EMPATE XOXO E INÚTIL PARA AMBOS
Em jogo morno em Bragança Paulista, Red Bull Bragantino e São Paulo empataram por 1 a 1 pela 34ª rodada do Brasileirão. O tricolor tentou propor jogo, o Massa Bruta apostou na objetividade em jogadas mais reativas. O time da casa teve mais e melhores chances, mas não foi eficiente. O visitante fez o gol em uma das poucas ocasiões que teve. O resultado não é bom para o time de Zubeldía, que fica estacionado na sexta posição do Brasileirão, mas é ainda pior para o de Fernando Seabra, não só por ter sido ligeiramente melhor, mas por permanecer dentro da zona de rebaixamento.
O duelo em Bragança Paulista começou morno. O São Paulo tomou a iniciativa com a bola, o Bragantino esperou e ninguém criou nada. Apesar de ter a posse, o tricolor paulista não acelerava os passes ou se movimentava de uma forma que deixasse desconfortável o 4–4–2 do time de Fernando Seabra. Nem mesmo as tentativas de atrair o Massa Bruta para fora do lugar e utilizar de inversões deram algum proveito ao conjunto de Zubeldía. Um início de partida nulo, de anulação dos dois lados, de modos diferentes.
Os rumos começaram a mudar por volta dos dez minutos, quando o Bragantino resolveu ser mais agressivo na marcação. Isto tirou o conforto do São Paulo no jogo. Fernando Seabra analisou as configurações da partida e acreditou que pressionar a saída de bola são-paulina já no campo de ataque do time mandante poderia ser algo produtivo. E foi. Foram diversas recuperações da pelota já da intermediária para a frente por parte do Massa Bruta. E a sequência das jogadas foi bem pensada. Ora a equipe apostava em inversões para o lado oposto da jogada, ora utilizava de enfiadas para Sasha, ora tabelava por dentro nas entrelinhas do São Paulo. Com os erros de passe na origem das jogadas, o time de Zubeldía estava mais exposto que de costume na já frágil segunda linha de marcação e exigia muito da linha de zaga que passa longe de ser uma fortaleza defensiva. A partir desse panorama, o Bragantino levou perigo em diagonais dos pontas, levantamentos para a área e bolas cruzadas. Criou algumas chances de perigo e com justiça abriu o placar aos 15 minutos com Eduardo Sasha, justamente em boa jogada surgida de roubo de pelota no campo de ataque, com tabelas e bom cruzamento de Jhon Jhon. Os touros usaram da posse de bola são-paulina contra ele.
O São Paulo não reagiu de forma imediata ao gol sofrido, inclusive levou uma bola no travessão poucos minutos depois. O que foi fazer o tricolor reagir foi curiosamente achar o gol justamente no primeiro ataque após o tento sofrido. Uma coisa que o time de Zubeldía poderia fazer a partir da marcação adiantada do Bragantino era explorar bolas longas nas costas da defesa rival. Não vinha fazendo por dificuldade de acertar o início das jogadas, mas acertou aos 24 minutos. E neste acerto, Lucas Moura recebeu lançamento e fez boa diagonal em direção à área. Foi para cima de Juninho Capixaba, parecia errar o lance, mas aproveitou da marcação tenebrosa do lateral para entrar na área e acertar um chute entre as pernas do goleiro Cleiton. Um momento de inspiração individual que recolocou o tricolor no jogo. E proporcionou bons minutos seguintes justamente explorando estas enfiadas nas costas da defesa do Massa Bruta. Contudo, sem a mesma eficiência desta jogada do Lucas justamente pela falta de parceria, fruto do distanciamento em campo.
Dos trinta minutos em diante, o equilíbrio prevaleceu em uma tentativa de troca de golpes. O Bragantino pressionava na marcação adiantada, roubava bolas e levava perigo. O São Paulo, quando não perdia a pelota na defesa, saía pelas laterais e usava das inversões nas costas da defesa do Massa Bruta. Cada time sofria pelos defeitos e se animava pelas virtudes que geraram seus bons momentos na partida. O São Paulo retinha a posse por mais tempo e parecia mais lúcido, mas o Bragantino tinha as chegadas mais perigosas. No fim das contas, sem nenhuma chance clara para os dois lados na reta final da etapa inicial, o duelo foi ao intervalo empatado por 1 a 1.
E o segundo tempo não foi muito mais do que uma extensão desta reta final do primeiro. Os treinadores até fizeram trocas para revigorarem seus times, mas optaram por não fazer nenhuma revolução tática. O São Paulo foi quem teve mais a bola e tentou propor jogo, mas com pouca periculosidade. Sem as mesmas brechas para inversões nas costas da defesa como antes, o tricolor teve de trocar passes horizontais e viver de jogadas pelas beiradas, com aproximações e tentativas de chegar ao fundo para cruzar ou fazer uma diagonal e finalizar. Mas nem isso teve ritmo para fazer. Levou pouco perigo, com lentidão e pouca movimentação por dentro. Com quatro atacantes de origem e pouca gente que constrói jogadas, não é surpresa esse expediente dependente dos flancos. Nem mesmo a entrada de Rodrigo Nestor mudou algo, já que o volante pareceu entrar até cansado, sem pegada. E sem um lampejo individual do cansado Lucas ou do pouco inspirado Ferreira, a equipe visitante não teve lances que irá lamentar por ter perdido a oportunidade de vencer. Atacou, mas não criou. Não chega a ser novidade na temporada.
