DO PÂNICO À REGULARIDADE: O ANO QUE PODE TER VIABILIZADO O RETORNO COLORADO AO SUCESSO
Um ano que termina em alta deixa boa impressão. Ainda não foi a temporada da redenção colorada, mas houve significativa mudança. O Internacional que terminou 2022 em quase nada lembra o de 2021. A mudança de fotografia prometida pela direção aconteceu e os resultados começaram a aparecer.
O ano do Internacional começou com a aposta em Alexander Medina, o Cacique, para treinador. Pelo bom trabalho no clube argentino Talleres, o uruguaio foi considerado um nome capaz de fazer o colorado gaúcho ser protagonista em campo. Com contratações e a volta de uma pré-temporada no futebol brasileiro, a expectativa era de um time totalmente diferente do de 2021.
E foi. Para pior. Alexander Medina conseguiu um feito que parecia impossível: piorou o desempenho do time de seu compatriota Diego Aguirre. A Era Cacique foi marcada por uma irregularidade ainda maior que a de La Fiera. Com a predominância de partidas de campeonato estadual, Medina conseguiu ter uma passagem de 45% de aproveitamento no Inter: seis vitórias, seis empates e cinco derrotas; 17 gols marcados e 20 gols sofridos. Um fracasso.
Com o arquirrival Grêmio na Série B, o favoritismo do Campeonato Gaúcho era todo do Inter. Era a grande oportunidade para a seca de títulos gaúchos que dura desde 2016. O time de Cacique Medina conseguiu perder. A estreia contra o único concorrente de Série A do Brasileirão deixou uma imagem equivocada. Uma vitória por 2 a 1 sobre o Juventude no Alfredo Jaconi era um começo muito interessante. Mas não passou de engano. Não demorou para entrar em uma campanha de empates e derrotas lamentáveis. As derrotas para Ypiranga e São José, os empates em casa com Novo Hamburgo e Brasil de Pelotas, a igualdade com o lanterna Guarany de Bagé na rodada final da primeira fase. O colorado avançou ao mata-mata do Gauchão, mas apenas com a terceira posição, atrás de Ypiranga de Erechim e Grêmio. Classificação que colocou nada menos que um Gre-Nal na semifinal do estadual. E com a posição atrás do rival, a decisão seria na casa adversária. Pressão. O time de Medina até havia vencido o tricolor na fase inicial por 1 a 0 no Beira-Rio, no que possivelmente tenha sido o melhor jogo do treinador uruguaio no Internacional. Mas a história não se repetiu quando valia vaga na final do campeonato. Mais do que um revés, um vexame histórico. Um 3 a 0 sofrido no Beira-Rio para o Grêmio, em seu terceiro ano na Série B. Primeira goleada sofrida no Gigante desde a reforma. O jogo da volta na Arena, mera formalidade, em nada mudou a história. O colorado até voltou a vencer no estádio do rival após oito anos, mas o golaço de Taison para o 1 a 0 não serviu para nada. O Inter mais uma vez foi eliminado do Gauchão antes da final. E com fiasco. Fracasso retumbante.
No entanto, este não foi o único vexame da Era Cacique Medina. Há um outro que concorre fortemente como principal artigo da coleção de fiascos: a eliminação para o Globo-RN na Copa do Brasil. No Estádio Barretão, em Ceará-Mirim-RN, o colorado caiu para o time local por 2 a 0 com gols de Rômulo e Fernando Ceará. Um deles, uma cobrança de falta em que o goleiro Daniel levou um frangaço. Um show de horrores. Um fiasco. Um outro vexame para gerações futuras lembrarem. Derrota vergonhosa que significou a eliminação da Copa do Brasil em plena primeira fase do torneio. Uma competição em que se planejava voos altos, mas em que nem houve decolagem. Decepção.
