CLASSIFICAÇÃO SEGURA DO FAVORITO

Jonathan da Silva
7 min readMar 9, 2024

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O favorito Internacional venceu facilmente o São Luiz de Ijuí por 3 a 0 no Beira-Rio e está classificado para as semifinais do Gauchão 2024! O colorado esbanjou qualidade técnica, envolveu o zangão e resolveu a partida de quartas de final antes dos 20 minutos do primeiro tempo.

O Internacional arrasou o São Luiz na primeira meia hora de partida. Com muita fluência na circulação de bola, o colorado envolveu absolutamente a equipe de Ijuí. Não adiantou o técnico Alessandro Telles começar o jogo com uma legítima retranca, com os onze jogadores postados perto da própria área, em um 4–1–4–1. O Inter criou os espaços com naturalidade. Trabalhou bem a bola na intermediária e usou as beiradas para abrir caminhos, já que o São Luiz congestionou o meio. O time de Chacho Coudet se aproximou nos corredores laterais, atraiu o adversário para fora do lugar, trocou passes rápidos de primeira e venceu os duelos individuais para chegar ao fundo com qualidade e infiltrar na área. Foi assim que Bustos cruzou da linha de fundo para Enner Valencia abrir o placar para o colorado já aos quatro minutos de jogo. A qualidade abriu os caminhos.

A surpresa foi o Inter não ter aberto uma grandiosa vantagem no placar nos minutos seguintes, onde foi ainda mais avassalador. Em desvantagem, o São Luiz começou a tentar sair mais para o jogo, seja com saída de bola desde a zaga ou sendo mais combativo na marcação. Era tudo que o colorado queria. O trabalho para chegar na área foi ainda menor para o time da casa, que pôde usar de suas melhores armas com tranquilidade. O time de Chacho Coudet recuperou constantes bolas no campo de ataque e a partir disso criou chances de perigo. O dinamismo na movimentação apareceu, com as conhecidas trocas de posição entre os meias, as diagonais de Wanderson, as ultrapassagens de Bustos, a incisão de Enner Valencia. Foram belas combinações, seja em tabelas ou triangulações, em passes de primeira, sabendo onde o colega estaria para receber e continuar as jogadas. Até jogadas de letra surgiram. O colorado praticou um futebol bonito. Criou de todos os lados, por baixo, por cima, individual e coletivamente. O São Luiz deu brecha e o Inter deu show. Aos 16 minutos, ampliou com Igor Gomes em cruzamento de Alan Patrick após jogada ensaiada em escanteio. E a coisa só não virou goleada porque o goleiro Luiz Felipe fez defesas importantes.

A partir da vantagem de 2 a 0, o Inter se sentiu à vontade para descansar a partir dos trinta minutos da etapa inicial. Parou de marcar alto, se postou na zona intermediária do campo e permitiu que o São Luiz finalmente trocasse passes e saísse da casa dos 20% de posse de bola. Até mesmo erros bobos de passe na saída de bola o colorado teve, especialmente com Aránguiz. A equipe de Ijuí, que já demonstrou diversas vezes que não é boba e que gosta de ter a pelota, melhorou no jogo. Mas não a ponto de se impor. Chegou com perigo em cruzamentos e bolas paradas, mas não conseguiu ter contundência pelo meio para eventualmente conseguir um gol de desconto. Na realidade, quem continuou sendo mais perigoso foi o próprio Inter, em transições rápidas. Mesmo apoiando com três ou quatro homens, estes homens eram Enner Valencia, Wanderson, Alan Patrick e Maurício. Em três ou quatro passes uma chance clara já surgia. E de novo o colorado poderia ter transformado o placar em goleada, mas não aproveitou as chances e foi ao intervalo com dois gols de vantagem.

Os primeiros 25 minutos do segundo tempo foram praticamente uma continuidade do final do primeiro. O Inter marcou com ainda menos intensidade, o São Luiz adiantou ainda mais o time e passou até mesmo a jogar em um 4–4–2 com Gabriel Morbeck e Ramires no ataque. Neste cenário, o jogo virou uma luta de boxe, em trocação pura de golpes. Com a cabeça já na quarta-feira, na Copa do Brasil, os titulares colorados continuaram perdendo bolas bobas e tendo zero pressão pós-perda, expondo a defesa com buracos entre as linhas de marcação. Por ali o zangão de Ijuí conseguiu alguns bons cruzamentos e diagonais que poderiam ter resultado em gol. Mas o que o time pegou no acabamento das jogadas, seja no momento de finalizar, dar o passe ou driblar, foi impressionante. Desse modo, impossível reagir. E o Inter, apesar de defender sem interesse, continuava perigosíssimo nos contra-ataques. Enner Valencia brincou com a zaga do rubro e deu várias chances claríssimas de gol a seus colegas, principalmente Alan Patrick. Mas, por preciosismo nas finalizações, novamente o time da casa deixou de transformar o placar em goleada. Havia sempre uma tentativa de drible a mais que o necessário, uma finta errada, uma demora que resultava em chutes bloqueados. O volume colorado continuou, o desperdício também.