Já o Bragantino foi mais perigoso. Não fez aquelas pressões intensas na saída de bola são-paulina para não se expor, mas foi agressivo na marcação pela intermediária e a partir disso teve boas transições, além de muito mais tempo com a bola que na etapa anterior. Continuou explorando as fragilidades do tricolor pelas laterais e à frente da zaga, com jogadas de real perigo em cruzamentos, diagonais e mesmo conduções individuais. Boa movimentação dos pontas e sempre um ritmo rápido, objetivo, procurando o gol que era a única coisa que interessava em meio ao desespero na tabela. Contudo, faltou eficiência. Foram 11 finalizações, duas chances claras de desempatar o jogo, mas as conclusões foram ruins. Sobrou vontade, mas faltou qualidade técnica nas definições. Esta é a sina do Braga em todo o Campeonato Brasileiro. Hoje foi apenas mais um capítulo.
O resultado reflete, sobremaneira, a falta de competência dos ataques. As duas defesas deram brechas, seja em saídas de bola erradas, recomposição ruim ou espaços nas costas. Mas os sistemas ofensivos não souberam tirar proveito da melhor forma. Do lado do Bragantino, pela falta de qualidade nas finalizações. Diagonais e cruzamentos levaram perigo, mas o último toque foi ruim. Por parte do São Paulo, pela falta de dinamismo. Apesar de ter a bola, não jogou pelo meio e fez pouco pelas beiradas para quem insistia tanto por ali. Nem as individualidades resolveram, ainda que uma delas tenha evitado a derrota, Lucas Moura. No fim das contas, ninguém tira proveito prático do jogo em Bragança Paulista. O tricolor não entra no G4, o Massa Bruta não sai do Z4. Não dá para dizer que morreram abraçados, mas que um atrapalhou o outro, sim.
RED BULL BRAGANTINO: O Bragantino chegou a uma impressionante marca de dez jogos sem vencer no Brasileirão. E jogou mal? O pior é que não. Apesar da fragilidade nas costas dos adiantados defensores, algo que o time aprimorou ao longo do jogo, o Massa Bruta foi competitivo e criou boas oportunidades de gol. Teve movimentação, teve velocidade, teve individualidades inspiradas, teve variação de jogadas. Levou perigo em cruzamentos, chutes de fora da área, diagonais, contra-ataques, bolas paradas. Mas finalizou muito mal. O gol que fez foi chorado, com Sasha na pequena área. Mas em lances minimamente mais difíceis, faltou capricho. Esta é a sina do time de Bragança Paulista neste Brasileirão. Compete e cria chances para vencer partidas, mas esbarra nas limitações técnicas, seja as do sistema defensivo, em erros de marcação ou do ataque, na falta de competência para concluir jogadas. Falta o algo a mais. E o Bragantino segue na zona de rebaixamento do Brasileirão, em um incômodo 18º lugar. Tem pontuação de times de fora do Z4, mas não aproveita a chance em casa de sair dele. Tem potencial para escapar pelo rendimento, mas uma tabela dura e uma ineficiência que atua como âncora. Há motivos para drama.
SÃO PAULO: O São Paulo foi mais do mesmo. O time de Zubeldía tem uma dificuldade abundante de conseguir ser contundente. Tem mais a bola que os adversários, mas inexiste no meio-campo e não compensa pelas beiradas, onde foca suas jogadas. Não tem a devida profundidade, cruza pouco e mal, faz poucas diagonais e não tem ninguém por dentro que proporcione algo diferente, um criador ou penetrador. Depende de que Lucas ou Ferreira resolvam quase sozinhos. Isto serviu para não perder, mas é pouco. E a defesa sofre em quase todo contra-ataque. A marcação adiantada não sustenta, a recomposição é lenta e não feita por todos os jogadores, e as coberturas, com a insegurança de Ruan e Sabino, além da pouca ajuda de Marcos Antônio, é insegura. O tricolor jogou mal em Bragança Paulista. Não perdeu mais por demérito do adversário que mérito próprio. É pouco para quem ainda mira uma posição dentro do G4, uma vaga direta na fase de grupos da Libertadores. Com desempenho e resultado ruins, o São Paulo estaciona na sexta posição do Brasileirão e pode ver Flamengo e Internacional se distanciarem.
ARBITRAGEM: Desta vez o experiente Wilton Pereira Sampaio fez uma arbitragem segura. O jogo não teve lances polêmicos, os dois gols foram claramente legais e nenhuma confusão aconteceu. O resultado da partida não passou pela equipe do apito, das bandeiras e das telas.
FICHA TÉCNICA:
🗒️ RED BULL BRAGANTINO: Cleiton; Andrés Hurtado, Eduardo Santos, Pedro Henrique e Juninho Capixaba; Matheus Fernandes (Jadsom), Lucas Evangelista (Raul), Lincoln (Gustavinho), Vinicinho e Jhon Jhon (Henry Mosquera); Eduardo Sasha (Arthur Sousa). Técnico: Fernando Seabra.
🗒️ SÃO PAULO: Rafael; Igor Vinícius, Ruan, Alan Franco e Sabino (Patryck); Luiz Gustavo, Marcos Antônio (Alisson), Luciano, Lucas Moura e Ferreira (Rodrigo Nestor); André Silva (Erick). Técnico: Luis Zubeldía.
⚽ Gols: Eduardo Sasha (Red Bull Bragantino) | Lucas Moura (São Paulo)
👟 Assistências: Jhon Jhon (Red Bull Bragantino) | Luiz Gustavo (São Paulo)
🟡 Cartões amarelos: Matheus Fernandes, Eduardo Santos e Andrés Hurtado (Red Bull Bragantino) | Sabino e Alisson (São Paulo)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨⚖️ Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (Goiás)
🏟️ Local: Estádio Nabi Abi Chedid, Bragança Paulista-SP