A 15ª CONQUISTA DO REI DA EUROPA

Jonathan da Silva
7 min readJun 1, 2024

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Curvem-se ao rei da Europa. O Real Madrid é campeão da UEFA Champions League pela 15ª vez na história. A conquista veio em uma final com a cara do clube. Resistiu quando o Borussia Dortmund foi melhor e se impôs no momento decisivo do jogo, quando as chances surgiram. Uma campanha com a legítima alma madridista, com batalhas épicas do início ao fim. Se há uma chance, os merengues não deixam passar. É o que faz deste clube o rei do continente europeu.

O começo de jogo não fugiu ao padrão de uma final deste porte. Os dez primeiros minutos foram de muito estudo e pouca emoção. Com muita combatividade dos dois lados, o jogo ficou preso no meio-campo, com direito a várias paralisações e posse de bola dividida. Os dois times tentaram marcar adiantadamente para atrapalhar a saída de bola rival, mas não conseguiram produzir perigo. Com a pelota, ambos tentaram muitos lançamentos pelo alto, mas não obtiveram sucesso dada a imposição das defesas. Muita transpiração, pouca elaboração, nenhuma criação.

Passada a tensão dos minutos iniciais, quem tomou conta do jogo na etapa inicial foi surpreendentemente o Borussia Dortmund. Com uma intensidade absurda, o time alemão marcou muito bem e foi perigosíssimo em contra-ataques rápidos. O Real Madrid até ficou mais com a posse de bola, mas isto já estava nos planos de Edin Terzić. É o panorama ideal para a típica estratégia reativa aurinegra, que os levou até a final. O primeiro tempo do sistema defensivo do Dortmund foi impecável. Em um esquema um pouco diferente do habitual, um 4–1–4–1 com Sabitzer e Brandt como meias internos, o time alemão conseguiu anular a criação de jogadas dos espanhóis. O time merengue não teve dinamismo para sair do previsível. Distante e estático, o Madrid não foi além de uma posse de bola horizontal. As tentativas forçadas de bolas longas e a esperança de um lampejo individual não levaram a nada em função dos encaixes bem feitos pelo Dortmund. Bellingham e Rodrygo ficaram sumidos entrelinhas, Vini foi bem acompanhado por Ryerson e Hummels. Para se ter ideia de eficiência defensiva dos aurinegros, Kobel não trabalhou no primeiro tempo todo.

Com a segurança da defesa e as constantes recuperações de bola a partir da intensidade extrema, o Dortmund teve o que precisava para ser muito perigoso em contra-ataques. Fez bons lançamentos para os pivôs de Füllkrug e as arrancadas de Adeyemi, apoiou com bastante gente, trocou passes rápidos e teve profundidade especialmente pelas beiradas. Com este dinamismo e uma rotação física muito acima do adversário, o conjunto aurinegro conseguiu criar quatro chances reais para abrir o placar em Wembley. No entanto, pecou na definição e desperdiçou todas. Em uma final contra o Real Madrid, isto tem seu preço e não é barato. Mesmo dominado na etapa inicial, o time merengue conseguiu ir ao intervalo em igualdade no placar resistindo com as defesas de Courtois, os bloqueios providenciais dos defensores e até certa sorte na bola de Füllkrug na trave. Basicamente, o Dortmund deixou o Madrid vivo.

Sem surpresas para ninguém, o cenário do segundo tempo foi bem diferente do primeiro desde o princípio. Para se ter uma ideia, em três minutos o Real Madrid levou mais perigo ao gol do Borussia Dortmund do que em toda a etapa anterior. Primeiro, na falta cobrada por Kroos aos dois minutos e defendida com muita elasticidade por Kobel. Depois, na sequência do mesmo lance, no escanteio batido também pelo craque alemão e finalizado de cabeça no primeiro pau por Carvajal, elemento surpresa, que tirou tinta do travessão. Cedo, os merengues deram indícios do que viria pela frente.

