momento não fazia contragolpes e sim propunha ações. O Inter, eventualmente até para descansar, arrefeceu a marcação adiantada e voltou para o próprio campo, em seu 4–4–2 defensivo. E o tigre soube mostrar suas virtudes ofensivas. Circulou bem a bola, com boa movimentação, indo de lado a lado do campo, sem ignorar o meio. Chegava com perigo pelas pontas, usando de diagonais e cruzamentos. Levou perigo em algumas finalizações de fora da área, explorando um espaço à frente da zaga colorada que surgia com vitórias em duelos pessoais. O que faltou para o time carvoeiro, assim como para o colorado antes, foi efetividade. Mas não só isso, também mais infiltração. Vizeu foi figura nula, sem fazer pivô nem ser referência para enfiadas ou levantamentos. Com isso, as entradas na área por parte do Criciúma foram reduzidas. E isto dificulta a eficiência.

Na reta final da etapa inicial, contudo, o Internacional voltou a tomar a iniciativa. Recuperou o fôlego, voltou a adiantar a marcação e retomou o domínio da posse de bola. O Criciúma nem fez grande questão de evitar o cenário, pois via como interessante a situação de se postar bem atrás e explorar contra-ataques. Contudo, jogar assim, como sempre repito, é ser refém de qualquer erro. Os contragolpes pouco surgiram, justamente porque o colorado também fez bons encaixes de marcação sem a bola. E o time de Roger Machado ficava martelando. Bernabei já vencia duelos contra Claudinho, pois recebia apoio de Alan Patrick e companhia. O Inter já achava cruzamentos e diagonais interessantes. Faltava acertar a tomada de decisão na hora de entrar na área, esta sim bem bloqueada pelo tigre ainda. Foi então que, aos 41 minutos, Barreto perdeu o tempo de bola e cometeu uma falta em Alan Patrick praticamente na meia-lua. Chance perigosa, uma oportunidade importante para o colorado furar a retranca. O próprio camisa 10 vermelho foi para a bola. E cobrou com perfeição. Botou a bola praticamente no ângulo. Gustavo saltou alto, mas não conseguiu alcançar. Na genialidade do craque colorado, o placar foi aberto aos 42 minutos. Um jogador diferenciado sempre é uma hipótese de solução em jogos difíceis. E o Criciúma pagou caro por esta brecha concedida. Vantagem do Inter na ida ao intervalo após primeira etapa bem equilibrada.

No segundo tempo, cada equipe fez uma escolha com objetivo claro. O Inter escolheu seguir no ataque, administrando a vantagem com a posse de bola e buscando matar o jogo já que tinha vantagem numérica de jogadores. O Criciúma optou por não se expor para tentar buscar o empate, mas sim se manter fechado, esperar um contra-ataque, se manter vivo e eventualmente arriscar mais nos minutos finais, quando já não teria mais nada a perder e o colorado teria pouco tempo para reagir em caso de igualdade no placar. O cenário desencadeou simplesmente em uma etapa em que o Internacional teve 74% de posse de bola, absurdo, e 12 finalizações contra nenhuma do tigre. Bom, isto já antecipa quem foi bem-sucedido na estratégia.

Todavia, é necessário dizer que, apesar da expulsão e da desvantagem no placar, o Criciúma não se desorganizou nem se abalou. Se refez no 4–4–1, com a mesma compactação de antes, os mesmos encaixes individuais de marcação e apenas um pouco mais para trás no campo. A diferença mesmo é que não teve contra-ataque, apenas com Bolasie de falso nove e meias abertos que apoiavam mais em teoria, mas não na prática para não expor a defesa. O Inter não teve facilidade para criar nesse panorama de ainda enfrentar uma retranca. Mas não foi improdutivo. Foi perigoso. Teve algumas boas combinações, cruzamentos, chutes de média distância e jogadas individuais. Wesley, Tabata, Alan Patrick e Thiago Maia tiveram chances para matar o jogo ainda antes da metade da etapa final. Novamente faltou um capricho um pouco maior nas finalizações.

Com tudo isso, o tigre chegou nos minutos finais apenas um gol atrás. O cenário em que poderia arriscar algo a mais na frente para tentar um empate, já que não tinha nada mais a perder. Até tentou triplicar a marcação na saída de bola do Inter, mas sem a devida pressão. No fim das contas, acabou apenas se expondo mais atrás. Era tudo que o colorado queria, pois tinha várias peças capazes de matar o jogo do ponto de vista individual. Wanderson, Gabriel Carvalho, Enner Valencia e Wesley formavam o ataque colorado. E este último citado foi quem matou a partida. Aos 47 minutos, partiu sozinho da ponta para dentro, fintou dois marcadores com brilhantismo e finalizou bem demais fora do alcance de Alisson. Quando o Criciúma buscava dar uma de matreiro, quem matou mesmo foi o colorado.

