ACESSO TURCO ADIADO

Jonathan da Silva
6 min readNov 16, 2024

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Em duelo de ataque contra defesa, País de Gales segurou o 0 a 0 fora de casa contra a Turquia pela penúltima rodada da fase inicial da Liga B da UEFA Nations League. Os turcos tentaram de tudo e tiveram ótimas chances para vencer a partida, mas exageraram na eficiência, perderam até pênalti e não conseguiram se impor. Os galeses, apesar de poucas chegadas ao ataque, “souberam sofrer” e seguraram o empate com uma atuação muito dedicada dos defensores. Na tabela, pouco muda, já que a equipe turca segue na liderança, dependendo apenas dela para subir de divisão na última partida.

Os cinco primeiros minutos de jogo na Cesareia foram os únicos em que o País de Gales tentou algo mais concreto ofensivamente. Marcou de forma adiantada, teve a bola nos pés e rondou a área da Turquia. Contudo, passou longe de ter contundência. Não teve velocidade na troca de passes, compactação ou mesmo uma iniciativa vertical de cruzar e enfiar bolas para os atacantes. Simplesmente cercou, mas não entrou. Nem deu trabalho a Günok. E logo viu a partida mudar de rumos sem se opor a isso.

O restante do primeiro tempo foi de um bombardeio turco. Não é exagero, a Turquia teve 69% de posse de bola, com 12 finalizações contra apenas uma do País de Gales. O time galês abdicou de subir constantemente ao ataque e ficou quase o tempo inteiro postado em seu 4–4–2 defensivo próximo da própria meta. E os turcos, apesar do cenário de poucos espaços para criar jogo, tiveram chances reais de furar a retranca. Com a bola, o conjunto de Vincenzo Montella não foi meramente previsível. Teve variações de jogada bem interessantes. Ora voltava a pelota para os defensores para atrair Gales para fora do lugar e explorar jogadas verticais, com o dinamismo dos meias nas entrelinhas; ora se aproximava pelas beiradas para combinar passes e cruzar ou fazer diagonais; ora apostava em conduções individuais e chutes de fora da área; ora apostava em bolas paradas. Foram chegadas perigosas de diversas formas. Mas de algum jeito, os galeses conseguiram se safar, seja com defesas seguras de Darlow ou intervenções providenciais de Rodon e Davies. Mesmo com uma superioridade clara da Turquia, a partida foi ao intervalo com um placar zerado.

A segunda etapa inteira manteve o panorama de ataques turcos contra a persistência defensiva galesa. Contudo, o ritmo do jogo baixou. O que favoreceu a “administração de resultado” para Gales, se é que é possível dizer isso de um time que precisava vencer e jogou para empatar. A Turquia seguiu com a bola, finalizou até uma vez mais que na etapa anterior, mas não teve a mesma explosão que antes. Continuou com um repertório de jogadas interessantes, mas sem o mesmo dinamismo, sem conseguir bagunçar os galeses como antes. A segunda linha defensiva da equipe visitante, antes tão bagunçada, cometeu menos erros depois do intervalo. E até alguns contra-ataques surgiram, ainda que esporádicos e pouco perigosos. A realidade prática é que Darlow não fez nenhuma defesa no segundo tempo. Mesmo com um pênalti à favor, a Turquia insistiu, insistiu, insistiu e não acertou um chute na direção do gol. Com tamanha incompetência na conclusão das jogadas, não havia como vencer uma partida totalmente viável.

É inegável que, pelo cenário do jogo, quem sai mais satisfeito com o empate é o País de Gales. O time visitante jogou na defesa quase a partida inteira e segurou o 0 a 0 com muita dedicação e eficiência nos duelos dentro da área. Contudo, um pontinho apenas é satisfatório para uma equipe que precisava vencer o confronto direto para depender apenas dela para subir à primeira divisão da Nations League? O torcedor está satisfeito? Quem não tem dúvida da insatisfação com o resultado é a Turquia, que bateu na tecla até o fim e não conseguiu fazer o gol. Que mostrou um bom repertório de jogadas e individualidades muito interessantes, mas pecou demais nas finalizações. Ainda assim, diferentemente do adversário, podia empatar que ainda assim dependeria apenas dela para subir na rodada final, em que enfrenta Montenegro. E é este o cenário. Apesar do placar ruim, a Seleção Turca ainda tem a faca e o queijo na mão para obter o acesso.