Outra competição que estava nos olhares colorados era a Copa Sul-Americana. O campeonato, sem considerar o estadual, em que o Inter entrava com mais chances de título. Alexander Medina conseguiu complicar o colorado até nela. Em um grupo com os modestos Guaireña e 9 de Octubre, além do tradicional Independiente Medellín, o favoritismo era todo vermelho. Mas o time de Medina conseguiu arrancar a competição com dois empates, um fora de casa contra o 9 de Octubre e outro em pleno Beira-Rio contra o Guaireña do Paraguai. Mais dois jogos com candidaturas a fiascos. Dois pontos nos dois primeiros jogos, situação dramática na competição continental. Entre os dois jogos, houve ainda a estreia no Brasileirão, um revés para o atual campeão Atlético Mineiro por 2 a 0 no Mineirão. Um jogo considerado difícil em que o Inter até competiu bem, mas que no futuro se pôde ver como o Galo não era mais o mesmo de antes. A irregularidade estava incontrolável. Após o empate frustrante com o Guaireña em casa, Alexander Medina foi demitido do colorado. Saiu antes que o trauma causado dentro do campo se tornasse irreversível. O medo de um possível rebaixamento já era até aventado no Beira-Rio. Não havia mais tempo para dar ao técnico uruguaio. Paulo Bracks, diretor-executivo colorado, também já havia deixado o clube anteriormente. Foi grande a ruptura com o projeto inicial de temporada.
No entanto, por incrível que pareça, nem tudo foi ruim na Era Cacique Medina. Do campo não se tirou nada, é verdade. Seja em resultados ou desempenho, sequer algum aspecto tático. No entanto, as contratações feitas durante o período em que o uruguaio treinou o Internacional foram muito proveitosas. Sob o comando de Medina, chegaram ao Inter Wesley Moraes, Liziero, David, Gabriel, Bustos, Bruno Gomes, Wanderson, Alemão, Carlos de Pena, Vitão, Renê, Pedro Henrique e Alan Patrick. A maioria destes nomes posteriormente se tornou importante no ano colorado. Também neste período Patrick, Cuesta, Rodrigo Lindoso, Marcelo Lomba, Zé Gabriel, Leandro Fernández e Palacios deixaram o clube. Com este arsenal de reforços e estas saídas, pôde-se finalmente dizer que a mudança de fotografia do elenco colorado prometida por Alessandro Barcellos aconteceu. E as mudanças que ocorreriam posteriormente apenas reforçaram isto.
Uma transferência não citada anteriormente e que merece um parágrafo apenas para si foi a de Andrés Nicolás D’Alessandro. O ídolo colorado retornou ao Inter com um contrato de quatro meses, apenas para encerrar sua carreira no clube mais importante dela. Não era um reforço racional pensando a longo prazo, mas sim uma contratação feita com o coração, a chance de dar uma despedida com público a um grande herói. Foram poucos jogos, mas valeu a pena. A torcida colorada pôde se despedir de D’Ale e D’Ale pôde se despedir da torcida colorada. Na estreia, um gol de falta contra o União Frederiquense no Beira-Rio. Na despedida, um golaço de média distância contra o Fortaleza no Gigante lotado. Mesmo no último tango, mais momentos marcantes para o Cabezón com a camisa colorada. O gol contra o leão cearense emocionou profundamente a ele a ao torcedor. Com a vitória de virada que veio no final daquele jogo, a despedida foi a ideal. Com vitória, com gol, com Beira-Rio cheio. Títulos, gols, assistências, vitórias, redenções. A era D’Alessandro marcou toda uma geração de colorados. E terminou com final feliz.
A vitória contra o Fortaleza foi justamente o primeiro jogo colorado após a saída de Alexander Medina. O Inter ali foi comandado pelo auxiliar técnico Cauan de Almeida, que chegou no começo do ano para ocupar cargo fixo na comissão técnica alvirrubra. Todavia, logo após a emoção na despedida do ídolo D’Alessandro, a direção anunciou a contratação do novo treinador colorado: Mano Menezes.
Uma figura conhecida do futebol gaúcho e brasileiro. Natural de Passo do Sobrado, o experiente técnico gaúcho sempre deixou claro seu desejo de treinar o Internacional. Colorado na infância e com uma passagem como treinador das categorias de base coloradas, Mano comandou profissionalmente os rivais Grêmio e Corinthians. Já havia sido especulado outras vezes pelo colorado, mas negociações com finais ruins abalavam a relação entre o técnico e o clube. Desta vez as coisas se alinharam. Mano precisava do Inter e o Inter precisava do Mano. Mas a situação era delicada. O status de ambos era ruim. Do lado do técnico, passagens recentes muito ruins por Bahia e Palmeiras, além de um final terrível de trabalho no Cruzeiro onde havia sido multicampeão. Do lado do clube, crise interna após resultados muito ruins na arrancada da temporada e medo de um possível rebaixamento. Todavia, o cenário caótico era a chance de redenção para ambos. O próprio Mano Menezes citou isso em sua coletiva de apresentação. O objetivo era um casamento entre ambos para se reerguerem juntos. E aconteceu.
