EXIBIÇÃO DIGNA DE REAL MADRID

Jonathan da Silva
7 min readNov 9, 2024

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O quinto colocado Osasuna não foi páreo para um Real Madrid inspirado. Hoje o time merengue honrou seu tamanho e fez uma partida impecável do ponto de vista estratégico e técnico. Dominou do início ao fim. A goleada de 4 a 0 no Santiago Bernabéu neste duelo válido pela 13ª rodada do Campeonato Espanhol veio ao natural.

Desta vez, o Real Madrid veio bem para o jogo. Mesmo diante de um adversário que não é desprezível, o quinto colocado Osasuna, os merengues tiveram controle total do primeiro tempo. Não sentiram o momento delicado e focaram em jogar futebol. E a estratégia de Carlo Ancelotti foi feliz. Primeiro porque estancou a sangria vista nas últimas partidas nos momentos sem a bola. Hoje o Real Madrid não pressionou de forma porca e levou bolas nas costas como anteriormente. Hoje focou na recomposição. Com todo mundo voltando de forma rápida para o 4–4–2 defensivo, o time merengue impediu o conjunto de Pamplona de ser perigoso mesmo com um forte volume nas subidas ao ataque. Sem brechas, a equipe visitante não soube ser perigosa, sem vitória pessoal ou alguma jogada fora do óbvio coletivamente. O Madrid protegeu bem os espaços e Lunin nem foi exigido.

E mesmo sem fazer uma forte pressão na marcação alta, o Real Madrid teve o domínio da posse de bola, chegando quase na casa dos 70%. Isto porque o Osasuna optou por fazer o mesmo que Ancelotti e focou em recompor, não pressionar. Contudo, há algumas diferenças, não é mesmo? Primeiro que o time merengue tem muito mais gente capaz de furar uma retranca que o rojillo. Segundo que o time de Vicente Moreno confundiu esperar com ser passivo. Permitiu ao Madrid trocar passes de forma muito confortável mesmo perto da área. E desta vez é preciso dizer que Ancelotti fez seu time se mexer. As trocas de posição no ataque eram constantes e isso fica claro quando Mbappé era visto em um lado diferente do campo a cada ataque. Ainda assim, apesar da superioridade madridista, ter muita gente na entrada da área ainda salvava o Osasuna de modo geral. Os merengues levavam perigo, mas ainda não encontravam aquela chance imperdível com liberdade, apesar de boas chegadas de fora para dentro.

É então que surge a velha e boa atração de marcação. Após um bate e rebate aéreo, o Real Madrid segurou um pouco a bola na intermediária e convidou o time de Pamplona a sair mais para combatê-los. Contudo, como sabemos, o Osasuna até sai para cercar, mas não pressiona, apenas se espaça. E em um destes espaços, Vini Júnior recebeu enfiada de Bellingham aos 33 minutos, infiltrou com muita competência em diagonal e abriu o placar merecidamente para os merengues. Era um ataque contra defesa. Com tamanha capacidade técnica, os donos da casa achariam o gol em algum momento. E não eram pobres na construção como na partida contra o Milan.

Após o gol merengue, o Osasuna ensaiou colocar uma pressão. Adiantou a marcação e apareceu por bons minutos com mais posse de bola, fortemente presente no campo de ataque. Contudo, pouco produtivo. O Real Madrid estava inteiro em seu 4–4–2 na defesa, não concedia espaços e não era desligado nos combates como em eventos anteriores. De novo, como antes, faltava algo fora da caixa por parte dos rojillos, conhecidamente melhor explorando espaços do que tendo que gerá-los. E o time merengue obviamente não queria apenas se proteger com essa postura mais recuada. Evidentemente que tudo tinha por trás a ideia de acertar uma transição rápida e explorar as costas da defesa adversária. E isto aconteceu. Aos 41 minutos, o estreante Raúl Asencio, jovem zagueiro que entrou no lugar do lesionado Militão, deu um grande lançamento para Bellingham infiltrar nas costas da zaga do Osasuna e ampliar o placar com muita qualidade na finalização. O time de Vicente Moreno mais uma vez caiu nas armadilhas de Carlo Ancelotti. O Real Madrid foi merecidamente ao intervalo com dois gols de vantagem.

No segundo tempo, com o placar favorável, o Real Madrid resolveu dar um show. Com confiança e espaços, esmagou o adversário. Diferentemente da reta final do primeiro tempo, o Osasuna não manteve a iniciativa de tentar pressionar na marcação e manter a posse de bola. Com isso, o time merengue pôde controlar o jogo com a pelota nos pés. E não fez só para fazer o tempo passar, mas fez claramente com segundas, terceiras e quartas intenções. Assim como nos melhores momentos da primeira etapa, retinha a bola entre os defensores, fazia o time de Pamplona sair do lugar e explorava os espaços de forma muito rápida e objetiva. De novo sempre trocando de posições, não à toa Vini, Mbappé e Bellingham estavam em um lugar diferente a cada ataque. O time merengue empilhou chances de gol, sempre chegando com velocidade pela beirada e indo para o meio em boas tabelas ou conduções individuais. Uma goleada era questão de tempo mesmo. E Vini, com mais dois gols, chegou a um hat-trick e levou o Madrid ao 4 a 0. Primeiro, aos 15 minutos, recebendo um lindo lançamento de Lunin, entrando nas costas da zaga. Depois, aos 23, apareceu como centroavante para finalizar boa assistência de Brahim Díaz, que roubou a bola na saída de bola do Osasuna e deu o tento ao brasileiro. E o placar poderia ter sido muito maior se Mbappé estivesse mais inspirado. Vini e Bellingham o deixaram em boas condições algumas vezes, mas o francês perdeu o tempo da bola. Para o bem do time, não fez falta.