Com o decorrer da etapa final, o panorama que parecia se estabelecer era o de equilíbrio. O Borussia Dortmund não conseguiu manter o ritmo frenético do primeiro tempo, sem ter a mesma frequência nos contra-ataques, mas ainda teve suas esporádicas chances e continuou seguro na defesa com boa compactação. O Real Madrid, por sua vez, melhorou, teve mais combatividade na pressão pós-perda, se movimentou mais e aproximou mais os setores, mas ainda não encontrava uma ferramenta para ser profundo, alguém que levasse o time a ser perigoso dentro da área a partir de algo construído com bola rolando. Bellingham até tentou, mas não teve eficiência.

Com esta anulação de lado a lado, tudo parecia em calmaria e com o empate como destino. Foi então que, aos 27 minutos, Vinicius Júnior driblou dois marcadores de forma brilhante pela ponta esquerda e cavou mais um escanteio para os merengues. Na cobrança dele, Toni Kroos direcionou perfeitamente a bola para a cabeça de Carvajal, que novamente chegou de “surpresa” no primeiro pau para finalizar. Desta vez, no entanto, o destino da pelota foi o fundo das redes. Com um herói surpresa, o pouco badalado lateral direito espanhol, o Real Madrid abriu o placar aos 28 minutos. E de uma forma que já tinha levado perigo antes, o que mostra desatenção e despreparo da defesa do Dortmund para se prevenir. E como sabemos, em uma final de Champions contra os merengues não pode se cometer este tipo de vacilo.

A partir do gol de abertura do placar, todos os caminhos se abriram para o Real Madrid e a final virou uma verdadeira festa para os merengues. Ao passo em que a confiança do time espanhol aumentou, o Dortmund se perdeu completamente em campo. Com o mental abalado, a equipe aurinegra tentou reagir de qualquer forma, sem seguir os padrões habituais, e acabou cometendo novos erros bobos. Sequer chegou ao ataque com perigo porque, bem cercado pelo Madrid, já perdia a bola no campo de defesa. Não só em desarmes, mas até mesmo em passes errados. Em um deles, Matsen entregou uma bola de graça para Bellingham e o craque inglês tocou para Vinicius Júnior entrar livre na cara do gol e ampliar o placar aos 38 minutos do segundo tempo. O Real Madrid matou o jogo após um período de muita inspiração. Antes mesmo do tento de Vini, boas chances já haviam sido desperdiçadas pelos merengues em lances parecidos com o do gol e em outras bolas paradas bem trabalhadas. Mas o time de Ancelotti não perdoa. Não sairia de uma superioridade avassaladora sem criar uma vantagem irreversível.

Após o segundo gol, Carlo Ancelotti, experiente, resolveu não dar brechas para o azar e optou por fazer substituições que protegessem o Real Madrid defensivamente. Colocou um terceiro zagueiro, Éder Militão, para ajudar a neutralizar as tentativas desesperadas de cruzamento do Dortmund. Funcionou. Colocou Lucas Vázquez para reforçar a marcação pela beirada para impedir os alemães de chegarem ao fundo. Funcionou. Colocou Modrić para segurar bolas no meio-campo e ajudar o tempo a passar mais rapidamente. Funcionou. O Borussia não passou perto de ter uma chance de ao menos descontar no placar. A administração madridista, como esperada, foi competente. Compactação, atenção e imposição nos duelos. Título assegurado pelo Real Madrid!