Pouco antes de Mano, já havia chegado Paulo Autuori para a função de diretor técnico, uma espécie de coordenador. Junto com o treinador, chegou ainda o novo diretor de futebol William Thomas. Era uma comissão técnica e um departamento de futebol renovados. Uma mudança drástica no meio da temporada que se mostrou efetiva.
Mano Menezes tinha tarefas importantes. O Inter tinha para o restante do ano apenas duas competições: Campeonato Brasileiro e Copa Sul-Americana. Na primeira, o objetivo era ter estabilidade e se afastar da zona de rebaixamento, possivelmente buscando uma vaga para competição internacional. Na outra, o foco era em se recuperar do começo irregular, passar da fase de grupos e se encorpar para brigar pelo título. No fim das contas, teve um resultado muito acima do esperado na competição nacional e não atingiu o objetivo final no torneio continental. Mas mesmo com o insucesso na Sula, é natural dizer que no panorama geral o resultado foi positivo. A campanha no Brasileirão foi muito boa, a melhor do clube no atual formato, e o técnico trouxe estabilidade ao Inter: regularidade nos resultados, bom desempenho, vestiário unido, torcida confiante. O casamento entre Mano e Inter, apesar de alguns pontos baixos, se mostrou proveitoso para ambos.
Já na estreia de Mano, vitória colorada. E com classe, 1 a 0 sobre o Fluminense em pleno Maracanã. Jogo difícil, triunfo crucial para uma mudança de fase. Era a segunda consecutiva no Brasileirão, retirava do foco aquele olhar para a parte inferior da tabela. Já se notava um Inter um pouco mais calmo, mais organizado na defesa e efetivo no ataque. O segundo jogo do treinador já era uma partida decisiva contra o Independiente Medellín na Copa Sul-Americana. Com os dois empates contra os adversários modestos do grupo nas primeiras rodadas, uma vitória fora de casa contra o principal rival do grupo se fazia essencial. Aconteceu. Outro 1 a 0. De novo com gol de Alemão. Era o retorno de um Inter competitivo. Mano havia encontrado o gás inicial de passagem que o time tanto precisava.
Mas nem tudo foram flores. O terceiro jogo de Mano foi um empate em pleno Beira-Rio por 0 a 0 contra o limitado Avaí. Na primeira partida em que precisou propor jogo, se notou dificuldade. Natural para um começo de trabalho, o repertório ainda não era tão vasto. Este tropeço trouxe junto o momento de maior instabilidade do Inter com Mano Menezes. Foram quatro empates seguidos, contra o próprio Avaí, Guaireña, Juventude e Corinthians. Quem veio para acalmar o ambiente foi a Copa Sul-Americana. Após o empate contra o Guaireña, vieram duas vitórias, contra Independiente Medellín por 2 a 0 e contra 9 de Octubre por 5 a 1. Triunfos que garantiram a classificação ao mata-mata mesmo após aquele começo tenebroso. E com vitórias em casa que não vinham acontecendo para o time de Mano Menezes. No Brasileirão, ainda houve empates contra Cuiabá e Atlético Goianiense. Foram três igualdades em casa: Avaí, Corinthians e Atlético Goianiense. Havia uma interrogação sobre os jogos do time no Gigante. Se cobrava imposição quando era o protagonista. As duas vitórias na Sula e um grande triunfo sobre o Flamengo do estreante Dorival Júnior por 3 a 1 recuperaram a confiança colorada como mandante. O torcedor piscou e o time de Mano Menezes estava com quatorze jogos de invencibilidade. Vencia fora e começava a engrenar em casa. Já havia voltado a sonhar com o título da Sula e a briga no Brasileirão já não era mais por permanência, mas sim por vaga na Libertadores. A crise passou e o otimismo tomava conta.
