ALVINEGRO PERSISTENTE

Jonathan da Silva
5 min readFeb 10, 2025

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Em um duelo de ataque contra defesa, o Corinthians furou a retranca do São Bernardo no finalzinho e venceu por 2 a 0 em Itaquera pela oitava rodada do Paulistão 2025. Mesmo com time misto, o alvinegro acumulou chances perigosas de gol e buscou o triunfo justamente quando o aurinegro tentou atacar e deu brechas para contra-ataques. Sorrateiro. No confronto entre as duas melhores campanhas do estadual, venceu o líder geral Timão, que garante ainda a classificação às quartas de final com quatro partidas de antecedência.

O primeiro tempo inteiro teve um roteiro só: ataque do Corinthians contra defesa do São Bernardo. Enquanto o Timão dominava a posse, o Bernô não procurava o desafiar, focava apenas em se proteger na defesa, compacto no habitual 5–4–1, eventualmente tentando ligações diretas. Um ferrolho de almanaque perto da própria área. Apesar disso, o alvinegro não foi improdutivo. Primeiro, porque não permitiu um contra-ataque perigoso dos visitantes com ótima imposição dos zagueiros nas coberturas e bons encaixes na marcação alta. E porque, com a pelota, em uma espécie de 2–2–6 bem ousado, criou chances claras de gol. Ciente do bloqueio por dentro, o Timão usou bem o lado direito para se aproximar e chegar ao fundo, com um José Martínez inspirado. Do setor, o time de Ramón Díaz fez bons cruzamentos, diagonais e tabelas interessantes. Inclusive as bolas cruzadas, que vieram em alto número, foram tentativas válidas pela presença de área do Pedro Raul, que cabeceou com perigo várias vezes. Apesar da retranca aurinegra, o Coringão teve as oportunidades que precisava para sair na frente do placar. Todavia, não foi eficiente e não evitou a ida do jogo ao intervalo com o 0 a 0 no telão.

O cenário da etapa inicial não só continuou no segundo tempo, como também se intensificou, com o São Bernardo ainda mais recuado e o Corinthians com presença maior de jogadores ofensivos e titulares, como Garro e Memphis. Coronado chegou a ser volante, para se ter uma ideia. O domínio corintiano da posse de bola chegou a alcançar absurdos 80% em determinados momentos. Entretanto, a produtividade do Timão, em contrapartida, caiu com as saídas de Pedro Raul e José Martínez. Havia melhor elaboração de jogadas do ponto de vista individual, mas coletivamente faltava profundidade. As pelotas levantadas na área já não eram mais finalizadas, sem imposição individual por ali. Sobras não eram aproveitadas. E a circulação de bola, que precisava aumentar, tinha na realidade diminuído, quase em modo de treino. Daquele jeito, sem uma gana maior, seria difícil de o time de Ramón Díaz realmente furar aquela retranca.

Em meio ao aparente conforto defensivo, o São Bernardo “criou coragem” e também tentou buscar a vitória nos últimos 15 minutos de partida. Ousado, o Bernô marcou mais intensamente para retomar a pelota, esteve mais adiantado no campo e apoiou com bem mais gente nas transições, não apenas os três homens habituais. E, de fato, assustou em algumas ocasiões, explorando a falta de homens de marcação no meio-campo corintiano. O Bernô chegou com perigo especialmente em chutes de fora da área, explorando as entrelinhas alvinegras. No entanto, justamente esse risco tomado foi o que abriu brechas para o Timão vencer, em contra-ataques, uma antítese do que foi o jogo. Aos 49, em transição puxada por Memphis, Romero finalizou chute cruzado do holandês para o fundo das redes, gerando uma festa total em Itaquera. Aos 53, o próprio Depay fez o dele em tabela justamente com o paraguaio nas crateras entre setores do Tigre do ABC. Se atirar custou caro para os visitantes e foi tudo que o Coringão precisou. Curioso. Cruel. Peculiar.