O Beira-Rio foi palco de mais um bom jogo de futebol. Não como aquele contra o Flamengo, mas outro duelo de xadrez entre times organizados. No primeiro tempo, com mais variações, chegadas dos dois lados. Na segunda etapa, com uma forte pressão colorada e o tigre tentando resistir. No fim das contas, pela leve superioridade na primeira etapa e grande na segunda, o Inter de Roger Machado é justo vencedor. O Criciúma competiu bem, mas o colorado foi melhor e decidiu o jogo nas individualidades de Alan Patrick e Wesley. O time de Roger segue em ascensão e o de Tencati certamente não sai abatido desta derrota pelo que jogou.

INTER: O Inter segue em alta. O jogo não foi fácil, mas mais uma vez o colorado soube encontrar saídas para obter um bom resultado. Diante de uma retranca, teve várias chances criadas, isto é o essencial. Foram as individualidades que resolveram, na falta perfeita de Alan Patrick e na pintura dribladora de Wesley, mas o gol poderia ter vindo de outras jogadas coletivas que não foram bem finalizadas. O time teve cruzou, combinou, enfiou, arriscou de fora. Variou. O que quase pecou foi na defesa. Rogel, travadão, sofreu para marcar contra-ataques. Vitão precisou compensar. E Rochet também foi importante. Sobretudo, uma vitória importante do colorado. O 13º jogo sem perder. A nova vitória nesse período. E, claro, a entrada momentânea no G4. Agora, o Inter terá de secar o Flamengo amanhã para se manter nele. Sua parte fez bem.

CRICIÚMA: O Criciúma competiu bem no Beira-Rio, mas perdeu por detalhes. No primeiro tempo, quando tinha onze jogadores, defendeu bem e teve bons momentos ofensivos, atacando e contra-atacando. Contudo, erros pontuais geraram chances ao colorado, como a falta de Barreto que originou o gol de Alan Patrick. E, claro, a expulsão de Vizeu que comprometeu a segunda etapa. Esta, onde o tigre basicamente ficou na defesa para se manter vivo, mas não conseguiu contra-atacar para tirar proveito desta vida. Na reta final, quando iria arriscar, tomou o segundo gol e foi-se. Todavia, não há motivo para terra arrasada. Perder em Porto Alegre para um Internacional em boa fase não é um resultado que compromete na briga pela permanência. O desempenho competitivo por lá, este sim, é motivo para animação. Com essa postura, a equipe carvoeira tem tudo para ficar na elite. No momento, é 15ª colocada, três pontos acima do Z4. Não é muito, mas ainda é algo.

ARBITRAGEM: A arbitragem comandada pelo mineiro Felipe Fernandes de Lima foi segura no duelo desta noite no Beira-Rio. O apitador até chegou a errar no pênalti marcado sobre Wesley, quando este se jogou em mínimo contato de Allano, mas corrigiu o erro após revisão no VAR. A expulsão de Felipe Vizeu por chute imprudente no rosto de Rogel e a validação dos dois colorados foram acertos importantes. Não passou pelo apito o resultado em Porto Alegre.

FICHA TÉCNICA:
🗒️ INTER: Rochet; Bruno Gomes, Rogel, Vitão e Bernabei; Rômulo (Luis Otávio), Thiago Maia (Bruno Henrique), Alan Patrick (Wanderson), Bruno Tabata (Gabriel Carvalho) e Wesley; Borré (Enner Valencia). Técnico: Roger Machado.
🗒️ CRICIÚMA: Gustavo (Alisson); Jonathan (Dudu), Rodrigo Fagundes, Tobias Figueiredo e Marcelo Hermes; Barreto, Newton, Claudinho (Allano) e Fellipe Mateus (Ronald); Bolasie (Matheusinho) e Felipe Vizeu. Técnico: Cláudio Tencati.
⚽ Gols: Alan Patrick e Wesley (Inter)
👟 Assistência: Rogel (Inter)
🟡 Cartões amarelos: Wesley (Inter) | Jonathan e Newton (Criciúma)
🔴 Cartão vermelho: Felipe Vizeu (Criciúma)
👨‍⚖️ Árbitro: Felipe Fernandes de Lima (Minas Gerais)
🏟️ Local: Estádio Beira-Rio, Porto Alegre-RS

BOLA DE OURO DO JOGO: Alan Patrick/Inter | FOTO: Ricardo Duarte/S.C. Internacional

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A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

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