Todavia, outra facada aconteceu. A primeira derrota de Mano Menezes no Inter aconteceu logo de forma traumática. Em pleno Beira-Rio, um revés de virada para o Botafogo por 3 a 2 com um jogador a mais em campo. O colorado abriu 2 a 0 logo cedo no placar e ainda ficou com um atleta a mais após expulsão de Philipe Sampaio do Botafogo. Ainda assim, o Inter conseguiu sofrer a virada dentro de casa. Ruptura da sequência invicta da pior forma possível. Uma derrota tão amarga que gerou na torcida uma sensação de terra arrasada, de desconfiança, de medo. Apenas um revés, mas que relembrou de momentos duros das eras Aguirre e Medina. A vitória de 3 a 0 sobre o Coritiba logo no jogo seguinte ajudou a recuperar um pouco a confiança para o duelo de mata-mata da Sul-Americana contra o Colo-Colo que viria logo na sequência. Mas a recuperação não foi total. Na partida de ida contra o clube chileno, um outro revés duríssimo. 2 a 0 fora de casa, atuação muito ruim mais uma vez. A pressão estava instaurada. Era necessária uma reviravolta grande no Beira-Rio. Com a confiança do time mais uma vez abalada, as dúvidas eram enormes. Mas a torcida acreditava. 40 mil colorados compareceram ao estádio. Apoio não faltou. Todavia, um gol cedo do Colo-Colo aumentou ainda mais o desafio alvirrubro. Eram necessários quatro gols para a classificação. O desempenho nervoso não dava expectativas para o melhor. Mas entrou o imponderável. O estádio não se calou. O time não desistiu. Já no primeiro tempo, aos trancos e barrancos, buscou a virada por 2 a 1. Diminuiu o trajeto mesmo sem jogar bem. No segundo tempo, jogando bem, fez os outros dois gols que precisava com autoridade e bem antes do fim do jogo. Uma virada épica e improvável. O gigante foi ao delírio. Inter nas quartas de final.
Mas o resultado épico ainda não significou regularidade para o Internacional de Mano Menezes. Vitória contra o América Mineiro em casa, empates contra Athletico Paranaense fora e São Paulo em casa, derrota para o Palmeiras no Allianz Parque. Os altos e baixos eram claros. No jogo anterior ao duelo de ida contra o Melgar pela Sul-Americana, uma goleada sobre o Atlético Mineiro por 3 a 0 no Beira-Rio. Mais uma demonstração de que o time era capaz de grandes rendimentos, com solidez defensiva e dinamismo no ataque. Mas deste desempenho foi a um 0 a 0 contra o time peruano fora de casa. Com a expulsão de Alemão e a pressão exercia pelos mandantes, o empate pareceu lucro para o Inter na ida das quartas de final da Sula. Antes do confronto da volta, mais uma demonstração de irregularidade. Com time reserva, o Inter levou simplesmente 3 a 0 do Fortaleza no Castelão. Detalhes: o time cearense estava na zona de rebaixamento do Brasileirão e teve um jogador expulso enquanto a partida estava 0 a 0. Não poderia ser pior a prévia para o duelo decisivo na competição continental. Mas era, apesar disso, mais uma chance de resposta diante de um Beira-Rio lotado. Como havia sido contra o Colo-Colo. Mas o Melgar se mostrou mais resistente. Aguentou a uma pressão inicial colorada e teve sua vida facilitada quando Gabriel, do Inter, foi expulso no segundo tempo. Mais uma expulsão comprometedora neste duelo. Matou o jogo colorado, que ficou sem forças para se impor e conseguiu apenas levar o duelo aos pênaltis. Ali, patético. Errou três cobranças. Carlos de Pena, Taison e Edenílson desperdiçaram consecutivamente. Daniel, que nunca foi grande coisa em penalidades, conseguiu pegar apenas uma cobrança. Derrota. Eliminação. Em pleno Gigante lotado. Mais um trauma. A grande chance de um título importante na temporada foi pelo ralo. Com duas expulsões, uma em cada jogo. Alemão e Gabriel, peças essenciais na temporada, comprometeram por excesso de vontade.
Restava o Brasileirão. O segundo turno inteiro para buscar ali a classificação para a Libertadores. Mas com os altos e baixos, além da eliminação na Sula, Mano Menezes já não era mais unanimidade. Apesar dos pesares, o comandante ganhou voto de confiança da direção e mesmo da torcida. Não apanhou tanto como seus antecessores. Por sua postura e pelos bons jogos que o time já havia feito, ganhou crédito. E a manutenção foi a decisão mais acertada que Alessandro Barcellos e seus pares poderiam ter tomado.
