DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA DO LÍDER INTER
O líder Internacional mostrou sua força e venceu o Novo Hamburgo de virada por 3 a 1 dentro do Estádio do Vale pela nona rodada da fase inicial do Gauchão. O Noia até saiu na frente com boa estratégia a partir do jogo físico, mas via qualidade técnica individual e coletiva, o colorado construiu a reversão de placar ao natural.
A boa estratégia montada por Edinho Rosa fez o Novo Hamburgo prevalecer na primeira metade do primeiro tempo. O treinador soube aproveitar do time físico que tem, oportuno em um gramado deteriorado, e impôs um bom desafio ao ataque do Inter. Sem a bola, o Noia jogou em um 5–4–1 com Anaílson como zagueiro e Tanque como ala. O anilado soube congestionar o jogo por dentro e empurrar o colorado para as beiradas. Não havia temor de cruzamentos pela imposição na área e a boa quantidade de gente na segunda bola. E Garré e Paulinho Dias ainda atrapalhavam a saída de bola vermelha.
O Inter não fluiu com a posse e ainda vacilou sem ela. Sem executar uma marcação alta, sem ter o perde e pressiona, o time de Chacho Coudet foi suscetível aos contra-ataques. O Novo Hamburgo teve as brechas que precisava para usar seu jogo direto. Usava dos pivôs de Luam Parede, subia com três ou quatro homens e se aproximava pelas beiradas procurando sua principal arma, o cruzamento. E fez seu gol no jogo justamente assim, com Anderson Tanque cruzando pela direita para Parede se impor sobre Vitão na área e abrir o placar aos dez minutos.
Na segunda metade da etapa inicial, o jogo começou a mudar de rumos. Naturalmente o Novo Hamburgo recuou um pouco mais. Ainda que estivesse coletivamente bem armado, preparado para o cenário, é um time muito limitado tecnicamente. E quem vive atrás está refém de qualquer erro. O Inter, por sua vez, ainda que estivesse sem dinamismo no meio-campo, tem muito talento individual. As duas coisas se complementam e explicam a virada de placar colorada mesmo em um primeiro tempo desconfortável.
Primeiro, boa leitura de Renê em um lateral, lançando Enner Valencia livre. A defesa anilada se descuidou do atacante colorado e na sequência foi toda para cima dele, deixando Alan Patrick entrar livre por dentro. Enner ganhou a jogada e cruzou para Alanpa empatar o jogo aos 27 minutos. Pós-gol, o Inter foi ganhando confiança e se movimentando mais por dentro. Havia espaço para trabalhar nas costas de Garré e Paulinho Dias, mas a linha de cinco do Noia compensava. Ainda assim, foi pelas entrelinhas aniladas que aconteceu a boa jogada do segundo gol colorado, aos 44 minutos, em que Alan Patrick enfiou bola Enner Valencia para superar a zaga do Novo Hamburgo e virar o jogo em ótima finalização. Decisiva a imposição do atacante colorado para vencer o bloqueio numeroso do Novo Hamburgo. E fez isto nos dois gols.
A primeira metade do segundo tempo já teve outra cara. A partir da virada construída principalmente pelo individual, o Inter ganhou confiança e fluiu coletivamente com naturalidade. O Novo Hamburgo não mudou sua postura e posicionamento mesmo perdendo. Acreditava em algo como o que aconteceu na arrancada da etapa inicial. Mas o time colorado não era o mesmo, ainda que com as mesmas peças. Coudet soube ler o jogo e fez seu time render a partir dele. A marcação alta e as trocas de posição apareceram. Por consequência, as combinações também. Aránguiz, Alan Patrick, Bruno Henrique, Wanderson, Enner, todos se encontraram mais. O Noia, sem encontrar referências de marcação, se perdeu. Assistiu as belas jogadas do Inter. E o terceiro gol foi mera formalidade, mas em ótima jogada, com toques de primeira, ultrapassagem, profundidade e infiltração. O fim da trama foi uma bela enfiada de primeira de Enner Valencia para Bruno Henrique, que foi ao fundo e cruzou para Wanderson cabecear livre, de frente para o gol. Futebol bonito de assistir, mesmo em um gramado prejudicado.