Apesar das ameaças do desafiante, o favorito venceu. O Real Madrid mostrou mais uma vez porque é o rei da Europa. O plano de jogo do Borussia Dortmund foi bem montado e o time alemão foi realmente superior de forma clara no primeiro tempo. Mas não concretizou isto em gols. Pelo contrário, perdeu quatro grandes chances. Deixou o time de Ancelotti vivo. Imperdoável. Os merengues evoluíram na segunda etapa, ao passo que os aurinegros não mantiveram o ritmo. O cenário que passou a imperar foi o de equilíbrio. E no equilíbrio, os menores detalhes fazem toda a diferença. E ninguém mais que o Real Madrid sabe dominar estes detalhes. Pela grandeza ou pela capacidade dos jogadores e do técnico. Daí que surge o Carvajal como homem surpresa, de uma forma que já havia ameaçado antes do gol e os alemães não perceberam. E os caminhos são abertos para um desfile de Camavinga, Kroos, Bellingham, Vini e companhia. Um dois a zero que, pela reta final inspirada dos merengues, poderia ter se tornado até mais. Sobreduto, a final não deixou a desejar. Alto nível de futebol. Variações. Chances perigosas dos dois lados. E o melhor time se impondo na hora decisiva. O Real Madrid é campeão da UEFA Champions League pela 15ª vez na história!

BORUSSIA DORTMUND: O Borussia Dortmund competiu bem, mas deu brechas imperdoáveis para uma final de Champions contra o Real Madrid. Quando foi melhor no jogo, jogou no lixo quatro chances perigosas de gol. Quando as coisas se equilibraram, deixou Carvajal à vontade nos escanteios e acumulou saídas de bola erradas. Toda a intensidade e bom plano de jogo visto no primeiro tempo não foram mais impactantes que a ineficiência e os vacilos. A campanha finalista do time de Edin Terzić foi linda, mas termina em vice-campeonato. O ídolo Marco Reus se despede sem conseguir trazer o título europeu aos aurinegros. Ele e o clube batem na trave mais uma vez.

REAL MADRID: O Real Madrid foi Real Madrid. O rei da Europa, como tantas vezes em sua brilhante história, soube resistir e sair de um momento delicado para se impor na hora decisiva. É inegável que os merengues foram bem inferiores ao Dortmund no primeiro tempo, mas ainda assim souberam sair vivos com Courtois, a trave, os defensores e até a sorte ajudando. Na segunda etapa, com uma clara evolução, o Madrid soube equilibrar o jogo e se impor nos detalhes. Desestruturou o rival quando abriu o placar e transformou a final na festa que esperava. 15 títulos europeus.

ARBITRAGEM: O esloveno Slavko Vinčić e sua equipe tiveram um desempenho muito correto em Wembley. O árbitro manteve o controle do jogo ao coibir entradas duras e não cometeu nenhum erro relevante. O bandeirinha Tomaž Klančnik anulou bem o que seria um gol de Füllkrug por impedimento ajustado. Sem dúvidas, a arbitragem esteve no nível da final e colaborou com a partida.

FICHA TÉCNICA:
🗒️ BORUSSIA DORTMUND: Kobel; Ryerson, Hummels, Schlotterbeck e Maatsen; Emre Can (Malen), Sabitzer e Brandt (Haller); Sancho (Bynoe-Gittens), Adeyemi (Reus) e Füllkrug. Técnico: Edin Terzić.
🗒️ REAL MADRID: Courtois; Carvajal, Rüdiger, Nacho Fernández e Mendy; Camavinga, Valverde, Kroos (Modrić) e Bellingham (Joselu); Rodrygo (Éder Militão) e Vinicius Júnior (Lucas Vázquez). Técnico: Carlo Ancelotti.
⚽ Gols: Carvajal e Vinicius Júnior (Real Madrid)
👟 Assistências: Kroos e Bellingham (Real Madrid)
🟡 Cartões amarelos: Schlotterbeck, Sabitzer e Hummels (Borussia Dortmund) | Vinicius Júnior (Real Madrid)
🔴 Cartões vermelhos: ❌
👨‍⚖️ Árbitro: Slavko Vinčić (Eslovênia)
🏟️ Local: Estádio de Wembley, Londres-ING

BOLA DE OURO DO JOGO: Eduardo Camavinga/Real Madrid | FOTO: X/Reprodução

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Jonathan da Silva
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Written by Jonathan da Silva

A visão jonathanista das coisas. Colorado apaixonado por esportes. Estudante de jornalismo. 23 anos de idade.

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