Mano Menezes soube reerguer a moral do time. A primeira partida após o tombo foi já de grande desempenho e resultado. 3 a 0 sobre o Fluminense de Fernando Diniz no Beira-Rio. Uma atuação segura na defesa, criativa e objetiva no ataque, eficiente. A resposta que não veio contra o Melgar apareceu contra o tricolor carioca. E o triunfo iniciou uma sequência de treze jogos de invencibilidade, mas desta vez com nove vitórias, sem empates questionáveis. No segundo turno do campeonato, foram treze vitórias, quatro empates e duas derrotas. Após o tropeço contra o América Mineiro, que quebrou a sequência invicta, foram mais três vitórias seguidas. Uma delas, um 3 a 0 contra o campeão Palmeiras no Beira-Rio. O time de Abel Ferreira não havia perdido nenhum jogo como visitante no campeonato até então. O triunfo deu ao Inter a conquista simbólica do segundo turno do Brasileirão. O time finalmente alcançou a regularidade. O desempenho foi bom, com a manutenção da solidez defensiva mesmo após a lesão de Gabriel, e um ataque rápido, vertical, habilidoso, eficiente. Alemão voltou a fase de alta, Carlos de Pena seguiu criativo, Wanderson e Pedro Henrique continuaram impactando. O desempenho foi acima do esperado e mirado, tanto que por certo momento se cogitou que o Inter pudesse brigar pelo título. Nunca houve uma aproximação real do Palmeiras, o rival não deu brecha, mas a vice-liderança colorada foi longa. A ideia de buscar uma vaga para a Libertadores foi naturalmente concretizada, com antecipação, e de forma direta para a fase de grupos. No fim das contas, os 73 pontos se tornaram a melhor campanha colorada em Brasileirões de pontos corridos com vinte clubes. Em diversos anos seria desempenho para título. Serviu para o nono vice-campeonato do Inter na história do Campeonato Brasileiro.
Mano Menezes encontrou a mão. Ajeitou o time. Uma dupla de zaga fortíssima, Vitão e Mercado, além de um grande Rodrigo Moledo como reposição. Laterais bem ocupadas, uma com o excelente Bustos e outra com o seguro Renê. Keiller surgindo na reta final como um goleiro inspirado. Volância segura, com Gabriel muito bem, além de uma boa reposição com Johnny após a lesão do titular. Meio-campo competitivo com Carlos de Pena voando, Alan Patrick classudo, Wanderson e Pedro Henrique voando, Alemão fazendo pivôs e gols, Maurício sendo essencial com muita versatilidade. Edenílson, antes imprescindível, virou reserva. Útil, entrava bem, mas já não era tão convincente e nem inquestionável. Alguém que representava os velhos tempos de derrota, gradativamente arquivado. Após o fim da temporada, transferiu-se para o Galo. Mais uma etapa crucial do movimento de renovação de elenco do Inter, que teve ainda na era Mano as saídas de Moisés e Rodrigo Dourado.
No fim das contas, o Inter terminou o ano em alta. Após os insucessos no Gauchão, na Copa do Brasil e na Sul-Americana, já com Mano, se consolidou no Brasileirão e foi vice-campeão com ótima campanha. Mesmo com lesões no meio do caminho, encontrou a regularidade e não perdeu desempenho com os substitutos. Encontrou bom rendimento mesmo com saídas de medalhões como Patrick, Marcelo Lomba, Moisés e Rodrigo Dourado, além de Edenílson que virou reserva. Venceu jogos difíceis mesmo quando jogou mal. Adquiriu uma personalidade para encarar desafios e superá-los. Deixa uma boa base para 2023. Tem jovens valiosos, como Keiller, Bustos, Vitão, Johnny, Maurício, Alemão. Tem nomes experientes e afirmados como Mercado, Gabriel, Carlos de Pena, Wanderson, Pedro Henrique. Tem um técnico que se mostrou capaz de fazer um time que não é apenas retranqueiro, mas que sabe jogar com repertório, marcando alto, propondo, sendo eficiente. Está unido no vestiário e nos gabinetes. Com gastos controlados e um grupo unido, a prosperidade é o clima para 2023. Ainda não veio o título tão sonhado, mas após o caos ressurgiu a organização do clube. O Inter termina 2022 com um bom elenco, bem renovado; bom técnico, que vira a temporada, o que não acontece desde Odair; finanças equilibradas e torcida otimista. Após tantos “quases”, fica a impressão de que 2023 pode ser finalmente o ano da virada. Com reforços pontuais, manutenção da base do plantel e certa sorte em relação aos concorrentes, a volta aos títulos pode acontecer. Terminar o ano em alta é algo muito precioso para fomentar uma jornada vencedora. Hoje se nota a sede de uma conquista e a percepção do grupo de que é capaz de fazê-lo. Há muito tempo o Inter não se encontrava tão organizado dentro e fora dos gramados. Um troféu no próximo ano seria uma justa recompensa. Mas para isso, só se houver a manutenção da era de estabilidade.