TURQUIA: A Seleção Turca passou longe de jogar mal, mas apresentou uma ineficiência assustadora e deixou de vencer País de Gales com toda a lógica indicando para isso. Mesmo diante de uma defesa bem fechada, os turcos conseguiram criar diversas ocasiões perigosas de gol ao longo da partida, com variação de jogadas, chegadas por todos os lados do campo e individualidades inspiradas, como Arda Güler e Akgün. Diferente de uma Turquia do passado, que retrancava e vivia de contra-ataques, esta mostrou capacidade para propor jogo. Finalizou 25 vezes ao longo do jogo, com pelo menos quatro chances claras, uma delas um pênalti perdido. Apesar do desempenho, nada se alcança sem efetividade, sem botar a bola na rede. E perder um penal nos minutos finais é brincar com a sorte mesmo. Se esse jogo se repetisse dez vezes, provavelmente os turcos tivessem ganhado nove delas. Mas desta vez, não era mesmo para ser. Empate zerado em casa que adia o acesso da Turquia para a primeira divisão da UEFA Nations League. Ainda assim, os comandados de Vincenzo Montella seguem dependendo apenas deles na rodada final contra Montenegro para subir. E bola têm.

PAÍS DE GALES: Os galeses jogaram apenas para não perder e, diferentemente do que o histórico futebolístico aponta para equipes que fazem isso, obtiveram sucesso e seguraram a Turquia fora de casa. Apesar de estar atrás na tabela e de que apenas a vitória colocaria o time galês na liderança do grupo, o time de Craig Bellamy se mostrou muito satisfeito por obter apenas um ponto hoje. Respeitou demais a Turquia, atacou poucas vezes e passou a grande maioria do jogo fechada em seu 4–4–2 perto da própria goleira. Apenas 37% de posse de bola e quatro finalizações ao longo da partida. Ok, fez uma atuação defensiva elogiável, com alguma defasagem da segunda linha, mas uma proteção da área exemplar. Teve sucesso na intenção. Mas não deveria querer mais? Não deveria ao menos ter batalhado mais por contra-ataques que levassem aos três pontos? Só vencendo o time galês iria para a rodada final dependendo apenas dele para subir já na fase de grupos. Com o empate, terá de secar a Turquia contra Montenegro e vencer a Islândia para subir de imediato. E se perder, ficará de fora dos playoffs pela disputa do acesso entre os segundos colocados. A situação do País de Gales não é tão confortável quanto a satisfação com o empate indica.

ARBITRAGEM: A atuação do espanhol Juan Martínez Munuera foi polêmica. Apesar de uma partida calma e pouco exigente na maioria do tempo, um lance difícil surgiu no final e o apitador tomou uma decisão bastante questionável. Em dividida dentro da área galesa, Neco Williams acertou a bola e fez contato leve com Akgün, mas o árbitro considerou pênalti. Forçou a barra, o que traz o questionamento de se foi caseiro ou não. Para a sorte do juiz, Aktürkoğlu errou o penal e assim não dá para dizer que a arbitragem tenha interferido diretamente no resultado com erros.

FICHA TÉCNICA:
🗒️ TURQUIA: Günok; Müldür, Demiral, Bardakcı e Elmalı (Çelik); Kökçü, Çalhanoğlu (Yüksek), Arda Güler (Ayhan), Akgün e Yılmaz (Ünal); Aktürkoğlu. Técnico: Vincenzo Montella.
🗒️ PAÍS DE GALES: Darlow; Connor Roberts, Rodon, Ben Davies e Neco Williams; Sheehan, Jordan James (Brooks), Harry Wilson, Brennan Johnson (Koumas) e Sorba Thomas (Cullen); Mark Harris (Daniel Williams). Técnico: Craig Bellamy.
⚽ Gols: ❌
👟 Assistências: ❌
🟡 Cartões amarelos: Bardakcı (Turquia) | Brennan Johnson e Joe Rodon (País de Gales)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨‍⚖️ Árbitro: Juan Martínez Munuera (Espanha)
🏟️ Local: Estádio Kadir Has, Cesareia-TUR

BOLA DE OURO DO JOGO: Joe Rodon/País de Gales | FOTO: FA Wales/Reprodução

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Jonathan da Silva
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Written by Jonathan da Silva

A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

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