Chegou um momento em que Eduardo Coudet cansou de ver seu time desinteressado em campo e resolveu fazer trocas para recuperar a tranquilidade na partida. Por mais que o colorado seguisse criativo no cenário do “lá e cá”, estava muito próximo de sofrer um gol com a tranquilidade com que o São Luiz chegava na área. E aos 25 minutos, com entradas de Hyoran, Alario e Bruno Gomes, o Inter recuperou poder de marcação e voltou a ter mais retenção de bola, acabando de vez com qualquer reação do zangão. O time da casa passou a administrar a vantagem com a posse, não mais descansando sem a bola. E continuou perigoso no ataque, agora com Alario fazendo bons pivôs, mas faltando alguém mais para bagunçar a zaga adversária e aproveitar esses pivôs, já que Enner havia saído e Alan Patrick estava cansado. Foi então que Lucca entrou em campo e se tornou esse fogo que faltava. Ele ajudou Alario a incomodar a defesa rubra e abrir espaços para chegadas de Bruno Gomes, Maurício, Bustos e Hyoran. Foi com Lucca que o Inter conseguiu um bom contra-ataque aos 38 minutos e Maurício fechou a conta no placar após bate e rebate da zaga do São Luiz, que estava sem Bruno Jesus, o xerifão, que recebia atendimento médico fora do campo. Com o 3 a 0 merecido, finalmente o colorado transformou o resultado em goleada. E por detalhes não ampliou ainda mais nos últimos minutos. Sobrou.

O favorito se impôs. O Inter fez valer sua superioridade técnica em relação ao São Luiz e não precisou de grande sacrifício para se classificar para as semifinais do Gauchão. Com foco, dinamismo e muita qualidade na circulação de bola, antes dos 20 minutos o time de Chacho Coudet já havia conquistado a classificação na prática. O restante da partida foi apenas protocolo, até com certos percalços, mas com o colorado flertando com a goleada o tempo inteiro, até que a obteve nos minutos finais. Anthoni mal trabalhou. Já Luiz Felipe, este sim, impediu um massacre histórico. O Inter fez o seu papel com direito a jogo bonito. O São Luiz não conseguiu achar uma maneira de competir. Resultado justo e o colorado avança nas quartas de final do estadual.

INTER: Em uma demonstração de muita qualidade técnica e tática, o Inter sobrou contra o São Luiz e se classificou para a semifinal do Gauchão com uma goleada de 3 a 0 no Beira-Rio. A superioridade foi tanta que mesmo sem se esforçar na marcação por boa parte do jogo, o colorado seguiu próximo de ampliar o placar o tempo inteiro. O time de Chacho Coudet chega a nove vitórias seguidas em 2024. Continua 100% no Beira-Rio na temporada. E espera por Guarany de Bagé ou Juventude na semifinal do Gauchão. O Inter cumpriu seu papel e confirmou o favoritismo com uma exibição bonita de futebol.

SÃO LUIZ: O São Luiz não conseguiu achar uma maneira de ser competitivo no Beira-Rio. Mesmo retrancado, saiu perdendo já nos minutos iniciais. Depois tentou jogar, mas foi muito ineficiente nas chances que até surgiram a partir do descanso do Inter. Ineficiente e exposto, ficou impossível de reagir. A goleada foi inevitável e saiu até barata diante da quantidade de chances cedidas. O goleiro Luiz Felipe já na estreia impediu o zangão de sofrer uma humilhação. Mas a eliminação veio naturalmente. O São Luiz dá adeus ao Gauchão nas quartas de final. Todavia, mesmo com a queda para o favorito, o começo de temporada rubra é positiva com chegada à fase decisiva do estadual, classificação para a segunda fase da Copa do Brasil e título da Recopa Gaúcha sobre o Grêmio.

ARBITRAGEM: O árbitro Francisco Soares Dias não foi bem, mas não comprometeu. O apitador marcou faltas o tempo inteiro, mesmo em contatos normais de jogo. Picotou a partida. Ao menos seu auxiliar acertou no lance mais importante, a validação do gol legal de Igor Gomes, sem impedimento. E o próprio árbitro não cometeu nenhum erro que tenha interferido diretamente no resultado.

FICHA TÉCNICA:
🗒️ INTER: Anthoni; Bustos, Igor Gomes (Robert Renan), Vitão e Renê; Aránguiz (Bruno Gomes), Bruno Henrique, Maurício e Wanderson (Hyoran); Alan Patrick (Lucca) e Enner Valencia (Alario). Técnico: Eduardo Coudet.
🗒️ SÃO LUIZ: Luiz Felipe; João Vitor, Bruno Jesus, Thalheimer e Márcio Duarte; Lucas Hulk (Felipe Baiano), Gabriel Davis e Guilherme Dal Pian (Diogo Sodré); Gabriel Pereira (Gabriel Morbeck), Borasi (Vini Peixoto) e Lucas Souza (Ramires). Técnico: Alessandro Telles.
⚽ Gols: Enner Valencia, Igor Gomes e Maurício (Inter)
👟 Assistências: Bustos e Alan Patrick (Inter)
🟡 Cartão amarelo: Aránguiz (Inter)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨‍⚖️ Árbitro: Francisco Soares Dias (Rio Grande do Sul)
🏟️ Local: Estádio Beira-Rio, Porto Alegre-RS

BOLA DE OURO DO JOGO: Enner Valencia/Inter | FOTO: Ricardo Duarte/Sport Club Internacional

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Jonathan da Silva
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Written by Jonathan da Silva

A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

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