Não foi fácil, como já se imaginava pelas escalações e pelas características dos times, mas o Corinthians foi persistente, furou a retranca do São Bernardo e confirmou o favoritismo em Itaquera. O Timão já criou chances mesmo quando o Tigre estava completamente fechado e consumou o triunfo quando o aurinegro saiu minimamente ao ataque para tentar a vitória. Claro, não foi uma atuação exuberante, mas foi aceitável diante daquilo que a partida pedia. Não é fácil dar show quando o rival coloca 11 jogadores perto da própria área. E mesmo assim, com equipe alternativa, o Coringão conseguiu os três pontos e ainda ver reservas mostrando serviço, como Félix Torres, José Martínez, Pedro Raul e, principalmente, João Pedro Tchoca, que pede passagem para o time titular. O alvinegro segue com a melhor campanha do Paulistão, agora de forma disparada ao derrotar justamente o segundo colocado da classificação geral. Sete vitórias em nove jogos. O esquadrão de Ramón Díaz é fortíssimo candidato ao título estadual. Hoje, a maior ameaça é justamente o São Paulo, único clube para quem perdeu.

CORINTHIANS

O alvinegro lutou até o fim e conseguiu furar uma retranca imensa. Para um jogo praticamente inteiro de ataque contra defesa, com time misto ainda por cima, foi um desempenho positivo do Timão. Não apresentou um futebol envolvente, mas soube trabalhar pelas beiradas e criou várias chances perigosas em cruzamentos e diagonais. Quando o São Bernardo deu a mínima brecha para transições, Memphis e Romero fizeram o que precisava ser feito. Vitória suada, mas merecida do Corinthians. O Timão segue com uma campanha fantástica no Paulistão, com 22 pontos obtidos em 27 disputados, e já está classificado às quartas de final com impressionantes quatro rodadas de antecedência. Festa linda em um Itaquerão lotado.

SÃO BERNARDO

O Bernô claramente jogou para não perder e até flertou com isso, mas se entregou no finalzinho justamente quando ousou e tentou ganhar. Por 80 minutos, o aurinegro fez um ferrolho de almanaque em um 5–4–1 extremamente compacto. Só sofreu por vezes na bola aérea, mas não teve uma atuação de destaque do goleiro Alex Alves, por exemplo. Nos dez últimos, mais os acréscimos, tentou pressionar na marcação e apoiar em peso. Em função disso, deu brechas para contra-ataques rivais e tomou dois gols. Castigo severo. Todavia, apesar da derrota, o São Bernardo continua com uma campanha excelente no Paulistão, líder do grupo C com três pontos de vantagem para o primeiro time fora da zona de classificação, o Palmeiras, e com um jogo a menos. Além disso, o tigre do ABC é o segundo colocado da classificação geral, atrás apenas do próprio Corinthians. O torcedor bernardense tem motivos de sobra para acreditar na ida às quartas de final.

ARBITRAGEM

O experiente árbitro Luiz Flávio de Oliveira não comprometeu em Itaquera. Não houve falta de Memphis na origem do primeiro gol corintiano, nenhuma irregularidade no segundo, Romero estava impedido no tento anulado e não aconteceu nenhum outro lance polêmico no restante da partida. Arbitragem bem segura e discreta no duelo entre os líderes do Paulistão, como pede o manual.

FICHA TÉCNICA

🗒️ CORINTHIANS: Hugo; Matheuzinho, Félix Torres, João Pedro e Matheus Bidu (Hugo Ferreira); Raniele, José Martínez (Carrillo), Ryan (Garro) e Coronado (Maycon); Romero e Pedro Raul (Memphis Depay). Treinador: Ramón Díaz.
🗒️ SÃO BERNARDO: Alex Alves; Hélder, Matheus Salustiano e Augusto; Hugo Sanches, Lucas Lima (Kady), Romisson (Emerson Santos) e Pará; Fabrício Daniel (Lucas Rian), Léo Jabá (Lucas Tocantins) e Guilherme Queiroz (Rodolfo). Treinador: Ricardo Catalá.
🧮 Resultado: Corinthians 2×0 São Bernardo
Gols: Romero e Memphis Depay (Corinthians)
👟 Assistências: Memphis Depay e Romero (Corinthians)
🟡 Cartões amarelos:Ryan (Corinthians) | Hélder e Kady (São Bernardo)
🔴 Cartões vermelhos:
👨‍⚖️ Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (São Paulo)
🏟️ Local: Arena Corinthians, São Paulo-SP

BOLA DE OURO DO JOGO: João Pedro Tchoca/Corinthians | FOTO: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

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Jonathan da Silva
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Written by Jonathan da Silva

A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

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