Com a postura extremamente madura de administrar a vantagem com a bola, o Real Madrid, além de dar o show, também não teve o mínimo trabalho defensivo. Teve ainda mais posse que no primeiro tempo, chegando a décimos de alcançar os 70%. Não errou passes bobos e quando o Osasuna chegou a pegar na bola, recompôs com segurança. O time visitante não teve velocidade e precisão para ressurgir no jogo. Não teve brechas para usar de seu conhecido futebol de contra-ataques. Precisaria ter sido perfeito para isso. Evidentemente não foi, em dia pouco inspirado de Aimar Oroz, Rubén Peña e Bryan Zaragoza. Sem estar no nível máximo, não há como superar os merengues em dia bom.

O Real Madrid precisava dar uma resposta ao torcedor diante dos fracos jogos recentes e o Osasuna acabou por pagar o pato. Além da organização dentro de uma estratégia bem montada por Ancelotti para impedir o jogo de contra-ataques do time de Pamplona, os merengues tiveram uma pegada digna de uma partida decisiva, uma motivação condizente com o tamanho do clube. De muita intensidade com e sem a bola, impedindo brechas na defesa e construindo ataques extremamente dinâmicos. O conjunto visitante, além de perder na bola, perdeu também nesta “disputa de vontade”. Atrás em todos os aspectos possíveis, obviamente o Osasuna não foi capaz de evitar uma goleada do Real Madrid em um dia inspirado. Hoje esteve tudo em ordem no Bernabéu.

REAL MADRID: O Real Madrid fez um jogo de Real Madrid. Apenas isto já justifica a goleada de 4 a 0 sobre o Osasuna dentro do Santiago Bernabéu. O time merengue honrou sua grandeza histórica e o plantel que tem. Carlo Ancelotti armou uma estratégia extremamente eficaz de atrair o adversário para fora do lugar e castigá-lo com ataques extremamente rápidos, objetivos e dinâmicos. Com espaços, esta equipe é impiedosa. Bellingham e Vini, em especial, aniquilaram o oponente. O 4 a 0 ficou até barato pela superioridade merengue. Zero brechas na defesa e muitas virtudes no ataque. O Real Madrid, ainda na segunda colocação, diminui momentaneamente para seis pontos a distância em relação ao líder Barcelona em La Liga. Respiro de futebol.

OSASUNA: Hoje o Osasuna não conseguiu colocar em prática seu jogo reativo. Venceu o líder Barcelona desta forma, mas não encontrou as mesmas brechas diante do Real Madrid no Bernabéu. Os merengues fizeram uma recomposição rápida e o time de Vicente Moreno não teve velocidade ou movimentação para surpreender a defesa rival. Ao propor jogo, era necessário ter um algo a mais que falta ao modesto plantel do clube de Pamplona. Todavia, o grande problema da partida esteve mesmo do lado defensivo. O time saía do lugar para tentar marcar, mas não pressionava a posse de bola madridista e acabava apenas se espaçando, dando as brechas que o time merengue precisava para ficar em situações de um contra um. Obviamente o Osasuna perderia esses duelos. E só não levou mais do que os já duros quatro gols por detalhe. O time de Vicente Moreno já se provou competitivo, não é quinto colocado de La Liga à toa, mas hoje não chegou nem perto de competir com o Real Madrid. Estratégia ruim e nível técnico muito baixo. Pode perder posições ao longo da rodada.

ARBITRAGEM: Desempenho muito seguro da equipe comandada por Mario Melero López. Todos os gols foram bem validados, não houve nenhum outro lance polêmico, os ânimos foram bem controlados e o árbitro precisou aplicar apenas dois cartões amarelos ao longo do jogo. Arbitragem de alto nível no Bernabéu.

FICHA TÉCNICA:
🗒️ REAL MADRID: Lunin; Lucas Vázquez (Modrić), Éder Militão (Raúl Asencio), Rüdiger e Fran García; Camavinga, Fede Valverde e Bellingham (Arda Güler); Rodrygo (Brahim Díaz), Vinicius Júnior (Endrick) e Mbappé. Técnico: Carlo Ancelotti.
🗒️ OSASUNA: Sergio Herrera; Areso, Catena, Boyomo e Bretones; Torró, Moncayola (Iker Muñoz), Aimar Oroz (Rubén García), Rúben Peña (De Haro) e Bryan Zaragoza (Arnáiz); Budimir (Moi Gómez). Técnico: Vicente Moreno.
⚽ Gols: Vinicius Júnior [3×] e Bellingham (Real Madrid)
👟 Assistências: Bellingham, Raúl Asencio, Lunin e Brahim Díaz (Real Madrid)
🟡 Cartões amarelos: Catena e Torró (Osasuna)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨‍⚖️ Árbitro: Mario Melero López (Espanha)
🏟️ Local: Estádio Santiago Bernabéu, Madri-ESP

BOLA DE OURO DO JOGO: Vinicius Júnior/Real Madrid | FOTO: Real Madrid/Reprodução

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Jonathan da Silva
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Written by Jonathan da Silva

A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

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