A segunda metade da etapa final foi basicamente um treino para o Internacional. Tanto pela vantagem de dois gols quanto pela expulsão de Patrick Maranhão, do Novo Hamburgo, que havia acabado de entrar no jogo e levou dois cartões amarelos. O Noia ficou definitivamente sem forças para reagir e Edinho Rosa apenas fechou seu time em um 5–3–1 para não sofrer uma goleada. Eduardo Coudet, por sua vez, se sentiu livre para fazer testes. Formatou o ataque com Rômulo de volante, Hyoran de meia central, Gustavo Prado pela direita e Wanderson pela esquerda, com Lucca e Enner Valencia na frente. O time até continuou com a bola e fez algumas combinações, mas não teve mais grande dinamismo. Hyoran não entrou bem e Rômulo não é um grande abridor de jogadas. Diante do fechado Novo Hamburgo, a posse acabou improdutiva e o jogo não teve mais nada de interessante.
É uma vitória de demonstração de força do Internacional, líder do Gauchão. O Novo Hamburgo entrou com uma boa estratégia física, impulsionada por um gramado ruim, e abriu o placar com mérito. Mas o colorado não se abateu mentalmente e construiu a virada com repertório, primeiro individual e depois coletivo. Nem o campo, nem o fechado rival tiraram o time de Chacho Coudet dos eixos por muito tempo. Tudo se resolveu na bola. No fim, valeu a diferença técnica entre as equipes. 3 a 1 sólido e justo.
NOVO HAMBURGO: O Novo Hamburgo até começou com uma boa estratégia montada por Edinho Rosa que fez o time sair na frente do placar, mas as limitações técnicas são tão grandes que a virada sofrida foi inevitável. Sem o técnico conseguir fazer milagre, o Noia perde mais uma e agora é nono colocado do Gauchão, um ponto atrás da zona de classificação e um acima da de rebaixamento.
INTER: Mesmo em um bom desafio físico imposto pelo Novo Hamburgo, o Inter mostrou repertório para vencer de virada fora de casa. No primeiro tempo, as individualidades, especialmente Enner Valencia, foram a saída. No segundo, foi a fluência coletiva que matou o jogo. Com o triunfo por 3 a 1, o colorado reassume a liderança do Gauchão.
ARBITRAGEM: Francisco Soares Dias e equipe não fizeram grande arbitragem, mas não comprometeram no Estádio do Vale. Os principais acertos foram a não marcação de pênalti em lance que Enner Valencia forçou contato sobre Filipe Fraga na área e a expulsão de Patrick por duas faltas duras de cartão amarelo. Os erros, impedimentos equivocados em ataques promissores do Internacional e algumas faltas inventadas, bem como outras omitidas. Uma das não marcadas, por exemplo, foi a sofrida por Alan Patrick no meio-campo em que, na sequência do lance, Gabriel Mercado sofreu uma lesão e precisou deixar o gramado. Consequência importante de um erro teoricamente pequeno, mas claro.
FICHA TÉCNICA:
🗒️ NOVO HAMBURGO: Lucas Maticoli; Anilson, Marcão e Santiago; Anderson Tanque, Robson (Édipo), Filipe Fraga (Christian) e Raí; Paulinho Dias (Erick Bahia), Garré (Patrick) e Luam Parede (Barbieri). Técnico: Edinho Rosa.
🗒️ INTER: Anthoni; Bustos, Vitão, Mercado (Robert Renan) e Renê; Aránguiz (Hyoran), Alan Patrick (Rômulo), Bruno Henrique (Gustavo Prado) e Wanderson; Enner Valencia e Alario (Lucca). Técnico: Eduardo Chacho.
⚽ Gols: Luam Parede (Novo Hamburgo) | Alan Patrick, Enner Valencia e Wanderson (Inter)
👟 Assistência: Anderson Tanque (Novo Hamburgo) | Enner Valencia, Alan Patrick e Bruno Henrique (Inter)
🟡 Cartões amarelos: Raí e Patrick (Novo Hamburgo) | Alan Patrick, Vitão e Mercado (Inter)
🔴 Cartão vermelho: Patrick (Novo Hamburgo)
👨⚖️ Árbitro: Francisco Soares Dias (Rio Grande do Sul)
🏟️ Local: Estádio do Vale, Novo Hamburgo-RS